Segurança

31 de agosto de 2018

Entenda como algumas rodovias brasileiras estão ficando cada vez mais seguras

Os acidentes de trânsito são tratados como endêmicos no Brasil, mas diferentes soluções nas rodovias mostram que é possível reduzir o número de fatalidades nas estradas do país. Uso de tecnologias e ações pontuais tornam as vias mais seguras e deixam os motoristas mais atentos. O aspecto mais interessante é que tais iniciativas envolvem desde estratégias complexas até soluções consideradas simples, mas que poupam vidas e feridos em um trânsito que mata, a cada ano, cerca de 40 mil pessoas por ano em todo o País.

O conceito internacional de “Estradas que Perdoam” está entre estas ações eficazes na redução da gravidade de acidentes. A partir de uma detalhada e ampla base de dados, intervenções são adotadas em diferentes pontos de diversas rodovias. Cada uma leva em consideração a causa mais frequente de ocorrência naquele trecho. Por exemplo: se naquela parte da estrada há maior incidência de pessoas que dormem ao volante, são colocados sonorizadores no piso.

Barreiras e guard rails que absorvem impacto e evitam que o carro passe para a outra pista, iluminação especial em trajetos com maior fluxo de pedestres, pintura especial reflexiva de faixas de rolamento e placas de sinalização são algumas outras medidas. Afinal, 94% dos acidentes de trânsito são ocasionados por falha humana, por isso a proposta da estrada é “perdoar” os erros do motorista minimizando os danos consequentes de um acidente.

Muitas vidas salvas

Porém, a otimização e eficácia de tais ações dependem de estudos e estatísticas confiáveis. Isso foi determinante para que três rodovias brasileiras superassem, com antecedência de dois anos, as metas da Organização Nacional das Nações Unidas (ONU) para a Década de Ação pela Segurança no Trânsito, que estipula a redução pela metade dos acidentes com vítimas entre 2011 e 2020. No fechamento do ano de 2017, as rodovias federais Arteris Régis Bittencourt e Arteris Planalto Sul diminuíram em 60%, cada, a ocorrência de acidentes. Já a Arteris Fluminense, também federal, reduziu em 58% esse número.

Tais índices foram obtidos por meio de uma série de iniciativas adotadas pela Arteris, que administra essas e outras seis concessões rodoviárias no país. Uma delas foi a criação, em 2013, do Grupo Estratégico de Redução de Acidentes (Gerar). Profissionais de diferentes áreas foram destacados para avaliar o perfil dos acidentes nos mais de 3.400 quilômetros concessionados à companhia no país e avaliar as condições dos trechos das ocorrências. A partir da leitura destes dados, a Arteris passou a fazer intervenções operacionais nas vias, além de aprimoramentos na sinalização, uso de tecnologias e campanhas de educação e conscientização de motoristas e pedestres. As medidas envolveram também obras como duplicações, correções de traçado, ampliação de capacidade das vias e adoção de novas tecnologias de segurança.

“Atingir essas metas é uma prioridade para o Grupo. Além de obras de ampliação, melhoria e conservação das rodovias sob a nossa administração, as ações de conscientização voltadas aos usuários e comunidades lindeiras também são muito importantes para assegurar e oferecer vias cada vez mais modernas e seguras aos usuários”, adianta Elvis Granzotti, gerente de Operações da Arteris.

Esforço conjunto

A Arteris também apoia tecnicamente o Movimento Paulista de Segurança no Trânsito (MPST), que coordena várias iniciativas para reduzir o número de acidentes, incluindo um banco de dados que reúne informações de diversas fontes. Se antes havia desencontro e demora na coleta de informações (só o DataSUS tinha um delay de dois anos na consolidação do número de óbitos nas rodovias), a criação de um banco de dados possibilitou ao Movimento pontuar e direcionar as iniciativas.

“Todos os contratos, mesmo os em andamento, têm metas de redução de acidentes e já têm séries específicas de proteção sendo adotadas. Em cada área crítica a gente atua junto com a concessionária para analisar o que está acontecendo e desenvolver ações em conjunto”, explica Sílvia Lisboa, coordenadora do Movimento.

Atenção redobrada ao pedestre

Muitas ações estão focadas nos pedestres, que estão entre as principais vítimas fatais dos acidentes. Das 5.645 mortes registradas nas rodovias paulistas no ano passado, por exemplo, 28,27% eram pedestres – índice menor apenas que o de condutores (52,17%) e mais que o dobro que o de passageiros (12,75%). Outras 6,8% não foram identificados.

A partir daí, a Arteris investiu em diferentes frentes: na implantação e adequação de passarelas, calçadas, iluminação, instalação de controladores de velocidade em trechos críticos, dispositivos de retorno em desnível, tratamento de passagens de pedestre, reforço de sinalização horizontal e vertical específica para pedestres, instalação de telas de proteção e de defensas metálicas e de concreto.

Ao mesmo tempo, por meio do Projeto Escola Arteris (que promove educação de trânsito para mais de 300 mil alunos de 630 escolas públicas), foram desenvolvidos os programas Viva Pedestre e Passarela Viva. O primeiro fornece informações aos transeuntes sobre direitos e deveres. O segundo incentiva os pedestres a usar as passarelas de calçadas construídas na faixa de domínio das rodovias. Essas ações vêm apresentando resultados importantes. De janeiro a junho deste ano, os atropelamentos diminuíram 10% e o número de mortos caiu ainda mais: 24%.

Tecnologia a favor da vida

Em tempos de conexão, as alternativas tecnológicas servem de reforço nas iniciativas. Por meio de uma parceria com o aplicativo Waze, motoristas que trafegam em 21 estradas brasileiras têm acesso a informações em tempo real sobre condições das vias. Os passageiros dos carros podem criar alertas que serão validados pelos Centros de Controle Operacionais das nove vias administradas pela Arteris no país. Além de disparar alertas no app sobre obras na pista, a operadora também terá mais agilidade para solucionar possíveis problemas relatados pelos usuários.

“Investimento no monitoramento em tempo real é uma necessidade da atualidade e, por isso, parcerias com empresas de tecnologia têm se mostrado cada vez mais estratégicas. Receber informações de forma rápida e entender o comportamento do usuário do serviço é fundamental para promover um trânsito mais seguro”, destaca Elvis Granzotti, da Arteris.

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