Quanto maior o nível de automação industrial, maior a capacidade de a empresa adotar a conectividade para gestão e controle do processo produtivo. No caso da indústria de papel e celulose não há robôs gigantes, como nas montadoras de automóveis, mas há uma grande necessidade de controle de processos, de forma a reduzir o custo operacional e se tornar competitivo dentro deste mercado.
Não é de hoje que essa indústria tem buscado tornar mais eficientes suas linhas de produção. Desde a década de 1990, com o desenvolvimento e a consolidação do mercado de papel e celulose no Brasil, as fabricantes vêm desafiando desenvolvedores em busca de melhores resultados.
A CMPC Celulose Riograndense é uma das que já desfruta dessas iniciativas. Segundo José Wilhelms Ventura, diretor industrial da empresa, “o próprio crescimento das fábricas demandou essa evolução tecnológica na unidade produtiva”. Quem assina a arquitetura do processo produtivo da empresa é a alemã Siemens, uma das pioneiras no conceito de Indústria 4.0 em todo o mundo.
“Antigamente as fábricas eram pequenas, então era mais fácil manter o controle de todos os processos”, explica Ventura. “Hoje, as unidades estão imensas, a tecnologia passa a ser necessária.” Atualmente, são 640 funcionários na parte industrial da CMPC tomando decisões à frente dos painéis que mantêm a fábrica no piloto automático – a maior parte da equipe fica no monitoramento dos processos.
Assim como toda commodity, o papel e a celulose são precificados pelo mercado – sai na frente a empresa que conseguir o melhor custo operacional. Para isso, redução de erros, economia de energia, monitoramento constante e controle de produção se tornam itens de primeira necessidade.
O Brasil é um dos principais competidores no setor de papel e celulose do planeta. No primeiro bimestre deste ano, a exportação dos dois produtos representou, sozinha, 3,8% do total exportado pelo País. Foram produzidos 2,5 milhões de toneladas de celulose e mais 1,7 milhão de toneladas de papel.
Manter essa posição não seria possível sem a adoção de novas ferramentas, mais automatizadas e com forte apelo de redução de custos. “O segmento vem adotando soluções de vanguarda, no campo da automação e da tecnologia de informação, de forma progressiva”, diz Gerson Moita, gerente de automação da Pöyry, líder em consultoria e projetos de engenharia para indústria de papel e celulose.
O esforço tecnológico acaba coroado com ganhos significativos de produtividade, qualidade e eficiência. Moita sinaliza que, nos projetos trabalhados pela Poyry, que atende gigantes como Fibria, Suzano e Klabin, houve aumento de produção, melhoria nos índices de qualidade com redução de produtos fora de especificação e redução no uso de insumos. “Todos esses ganhos melhoram a competitividade dos produtores nos mercados nacional e internacional”, afirma.
Ferramentas
Entre as ferramentas mais utilizadas pela indústria de papel e celulose estão os sistemas digitais de controle, que aparecem associados aos sistemas de informação e de gestão de negócios.
A CMPC usa praticamente tudo o que tem sido ofertado a esse mercado. Os mecanismos de gestão, compostos pelo Sistema Digital de Controle Distribuído (SDCD) e os Controladores Lógicos Programáveis (CLP), mantêm todas as unidades produtivas sob uma mesma gestão. Já os sistemas de informação permitem que todos os dados históricos de produção e desempenho sejam constantemente analisados e atualizados. Por fim, são as ferramentas de planejamento de recursos empresariais (ERP, sigla em inglês para Enterprise Resource Planning) que conectam a comercialização às linhas de produção. Todas as fases, da produção até o enfardamento, se mantêm integradas e automatizadas.
“Essa integração das plataformas dentro dos diversos níveis da automação só é possível graças à adoção de protocolos de comunicação cada vez mais abertos”, lembra Moita. Ferramentas de medição, sensores e microprocessadores garantem o funcionamento pleno dos instrumentos.
Até a simulação de unidades produtivas tem sido utilizada para capacitação da equipe. “Estamos utilizando fábricas virtuais para o treinamento de operadores e para os testes dos sistemas de controle da planta, propiciando um período de aprendizado mais curto e uma redução no tempo de partida da planta”, lembra Moita.
Ventura, da CMPC confirma. A adoção dos simuladores tem economizado um dos ativos mais preciosos para a indústria hoje – o tempo. “Antigamente, precisávamos contratar as pessoas, dar treinamentos, fazê-las ler um manual de 800 páginas. Levava tempo até que tivessem domínio total do processo produtivo. Hoje a aprendizagem é muito mais rápida – o manual continua lá, mas agora em segundo plano”, conta Ventura.
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