Os custos com energia elétrica estão entre as três principais despesas do varejo, e não é de agora que redes varejistas investem na melhoria da eficiência energética para compensar os aumentos da eletricidade, que ultrapassaram 50% no acumulado dos últimos três anos. A novidade é que muitas empresas estão investindo também em projetos de geração distribuída para aproveitar as novas regras da resolução normativa 482/2012, que estabelece um sistema de compensação de energia elétrica para quem investir em geração sustentável para uso próprio. “Até o final deste ano devemos ter 100% do consumo energético de um de nossos três centros de distribuição, localizado na Grande Goiânia, em Goiás, fornecido por 588 placas fotovoltaicas instaladas na cobertura do prédio”, diz Carlos Henrique Queirós, diretor de expansão da PagueMenos, rede varejista de farmácias que possui mais de 900 lojas em 300 municípios do Brasil.
O exemplo da PagueMenos é apenas um dos muitos de geração distribuída que começam a ser vistos pelo País. “A tendência é mesmo os projetos de GD se fortalecerem no comércio, uma vez que as tarifas de energia são muito impactantes para os varejistas que, em geral, trabalham com margens apertadas”, diz Guilherme Mattos, gerente comercial da divisão Power & Gas da Siemens Brasil. A própria PagueMenos já tinha anunciado em meados do ano passado um projeto de aluguel de plantas de geração distribuída de um condomínio solar instalado no município de Limoeiro do Norte, no interior do Ceará. Em sua primeira fase, o megaempreendimento utiliza 3.420 placas fotovoltaicas, com potência total instalada de 1 megawatt (MW), capacidade suficiente para abastecer 900 residências.
Construído e operado pela Prátil, empresa de soluções pertencente à multinacional Enel, o projeto do condomínio solar recebeu investimentos de R$ 7 milhões. Para a PagueMenos, o empreendimento vai gerar 1.750 megawatts/hora (MWh) por ano durante 15 anos, que irão atender a 40 lojas da rede no Ceará. Com isso, a cadeia de farmácias cearense projeta uma economia de 11% a 15% nos gastos mensais de uma farmácia. “Uma loja gasta em média de R$ 5 mil a R$ 8 mil em energia elétrica. Com esses projetos, a economia pode ser bastante significativa, não apenas para cada farmácia como também para todo o grupo”, complementa Queirós.
Mas a preocupação dos varejistas não é apenas com a economia gerada. O receio de uma eventual nova crise energética e a consciência ambiental também são outros motores desse movimento. “Há pouco mais de dez anos iniciamos projetos para diminuir nosso impacto no meio ambiente. Agora, além dessas iniciativas de geração distribuída por meio de placas solares, que também nos mantém blindados caso aconteça uma nova crise de energia, estamos estudando outras fontes renováveis, como energia eólica e filmes fotovoltaicos”, complementa o diretor de expansão da PagueMenos.