O período de estiagem vivido pelo Brasil nos últimos dois anos não preocupou apenas os fornecedores de água e saneamento básico. A falta de chuvas também trouxe reflexos importantes para o abastecimento de energia, gerando uma reflexão sobre o modelo atual de geração e distribuição.
Em janeiro do ano passado, o nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas era de 40,3% – em novembro de 2014, já chegava aos 15,5%. Nesse cenário, apesar do aumento das tarifas da energia, o estrago só não foi pior graças às termoelétricas.
A biomassa é uma das matérias-primas usadas por essas usinas termoelétricas que salvaram o País de um apagão. E não é de hoje que ela cumpre esse papel. Já em 1970, a crise mundial no fornecimento de petróleo colocou a biomassa em evidência, com a utilização de álcool, gás de madeira e óleos vegetais nos motores à explosão.
Até o começo do século XX, a indústria funcionou a partir da cogeração (a conversão do combustível em eletricidade e calor). Mas a eletricidade produzida pelas concessionárias em grandes centrais geradoras acabou ultrapassando a biomassa devido à competitividade de preço com os ganhos de escala. A necessidade de controlar as emissões de gases do efeito estufa – comumente liberados pela queima de combustíveis fósseis – ajudou a trazer a biomassa de volta ao páreo. Na Holanda e na Finlândia, por exemplo, a cogeração já é quase metade de toda a potência instalada.
No Brasil
Segundo a Aneel, atualmente são 509 usinas de biomassa espalhadas pelo Brasil – a maior parte delas utiliza bagaço e algumas também a palha da cana-de-açúcar como principal fonte. E sua produção vem crescendo: até novembro do ano passado, de acordo com a Aneel, as usinas de biomassa já haviam gerado 13% mais energia que em todo o ano de 2013.
Ao mesmo tempo, a tecnologia nesse tipo de geração também tem se desenvolvido consideravelmente. A turbina a vapor SST-600, da Siemens, por exemplo, fornecida para a unidade da Delta Sucroenergia, além de ser considerada a maior do segmento de açúcar e etanol no Brasil, com 73,5 MW, é a primeira com acionamento direto para o gerador. Considerado pela Siemens uma das principais contribuições da empresa para o setor sucroenergético, o equipamento proporciona maior quantidade de energia gerada com a mesma quantidade de combustível e também inova na forma de instalação outdoor (ao ar livre), reduzindo os gastos para o cliente. Além disso, a turbina SST-600 é uma produção nacional, feita no Complexo Industrial da Siemens em Jundiaí, no interior de São Paulo.
No entanto, não é só a cana que pode gerar energia. Resíduos sólidos urbanos, florestais e agrícolas, culturas energéticas, madeira e até efluentes agropecuários servem como matéria-prima da biomassa. Todos esses métodos apresentam um ganho de eficiência significativo em relação à produção energética convencional, em que apenas 40% da energia do combustível são aproveitados – a cogeração aproveita 80% da energia contida na matéria-prima.
Redução de impactos
Um dos entraves mais frequentes para o crescimento das termoelétricas tinha a ver com os danos ambientais que a usina poderia gerar. Atualmente, no entanto, há um vasto investimento no desenvolvimento de tecnologias para a conversão energética da biomassa através de processos como a pirólise, gasificação, combustão e co-combustão – procedimentos que envolvem o uso dos detritos da termoelétrica para geração de novos subprodutos, reduzindo o descarte desses resíduos.
“Já é possível produzir etanol de segunda geração, diesel verde, querosene de aviação, polipropileno, polietileno, formaldeídos e fertilizantes através dos processos de conversão”, afirma Gerard Ett, pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). Segundo o especialista, é preciso diminuir ainda mais os custos para esses procedimentos, entretanto, essas tecnologias não são só viáveis como já são também comerciais – um estímulo que pode mudar o panorama energético do País.
Saiba mais em Siemens.