No início deste mês, a Corteva AgriscienceTM – empresa resultante da fusão das soluções agrícolas da Dow Chemical e da DuPont e que até o mês passado era a divisão agrícola da holding DowDuPont – concluiu seu processo de separação e se tornou uma empresa independente. A nova companhia abriu capital na Bolsa de Nova York (NYSE, na sigla em inglês), e as ações, identificadas como “CTVA”, começaram a ser negociadas ontem. “A partir de agora, eremos uma empresa com recursos 100% dedicados para investimento no agro. Isso trará mais autonomia e flexibilidade para o direcionamento de nossos recursos”, diz Roberto Hun, presidente da Corteva Agriscience para o Brasil e Paraguai.
A trajetória da Corteva Agriscience rumo à independência foi marcada por uma série de etapas. No dia 31 de agosto de 2017 foi concluída a fusão entre a Dow Chemical e a DuPont, que resultou na holding DowDuPont, listada na Bolsa de Nova York com a sigla “DWDP”. Em março do ano seguinte, a empresa anunciou no mercado global a nova marca da divisão agrícola, a Corteva. O nome é fruto da combinação da palavra “cor”, que vem de coração, e “teva”, que significa natureza, ou seja, coração da natureza. O processo de integração e de construção da cultura da futura companhia foi o mote do primeiro ano da marca. “Reconhecemos o passado das empresas que nos formaram e o quanto foi importante para ocuparmos a atual posição no setor, mas a Corteva tem um posicionamento diferente”, explica Hun.
A Corteva nasce
com o propósito
de melhorar
vidas no campo
e nas cidades
Ele se refere ao propósito da companhia: “Enriquecer a vida daqueles que produzem e daqueles que consomem, garantindo o progresso das próximas gerações”. De acordo com Hun, a Corteva irá manter um canal de diálogo sobre o setor e sobre suas soluções. “Queremos ser uma empresa ágil, aberta e conectada com as necessidades do campo e das cidades, trazendo soluções ainda mais seguras e sustentáveis para uma população em crescimento”, acrescenta.
A nova empresa
A Corteva Agriscience tem sede em Wilmington (Delaware, Estados Unidos) e dois escritórios globais nas cidades de Indianápolis (Indiana, Estados Unidos) e Johnston (Iowa, Estados Unidos). No Brasil, a empresa tem sede em Alphaville (Barueri, São Paulo) e outras 21 unidades em diferentes regiões do País, sendo que 10 são voltadas para Pesquisa & Desenvolvimento.Atualmente,possui dois mil funcionários e um amplo rol de produtos que resulta da integração de portfólios da Dow AgroSciences, DuPont Proteção de Cultivos e Pioneer Sementes, marcas que juntas somam mais de 200 anos de história de atuação junto ao produtor rural e para a produção de alimentos. “O nosso grande diferencial está em nosso portfólio integrado, que oferece uma vasta gama de soluções em um único pacote”, diz o presidente. “É um dos mais completos do mercado,e recentemente lançamos a marca BrevantTM, que forma junto com a Pioneer – a plataforma de sementes da empresa”, explica Hun.
Nosso grande diferencial
está em nosso portfólio
integrado, um dos mais
completos do mercado”
Roberto Hun, presidente
da Corteva Agriscience
O Brasil é peça-chave para a Corteva. O País é o maior mercado da América Latina e o segundo maior no âmbito global, atrás apenas dos Estados Unidos.“Considerando que Corteva Agriscience tem o objetivo de ser uma máquina de inovação, o Brasil tem um papel importante no nosso plano de crescimento para os próximos anos”, diz Hun.
Parceria estratégica
No fi nal de abril, a Corteva Agriscience assinou um Termo de Compromisso com a Embrapa para desenvolver pesquisas utilizando a técnica de edição genômica Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats (CRISPR). Trata-se de uma técnica que permite eliminar genes com características indesejadas, melhorando as propriedades nutricionais de uma planta ou proporcionando mais resistência a determinadas condições climáticas ou a pragas.
A técnica permite o desenvolvimento de variabilidade genética semelhante ao que poderia ser obtido pelo melhoramento clássico ou outros processos da natureza,diferenciando-se da transgenia por não envolver a adição de genes de espécies que não sejam da própria planta. O convênio firmado entre Embrapa e Corteva prevê a utilização da técnica CRISPR para desenvolver variedades de soja tolerantes à seca e resistentes a nematoides. A parceria também engloba pesquisas na área de agricultura digital, ter mo que designa a análise de dados gerados por softwares, sensores, drones, satélites, que permitem ao agricultor tomar uma melhor decisão sobre como proceder na sua lavoura.
Convênio entre Embrapa
e Corteva engloba técnica
de edição gênica e
pesquisas em agricultura
digital para o aumento da
produtividade no campo
Nesse segmento, a empresa traz no seu portfólio a agrotech, nome dado às startups do agro, Granular. Trata-se de uma empresa localizada no Vale do Silício, nos Estados Unidos,com ferramentas para gestão da propriedade rural, que permitem ao fazendeiro acompanhar em tempo real a produtividade da lavoura. “Já estamos trabalhando num projeto-piloto para alguns clientes do Brasil”, diz Hun. Neste momento, a Granular tem feito o monitoramento e identificação de zonas para tratamento nos agricultores parceiros. “Mas queremos ampliar os serviços no segundo semestre de 2019, usando big data para ajudar nossos clientes a aumentar a produtividade no campo”, finaliza o presidente.