Muito se tem falado sobre a Geração Y, ou os Millennials. Desde que estes jovens chegaram ao mercado de trabalho, eles vêm sendo rotulados como imediatistas, ansiosos e superficiais. Ao olhá-los, e ouvi-los, mais de perto, se vê que as coisas não são bem assim: eles assumem alguns dos rótulos, como a ansiedade, mas rejeitam outros.
A geração Millennial é aquela nascida a partir dos anos 80 e, portanto, a primeira criada com facilidades tecnológicas como computadores, internet, smartphones e redes sociais. Em 2012, eles representavam cerca de 20% da população global. Para entende-los, a Siemens reuniu 10 deles em um encontro onde eles contaram suas histórias, falaram de suas trajetórias pessoais e profissionais e mostraram que sabem para onde querem ir.
Trajetórias
Bruna Tarraf Maldonado
Trabalhando na Siemens desde janeiro deste ano, Bruna é estagiária no PDT (Programa de Desenvolvimento de Talentos) da empresa. Ela é de Campinas, onde fez parte do ensino médio. “Outra parte eu fiz na Suíça, o que deve ter me aberto outras portas. Aperfeiçoei meu inglês, tive contato com pessoas do mundo todo e amadureci muito”, argumenta. Estudante de Administração nas Faculdades de Campinas (Facamp), ela buscou o estágio em empresas como Siemens, Natura e Itaú. Escolheu a primeira por achar que uma multinacional traria mais experiências. “Tem sido muito legal. No começo achei que a faculdade era balela, mas agora vejo que estou sendo bem preparada, mais do que eu imaginava”, revela.
Guilherme Alves
Com 23 anos e formado em Engenharia Elétrica, Guilherme foi efetivado na Siemens em janeiro deste ano, depois de dois anos de estágio. Atua como especialista de Produtos da Digital Factory. No ensino médio, ele via o pai, que cresceu e fez carreira na mesma empresa, como um profissional politicamente correto. “Eu queria algo a mais”, diz. Na mesma época, conversava com professores e descobriu que, mesmo fazendo um curso mais técnico, poderia se tornar um gestor. Com esse objetivo, se inscreveu no programa de estágio da Siemens. “Passei na Siemens e na Braskem. Estudei as duas empresas e vi que aqui eu poderia me envolver com a gestão. Foi aqui que comecei a aprende a priorizar, delegar, conhecer pessoas. A Siemens é uma escola profissional. Gosto muito de a empresa ser flexível, que sabe se rejuvenescer e se adaptar”, ressalta.
Marcelo Lopes Moreira
Aos 27 anos, três na Siemens e atualmente atua como engenheiro de Produto, o carioca Marcelo fez o ensino médio na Escola de Aplicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A experiência fez com que decidisse estudar em uma universidade que não fosse tão grande. Acabou na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) no que ele afirma ter sido uma das melhores escolhas de sua vida: se desconectou da família e começou a se virar sozinho. Como estudava à noite, aproveitava o dia para trabalhar nas empresas júnior da universidade. Era presidente de uma delas quando iniciou seu estágio na Siemens. “Acabei entrando em uma área bem diferente da que eu queria – gerenciamento de projetos – e acabei me apaixonando. Tento me desenvolver em gestão em geral e em coisas que não aprendemos na faculdade”.
Leonardo Dias
Com 24 anos e na Siemens desde 2012, Leonardo foi recentemente efetivado como Analista de Controladoria de Negócios e se prepara para voos mais altos: em novembro vai para a Itália, trabalhar em uma das fábricas da companhia. Mas o caminho não foi sempre tão claro. Ele chegou ao final do ensino médio sem saber ao certo que profissão escolher. No último instante, escolheu Administração e se surpreendeu. “Me identifiquei com as matérias de Exatas e hoje trabalho na área financeira”, confessa. Ele esclarece que ali consegue unir dois mundos – números e gestão – e, principalmente, ver onde seu trabalho contribui para o negócio. “Fui efetivado e aprendi a me identificar com a companhia”, afirma, lembrando que a empresa lhe proporcionou a possibilidade de uma carreira internacional de forma clara.
Milena Martinelli Lopes
Aos 22 anos, Milena está na Siemens desde o início do ano e foi efetivada em maio. Ela lembra que fez questão de trabalhar assim que terminou o ensino médio e começou o curso de Engenharia de Gestão na Universidade Federal do ABC (UFABC). Na época, trabalhava em uma fábrica de software. Depois foi para a Ford, onde trabalhou um ano, emendando um curso de Ciência da Computação na Inglaterra. Na volta, se inscreveu em diversos programas de estágio, passando na Siemens, Procter&Gamble e Microsoft. “Achei que aqui eu teria mais oportunidades”, considera a profissional do departamento de TI da companhia e participante de um projeto da Universidade da Escócia, voltado para mulheres na área de tecnologia.
Breno Jacome de Freitas
Há oito anos na Siemens, e 30 de idade, Breno é um dos mais velhos entre os Millennials e hoje atua como desenvolvedor de negócios para Digital Grid. Ele lembra que, no final do ensino médio, tinha como opção de curso superior Física Médica. Mudou de ideia depois de uma visita a uma faculdade de Medicina e acabou fazendo Engenharia de Automação e Controle na Universidade Estadual Paulista (Unesp-Sorocaba). Nas férias, fazia cursos fora do País para aprimorar idiomas como inglês e alemão. Entrou na Siemens como estagiário em 2008 e, no ano seguinte, foi efetivado, iniciando em seguida um MBA na Fundação Getúlio Vargas. “Em 2013 entrei no programa de trainee, que nos dá a oportunidade de trabalhar em coisas com as quais não trabalhamos no dia a dia. A partir daí tive oportunidade de trocar de área: saí da área técnica e assumi marketing e estratégia da minha unidade. Agora me convidaram para área de software”, comenta.
Catarina Squillante Pereira de Almeida
Catarina tem 21 anos, está na companhia há um ano e hoje é analista financeiro de Propostas Jr. Quando estava na escola, sonhava ser veterinária, mas com a proximidade da hora de decidir resolveu pesquisar o mercado. Acabou ingressando no curso de Administração da Pontifícia Universidade Católica (PUC) em 2013. Começou a trabalhar na primeira semana de faculdade, inicialmente em um grande banco, mas a experiência não foi boa. “Comecei a prestar vários processos e em nenhuma das empresas que eu prestei eu me identifiquei tanto quanto aqui. Quando entrei na minha área, meu gestor também era novo. Lá eu me descobri, me apaixonei pela Siemens. Aqui consegui identificar a interdisciplinaridade entre a faculdade e a empresa”, explica.
Ana Claudia de Souza Queiroz
Com 24 anos, Ana está há um ano na Siemens e é estagiária no PDT (Programa de Desenvolvimento de Talentos), passando pela segunda área dentro da empresa. No ensino médio, ela se lembra de querer ser igual a sua tia que, mesmo em uma família conservadora, estudou, fez pós e se tornou executiva. “Isso me fazia brilhar os olhos e eu queria ser igual a ela”, exalta. Mas faltava encontrar a profissão certa. Inicialmente ela achou que fosse Comunicação, tentou a Universidade de São Paulo (USP), não passou e decidiu fazer um curso técnico em Marketing, com dois anos de duração. Aí a escolha recaiu sobre pesquisa na área de marketing, mas faltava uma graduação. Ana acabou fazendo Administração na Unicamp de Limeira, onde viveu sozinha por dois anos. No terceiro ano, concorreu a uma vaga de estágio na Siemens. “Não conhecia a empresa, mas o processo seletivo me comprou. Entrei em 2015, na área de conversores de Jundiaí. Em julho, tive a oportunidade de trabalhar com gerenciamento de projetos, onde estou há dois meses. O legal daqui é a oportunidade de mudar sem precisar sair da empresa”.
Yagho Abrahao Prudente de Toledo
De Taubaté, Yagho sempre trabalhou com o pai, dono de uma loja de equipamentos para comércio e de uma oficina. Durante o ensino médio, Yagho fez um curso de informática e estudou inglês. Na hora de escolher uma profissão, achou que seria Direito mas, na última hora, decidiu fazer Relações Internacionais. Passou na Facamp e conseguiu uma bolsa de estudos. “Ter entrado lá foi uma experiência bacana. Eu era o único que nunca tinha viajado para fora e nunca tinha morado fora da casa dos pais”, lembra. No final do curso, se inscreveu em vários programas de estágio e escolheu a Siemens, ao mesmo tempo em que começava o curso de Economia. “Minha formação é muito genérica, por isso alguns treinamentos técnicos foram fundamentais para que eu desempenhasse minhas atividades. Meu gestor me dava uma autonomia tremenda e isso me permitiu entregar o que era pedido e me envolver em outros projetos”, revela, lembrando que hoje é analista de controladoria de negócios na empresa.
Convivência
É de se imaginar que uma geração que chega bem formada e com a segurança de quem já nasceu utilizando computadores, tenha conflitos com as gerações anteriores, que tiveram que se adaptar às mudanças. Yagho reconhece as diferenças. “Nós somos um desafio para as gerações anteriores a nossa. Nos formamos em um momento econômico e político muito diferente de nossos pais e chegamos na empresa mais escolarizados e mais ansiosos”.
Mas isso não significa conflito. Ao contrário. Para Catarina, é uma troca. “As pessoas mais experientes têm o conhecimento e a gente tem a vontade de aprender. A gente tem muita vontade de fazer tudo, as vezes ao mesmo tempo”, lembra. Ela assegura que não é possível fazer tudo sozinho, mas provoca: “eles precisam da nossa cabeça para mudar para melhor”.
Para Guilherme, os eventuais conflitos ocorrem da dificuldade que algumas pessoas têm de conviver com visões diferentes. Ele acredita que os Millennials aceitam e lidam melhor com as diferenças. Bruna concorda e diz que a colaboração é um desafio. “Aceitar a gente é um desafio”, relata.
Mas um desafio que, vencido, traz resultados incríveis. Leonardo conta que, durante seu estágio, trabalhou com uma pessoa que tinha 36 anos na empresa e que a convivência foi fantástica. Marcelo acredita que as diferenças são normais, em todas as gerações. “Até os 25 anos vivemos muitas transformações. No momento em que começamos a trabalhar e nos estabilizar, essas mudanças e as diferenças, vão diminuindo”, comemora.
Outra característica atribuída a eles, e reconhecidas por alguns, é a ansiedade e o imediatismo. Catarina concorda que alguns deles são assim. “Tem gente que acha que a carreira é um elevador, mas é uma escada”, analisa.
Guilherme, por outro lado, não nega a fama de imediatista. “Há uma razão para isso. Antigamente, era possível sustentar uma família com um subemprego. Hoje não. Somos assim porque o mercado é assim. Somos avessos à comodidade”, reconhece.
“Não discordo que somos ansiosos. Mas acredito que a empresa tem plenas condições de aproveitar isso. A Siemens tem feito isso com excelência. Se digo que trabalho aqui para o meu pai, ele pergunta quanto eu ganho. Se conto para um amigo, ele pergunta o que eu faço”, compara Yagho.
Mas essa é uma postura que não se vê em todas as empresas. Breno reconhece que o clima encontrado na Siemens não é o padrão do mercado. “Hoje achamos mais resistência do mercado do que dos colegas”, avalia.
Qualidades
Ao mesmo tempo em que aceitam algumas características, eles fazem, questão de lembrar que elas não são sinônimo de falta de preparo ou de comprometimento. Ao contrário, representam comprometimentos mais profundos. “Para mim é impensável trabalhar em uma empresa que aceita preconceito”, observa Yagho.
Ana concorda e lembra que começou a trabalhar aos 23 anos não porque se divertia, mas porque estava se preparando. “Muitas pessoas nos veem pela internet, mas aquele mundo não é real”, constata Marcelo.
Tanto é assim, que estes jovens compartilham pontos em comum com as gerações anteriores. Yagho confirma ter os mesmos valores de seus pais. Já Ana Claudia destaca a persistência e a vontade de buscar sonhos. Os sonhos, aliás, são o ponto convergente.
“O propósito de cada geração é o sonho, o que muda é o meio de alcançar. As vezes isso pode causar algum tipo de conflito”, confessa Catarina. “Nós valorizamos o trabalho, mas buscamos trabalhar com qualidade. A base é a mesma”, conclui Leonardo.
Na foto, da esquerda para a direita: Leonardo Dias, Ana Claudia de Souza Queiroz, Guilherme Alves, Catarina Squillante Pereira de Almeida, Yagho Abrahao Prudente de Toledo, Bruna Tarraf Maldonado, Breno Jacomo de Freitas e Marcelo Lopes Moreira