Quase duas mil participantes, um recorde de público. Esse foi o resultado do 4º Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio (CNMA), que aconteceu na capital paulista, nos dias 8 e 9 de outubro. Organizado pelo Transamérica Expo Center com o apoio da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), o evento tem como objetivo destacar a participação feminina no campo e promover a troca de experiência entre produtoras rurais de todo o País.
A Corteva Agriscience foi uma das maiores patrocinadoras do CNMA e teve participação ativa na programação do evento. Logo no primeiro dia, por exemplo, a empresa apresentou ao público o estudo realizado no ano passado sobre as mulheres no agronegócio. Além disso, no estande da companhia, diversas ações foram desenvolvidas com o tema “Juntas, inspiramos o melhor do agronegócio”, conceito que será trabalhado durante todo o mês de outubro, quando se comemora o Dia Internacional da Mulher Rural (15 de outubro).
Direto do evento, a diretora de Comunicação Corporativa da Corteva para a América Latina, Vívian Bialski, conversou com a TV Estadão sobre a importância da pesquisa. “Nós queríamos entender onde estavam os maiores gaps em relação à atuação das mulheres do agro. Entender para poder atender”, explicou.
O estudo entrevistou 4.300 produtoras rurais em 17 países, entre eles, o Brasil. A constatação foi que 90% das brasileiras têm orgulho de trabalhar no setor agropecuário. No entanto, 78% das entrevistadas afirmaram existir discriminação de gênero e 50% delas responderam ganhar menos que um homem na mesma função. Esse percentual, inclusive, é maior que a média dos demais países, que foi de 40%.
A pesquisa também trouxe à tona a “sede” da mulher do agro por mais conhecimento: 89% delas disseram que gostariam de ter mais acesso a treinamentos.
Capacitação e liderança
Foi a partir dessa demanda que a Corteva desenvolveu a Academia de Liderança para Mulheres do Agronegócio, um programa de treinamento realizado em parceria com a Abag e a Fundação Dom Cabral (FDC), instituição com expertise na educação para executivos. A primeira turma, cuja formatura aconteceu na noite de 8 de outubro, durante o CNMA, contou com 20 participantes.
O programa contou com três módulos. O primeiro focou em macroeconomia – a ideia era que o grupo entendesse os impactos das políticas econômicas e das relações internacionais no dia a dia da propriedade rural. O segundo foi direcionado à temática do agronegócio Brasil, ou seja, os reflexos porteira adentro das políticas públicas, decisões do governo e oferta de crédito.
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O terceiro e último módulo abordou a liderança feminina. “Trabalhamos a mulher como líder, a mulher que pode se posicionar e ocupar espaço”, afirmou Rosemeire Santos, gerente de Relações Governamentais da Corteva e responsável pela Academia de Liderança para Mulheres do Agronegócio, em entrevista à TV Estadão. “Tudo isso refletiu nas atitudes delas, que foram para sindicatos rurais, foram defender a imagem do agro, foram para escolas falar que as mulheres podem trabalhar no setor”, complementou Rosemeire.
Uma das participantes da 1ª Academia de Liderança para Mulheres do Agronegócio foi a engenheira agrônoma Fernanda Favoreto, 40 anos. Filha, neta e bisneta de produtores rurais, a paranaense hoje está na região de Catalão, em Goiás, onde se dedica à produção de grãos: soja, milho e feijão.
Fernanda se divide para tocar dois negócios: a fazenda própria e as propriedades da família. “Atuo sempre na área de campo, comercialização e parte financeira”, diz a produtora rural.
Criada numa família em que pai, mãe e avó estavam sempre trabalhando na fazenda, Fernanda diz ter sido natural seguir o caminho profissional dos pais. “Depois da Academia, percebi que era importante a mulher se posicionar. Muitas vezes, a mulher responde que é filha de produtor, esposa de produtor e não tem coragem de dizer que é produtora rural”, diz. “Mas a partir do momento que você se posiciona, as pessoas a respeitam”, diz a engenheira agrônoma, que também marcou presença no CNMA. Veja abaixo entrevista completa com a produtora.