“Não foi fácil. Mas ninguém disse que seria”. A frase é de Stefan Ketter, o vice-presidente mundial de manufatura da FCA – Fiat Chrysler Automobiles, a respeito do Polo Automotivo Jeep, cuja construção foi liderada por ele em Goiana, cidade da Zona da Mata Norte, em Pernambuco, que começou a produzir protótipos em outubro do ano passado – e foi inaugurado em abril deste ano. Sem qualquer histórico no setor automotivo, o Estado viu nascerem 530 mil metros quadrados de prédios industriais, concretizando uma das fábricas de automóveis mais modernas do mundo.
A qualidade de seu sistema portuário, principalmente o Porto de Suape, e sua localização geográfica, além do ambiente convidativo para os negócios, tornou Pernambuco atraente para investimentos acima de R$ 7 bilhões na planta Jeep e no parque de fornecedores, construído no mesmo complexo.
O Polo é capaz de produzir 250 mil veículos por ano – 45 por hora –, e o objetivo de crescimento global da marca Jeep é mudar a faixa de venda de 1 milhão de unidades em 2014 para 1,9 milhão em 2018. Tal ousadia é orquestrada através de uma operação completa, que reúne em um único local as 15 mil melhores práticas e tecnologias acumuladas pelo Grupo.
“A fábrica foi pensada para facilitar a rapidez de planejamento e a eficiência na solução de problemas”, resume Stefan Ketter. “Nossos processos foram pensados 360 graus, para termos as melhores condições de produzir qualidade e alcançarmos máxima performance, tempo e eficiência. Este foi o projeto mais complexo já feito na história da companhia. Não consigo imaginar um outro com variáveis tão complexas e internacionais.”
Exemplos de soluções tecnológicas na indústria automotiva brasileira
Com um conjunto de práticas avançadas de produção, o Polo Automotivo Jeep é considerado a fábrica mais desenvolvida da FCA, já que combina todas as tecnologias inovadoras em um mesmo processo produtivo. Em destaque estão as prensas, a funilaria, a pintura, a montagem e o Communication Center, totalizando 700 robôs.
Prensas. As duas linhas de prensas, com capacidade para 18 estampos por minuto, são as mais velozes. Com motores elétricos, tornam possível o movimento de enormes pesos com precisão de décimos de milímetros.
Funilaria. Há uma inovação projetada e executada para o Polo com exclusividade. O objetivo era aplicar 100 pontos de solda na carroceria em 60 segundos, em uma única estação – processo que geralmente acontece em três, comprometendo a precisão da geometria e causando problemas futuros, como ruídos. Com o desenvolvimento de 18 robôs no piso e no teto, a meta foi alcançada preservando a qualidade total da peça.
Pintura. Além de consumir menos energia e emitir menos produtos químicos na atmosfera, a inovação nessa área, a tecnologia primerless, assegura a durabilidade da pintura e a qualidade final do veículo.
Montagem. Ferramentas ajudam os trabalhadores a executarem tarefas com conforto – como um software de simulação em 3D de montagem de peças que serve para indicar ao operador a melhor forma e posição para colocá-las; e a acoplagem do powertrain com o carro, que envolve movimentação de muito peso e é feita na linha automaticamente.
Communication Center. Com 11 mil metros quadrados de área construída, localiza-se no centro da fábrica e concentra os resultados físicos de cada etapa da produção, o que assegura tomada de decisão rápida, organização eficiente da planta e aumento no conhecimento do negócio.
Embora os holofotes se voltem para os desafios vencidos com tecnologia e precisão nos processos – afinal, toda atividade crítica que poderia causar danos é realizada por robôs –, há outro fator importante para esse conjunto de excelências.
“O coração dessa fábrica são as pessoas. Não é apenas uma das mais inovadoras do planeta do ponto de vista tecnológico, mas também no nível de organização do trabalho”, diz Giuseppe Figliuolo, plant manager, principal gestor do Polo Automotivo Jeep, destacando a necessidade da sintonia entre máquina e homem. O Jeep Renegade 2016, totalmente fabricado em Pernambuco, chegou ao mercado em abril deste ano.
Os números do Polo
– R$ 7 bilhões de investimentos
– 9 mil empregos (fábrica + fornecedores)
– 250 mil carros por ano
– 15 mil práticas e tecnologias incorporadas
– 650 robôs na funilaria
– 10 robôs na montagem
– 40 robôs na pintura