Inovação
Novas tecnologias continuarão exigindo atenção humana para reduzir acidentes nas rodovias
Sim, o futuro está logo ali e novas tecnologias estão chegando às rodovias brasileiras. Depois de
06 de setembro de 2018
Os próximos anos prometem uma revolução tecnológica no transporte rodoviário, que trará mais eficiência e segurança. Para aproveitar seus benefícios, porém, o país precisa cuidar já de questões como a regulamentação e a padronização dessas novas tecnologias. E todos os envolvidos devem trabalhar cada vez mais de forma colaborativa, compartilhando conhecimentos.
Essas foram as principais conclusões da mesa redonda sobre Segurança e Inovação nas Rodovias realizada na TV Estadão, no dia 4 de setembro. O debate, mediado pelo jornalista João Faria, teve a participação de Elvis Granzotti, gerente de operações da Arteris, empresa que administra nove concessões rodoviárias no Brasil – entre elas, a Régis Bittencourt e a Fernão Dias; Fernando Arbache, professor da Fundação Getúlio Vargas e consultor educacional do Massachusetts Institute of Technology no Brasil; e Alessandro Germano, diretor de parcerias estratégicas do Google para a América Latina.
“Dois terços de tudo o que é transportado no Brasil é feito por rodovias. Elas são artérias muito importantes para o País”, afirmou Arbache. Ele destacou os avanços que vem sendo observados nas rodovias concedidas à administração privada. “As concessionadas demonstram aptidão muito melhor para poder trabalhar com segurança, trabalhar com tecnologia, avançar nessa área”.
Decisões baseadas em dados
O gerente de operações da Arteris enfatizou a atenção à segurança dos usuários. “Quem opera a rodovia tem que ter um propósito bem específico que é salvar vidas”, afirmou Granzotti. Uma das medidas mais importantes nesse sentido, segundo ele, é reunir e analisar de forma muito criteriosa todos os dados relativos aos acidentes, para conhecer suas causas e identificar os trechos mais problemáticos. E agir para saná-los. “Uma vantagem quando se administra um determinado trecho é conhecer muito bem cada quilômetro, cada metro de rodovia. A partir daí é desenvolver programas e ações específicas para tratar os problemas”, afirmou.
Granzotti lembrou que os programas de concessão geralmente definem as obras que precisam ser feitas para melhorar a segurança dos usuários e o fluxo de veículos. E destacou outras iniciativas que são adotadas pelas concessionadas para reduzir os acidentes, como obras de engenharia, sinalização e campanhas de conscientização de motoristas e pedestres.
O diretor do Google falou do papel das novas tecnologias no aumento da segurança viária – desde as que são empregadas na construção e sinalização de rodovias até as embarcadas nos carros. E previu o impacto que os veículos autônomos terão no futuro. “Estudos mostram que eles aumentam muito a segurança”, disse Germano. “Computador não bebe, não dorme e está menos sujeito ao comportamento errático que acomete os motoristas”, brincou.
Eles virão em etapas
Segundo os debatedores, é cedo para saber quando os veículos estarão aptos a assumir completamente o volante, mas as primeiras fases desse processo já deverão estar amplamente disseminadas nos próximos anos. Sistemas que controlam a velocidade, a distância do veículo da frente e o alinhamento à faixa de rodagem já estão disponíveis em muitos modelos modernos – e seu impacto na redução dos acidentes deverá estimular a adoção de novas tecnologias.
Mais adiante, de acordo com eles, é possível prever o dia em que as pessoas não perderão mais horas importantes da vida prestando atenção no caminho que precisam percorrer diariamente – e poderão se dedicar a afazeres mais proveitosos enquanto o veículo as conduz ao trabalho. “Carros autônomos serão muito importantes para reduzir os acidentes, mas também para dar tempo às pessoas. O custo de oportunidade de ficar parado hoje no trânsito é muito negativo”, comentou Arbache, da FGV. “Tenho certeza de que isso será um grande salto em qualidade de vida.”
Um exemplo citado foi a parceria firmada ano passado entre a Arteris e o Waze, do Google, para o compartilhamento de informações dos centros de controle operacional das rodovias (radares, câmeras, sensores meteorológicos, entre outros) e dos usuários do aplicativo, que melhora o conhecimento de todos sobre a situação das estradas.
Cooperação e padronização
Na opinião do professor da FGV, a cooperação é um dos melhores caminhos para acelerar a adoção de inovações que salvam vidas e melhoram o tráfego em toda a cadeia dos transportes. “A integração tende a embarcar mais tecnologia no conjunto como um todo e não só em um elemento”, afirmou Arbache. O gerente de operações da Arteris concordou. “É preciso integrar cada vez mais. As coisas têm que caminhar mais conectadas, mais juntas”, disse Granzotti.
Outro consenso entre os debatedores diz respeito à necessidade de marcos regulatórios que estabeleçam padrões para as inovações de modo a favorecer a integração entre elas. “A cooperação entre as rodovias, as montadoras e o governo é fundamental. Essa integração tem que ser um conjunto, tem que ser um marco regulatório, em que você tenha padrões iguais, sistemas iguais, possibilidades iguais, métodos iguais para fazer com que você tenha a escala que reduz o custo”, explicou Arbache.
A opinião foi compartilhada pelo gerente de operações da Arteris. “Para que os carros utilizem bem a rodovia, o padrão é importante: sensores padronizados, sinalização padronizada em todas as vias”, concordou Granzotti. Ele afirmou também que as rodovias concessionadas deverão ser um dos grandes agentes de difusão das novas tecnologias no País. “Elas têm mais condições de receber veículos autônomos. As melhores rodovias do Brasil, hoje na mão das concessionárias, vão se adequar muito rapidamente e vão ser as primeiras a receber os carros autônomos.”
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