O conceito de Indústria 4.0 começa a se popularizar e ganhar força em todo o mundo como um novo modelo que funde os mundos real e virtual. Está baseado no uso intenso da digitalização e da robotização de processos industriais, aumentando a produtividade e agregando mais valor aos produtos finais.
De acordo com José Borges Frias Júnior, head de estratégia, inteligência de mercado e excelência em negócios da Siemens Brasil, os principais pilares do conceito são a integração horizontal entre redes de valor, a integração vertical e a integração perfeita da engenharia em toda a cadeia de valor. “A Indústria 4.0 utiliza recursos virtuais desde o design até o service, passando pela engenharia e pela produção, eliminando, por exemplo, a necessidade de protótipos e acelerando o processo de desenvolvimento”, explica.
Além da redução do tempo de desenvolvimento, a aplicação do conceito também facilita a customização – com o uso de sensores e chips RFID (para identificação via radiofrequência), as máquinas da linha de produção podem ler as especificações de cada produto e conversar entre si, alterando partes do processo. Com isso, a nova indústria opera conectada a uma rede dinâmica de produção, interligada por sistemas inteligentes que integram e complementam as atividades. O novo modelo também tem a vantagem de atender a ciclos de inovação mais curtos e de aumentar a produtividade, respondendo às exigências de mais eficiência no uso de energia e recursos.
Novo modelo
Frias Júnior ressalta que a inovação trazida pelo conceito não diz respeito somente à tecnologia, mas também ao modelo de negócio. “É preciso ter foco nas necessidades dos clientes, mudar o modelo de negócios e intensificar a colaboração interna e externa. Trata-se de uma mudança cultural”, diz.
Justamente por isso, o conceito começa a receber o apoio e patrocínio de governos de alguns países. Na Alemanha, por exemplo, o projeto Indústria 4.0 é patrocinado pelo governo e apoiado pela Academia Nacional de Ciências, por instituições de pesquisa e empresas como Siemens e SAP, entre outras. “O apoio inclui também sindicatos, que não veem no conceito uma ameaça ao emprego”, revela.
Nos Estados Unidos, o Advanced Manufacturing National Program Office – versão local do projeto, reunindo representantes de agências federais, empresas e universidades, além de organismos como a Nasa, a NSF (National Science Foundation) e os departamentos de Comércio, Defesa, Educação e Energia. O objetivo é fazer crescer as parcerias entre indústria, universidades, governos e outras instituições.
No Brasil, os desafios se ampliam com a globalização do conceito. Por aqui, a participação da indústria no PIB caiu de 18% para 9% na última década, o custo de produção é alto e a produtividade é de US$ 11/colaborador/hora. Comparando, nos Estados Unidos a produtividade é de US$ 67/colaborador/hora e na Alemanha é de US$ 57/colaborador/hora.
Frias Júnior lembra que a indústria brasileira tem flexibilidade para adotar novas tecnologias e que, nas empresas, a área de TI é proativa na definição das estratégias de negócios. “O País vive hoje um momento de transição, e a digitalização é a maior oportunidade para aumentarmos a produtividade”, conclui.
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