Março é o mês das mulheres e ocasião para destacar as ações que promovem o empoderamento feminino numa sociedade que, ainda hoje, precisa melhorar a igualdade de oportunidades para homens e mulheres. Uma dessas iniciativas é a Academia de Liderança para Mulheres do Agronegócio, um projeto da Corteva Agriscience em parceria com a Associação Brasileira de Agronegócio (Abag) e Fundação Dom Cabral (FDC).
Trata-se de programa piloto que teve início no mês passado com 20 mulheres em posição de destaque no campo. O objetivo do curso é dar ao grupo repertório e promover o protagonismo feminino no setor. “Elas são extremamente capacitadas, mas ainda têm pouco espaço nas estruturas de poder que são formatadas de um jeito masculino”, diz Maria Elisa Brandão Bernardes, professora de estratégia da FDC. Conheça abaixo a história de duas alunas da Academia.
Escolha certa
Luana Belusso (foto acima), 29 anos, é uma das mais novas. Ao terminar o segundo grau, a mato-grossense não teve dúvida sobre qual profissão escolher. “Na época pensei: ‘Meu pai tem fazenda, dá um bom lucro, por que eu vou começar do zero, se eu posso continuar o que ele construiu?”, relembra. A indagação a levou a optar por agronomia, mas a decisão não agradou ao patriarca, que insistia para ela cursar a faculdade de Direito.
Convicta, ela seguiu com os estudos. Depois de formada, foi trabalhar com o pai. Mas houve muito choque de ideias e Luana resolveu procurar outro emprego. “Trabalhei por sete meses em uma revenda [agropecuária] em Sorriso. Lá, eu percorria toda a região, fazia visitas a produtores e constatei que há muitas maneiras de fazer a mesma coisa. Sempre pensava: se meu pai fizer desse jeito, será que dá certo?”, diz
Passado um tempo, Luana deu um xeque-mate no pai. “Eu fiz agronomia para trabalhar para você, queria saber se eu posso voltar?”, indagou. O pai deu aval e ela regressou. Naquela época, sr. Belusso se dedicava muito ao dia a dia da fazenda e estava deixando a parte administrativa e financeira de lado.
A agrônoma decidiu assumir a função e implementou várias mudanças. “Meu pai sempre foi cliente de uma revenda, mas comecei a cotar preço, ver se alguma outra loja não vendia por um valor mais barato”, diz. Hoje, ela e o irmão tocam a propriedade da família, uma fazenda em Nova Ubiratã (MT) com 2.500 hectares dedicados ao plantio de soja, milho, arroz e feijão. “Meu pai está passando o bastão para nós. Percebemos a confiança, tanto que – em plena colheita – ele foi viajar”, diz.
As reviravoltas do destino
A fisioterapeuta Elaine Guimarães (foto ao lado) cresceu indo com o pai para a fazenda, mas nunca havia pensado em trabalhar na propriedade da família até que viu o patriarca em apuros, precisando de ajuda. “Eu trabalhei um pouco na minha área, mas fiquei frustrada com o andar da carruagem da profissão”, lembra.
Naquela época, sr. Getúlio – pai de Elaine – não estava dando conta de tocar a área destinada à pecuária leiteira da fazenda Santa Fé, uma propriedade rural localizada em Uberlândia (MG). “A parte de grãos começou a tomar uma outra proporção e ele não conseguia mais cuidar das duas coisas”, conta.
Elaine assumiu o desafio e, mesmo sem conhecimento no segmento, começou a tocar a atividade. No início, ela esbarrou com o receio dos colaboradores, que temiam que a novata não fosse dar conta. Mas ela tirou de letra. “Aprendi com os funcionários, fui pegando amor pelo negócio, comecei fazer cursos, me especializar e ajudar cada vez mais meu pai”, diz.
Hoje, se diz realizada. Ela e um dos irmãos são o braço direito do patriarca nos negócios da família, atualmente voltados à pecuária de corte e ao plantio de milho, soja, trigo e sorgo em 3.600 hectares. Elaine dedica boa parte de seu tempo à área financeira e ao setor de comercialização de grãos.