No dia 15 de julho, a Casa do Saber, em São Paulo, recebeu mais um time de especialistas para o segundo debate do projeto O Brasil que o Brasil Quer, que nesta edição se debruçou sobre o tema Infraestrutura Inteligente.
O debate contou com três grandes nomes do setor: Guilherme Mendonça, vice-presidente sênior da divisão Energy Management da Siemens; Gesner Oliveira, professor de Economia da Fundação Getúlio Vargas, e Ralph Lima Terra, vice-presidente da Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base (ABDIB).
Um panorama do cenário atual
O Brasil precisa investir em infraestrutura urgentemente. Este foi o consenso entre os especialistas do debate. Dados recentes apontam que, no Brasil, 85% da população vivem em cidades. No mundo, esse número é de 50%, o que torna questões como mobilidade e energia preocupações de primeira grandeza.
Na questão da mobilidade, basta olhar o trânsito nas grandes cidades: tempo e qualidade de vida perdidos diariamente. “Um estudo da FGV apontou que, em 2012, a cidade de São Paulo perdeu o equivalente a R$ 40 bilhões entre combustível e manutenção de veículos parados em congestionamentos mais as horas de trabalho não executadas por estarmos no trânsito. Estes R$ 40 bilhões equivalem a 1% do PIB somente com esse problema na cidade de São Paulo”, explica o vice-presidente sênior da divisão Energy Management da Siemens, Guilherme Mendonça.
Para o professor Gesner Oliveira, da FGV, “o conjunto dos segmentos de infraestrutura – incluindo rodovias, portos, aeroportos, saneamento – está muito defasado. É absolutamente incompatível com nossa diversificação industrial e nosso desejo de crescimento.”
Ralph Lima Terra, da ABDIB, acredita que os desafios são extremamente abrangentes, mas que um deles é fundamental: a financiabilidade. “O Estado, cada vez mais, tem menos capacidade de aportar recursos para os investimentos industriais e em infraestrutura. Então cabe ao setor privado, em determinadas condições, cumprir esse papel, trazendo recursos para a expansão de infraestrutura”, afirma.
Atualmente, apenas 2% do PIB brasileiro são investidos em infraestrutura, ao passo que a China investe mais de 8% do PIB e o Vietnã, mais de 15%.
PPPs: uma solução real
As PPPs (parcerias público-privado) são um caminho que já se mostrou bem-sucedido para amenizar os problemas de infraestrutura no País. “Essas parcerias têm sido importantes no mundo inteiro. O privado traz a expertise daquele setor – que ele conhece muito bem –, além do planejamento e da gestão”, explica Gesner Oliveira.
Guilherme Mendonça cita um caso de sucesso de uma PPP. “Temos uma situação de bastante desafio no País, mas não podemos esquecer daquilo que é bem-sucedido. O projeto da linha 4-Amarela do Metrô, em São Paulo, a primeira PPP de serviços metroviários, traz o sistema driverless (sem condutor), diminuindo bastante o tempo entre um metrô e outro, e reduzindo o consumo de energia em até 20%”, aponta.
Para Ralph Lima Terra, a grande solução está nas parcerias: “Os investimentos através das PPPs devem focar em metrôs e sistemas de deslocamento de superfícies, além da malha ferroviária. No entanto, é preciso criar regras para atrair o investidor privado e mantê-lo seguro sobre seus investimentos. É uma questão de sobrevivência para o Brasil, senão vamos ficar para trás nesse mundo globalizado”, finaliza o vice-presidente da ABDIB.
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