Entre as bases do conceito de digitalização da indústria estão a integração de diferentes áreas com a respectiva colaboração entre seus profissionais. Para estimular esse contato, pouco comum nos modelos tradicionais de produção, empresas do mundo todo estão criando centros de inovação com o objetivo de estimular a cooperação e o desenvolvimento de soluções conjuntas.
Para Renato Buselli, vice-presidente sênior da divisão Digital Factory da Siemens, a indústria tem muito a aprender com o mundo digital, principalmente com as empresas de internet, onde esses conceitos que já estão mais difundidos. Ele lembra que soluções de análise de dados são utilizadas por estas empresas há tempos. Buselli revela que a Siemens vem procurando estimular a inovação também em seu ecossistema. Um exemplo é o departamento de investimento em startups mantido pela companhia. A área financia o desenvolvimento de soluções por novas empresas e depois as integra ao seu negócio.
Outra iniciativa é o MindSphere, nuvem criada pela companhia para o desenvolvimento interno de soluções. “Usamos essa nuvem para criar novos modelos de negócio, mas ela também está aberta aos nossos parceiros que estejam interessados em fazer o mesmo”, afirma.
A Linde do Brasil segue caminho semelhante. De acordo com Luis Gustavo Mamede, gerente de sistemas para a América do Sul da Linde do Brasil, a companhia conta com uma série de centros de inovação que reúnem profissionais de diferentes aéreas interagindo em cima da mesma informação. “Isso é um berço para ideias, mas é preciso ter um ambiente propício para isso. As universidades são outro ambiente bom para esse tipo de desenvolvimento”, afirma.
Outra iniciativa citada por Buselli são os chamados comitês de inovação ou de digitalização. Ele lembra que, como os comitês de crise, esses também estão se tornando necessários. “O primeiro passo é criar um comitê de digitalização, que está aí e é irreversível. É um ponto de vida ou morte para todas as indústrias”, provoca.
Buselli ressalta que esta é uma iniciativa que deve ser coordenada pelo CEO da empresa, com o suporte da área de TI. De todo modo, é função do comitê determinar o grau de maturidade da digitalização dentro da companhia e que projetos serão implementados. “Ninguém decide ser digital do dia para a noite. É um projeto que vai por partes. Mas a empresa precisa decidir qual o papel dela dentro da cadeia de digitalização”, diz.
Mamede reforça a importância do comitê e lembra que ele tem que ser multidisciplinar e deve se expandir para outras áreas de empresa. Ele também cita a realização de projetos piloto, fundamentais para a demonstração prática dos resultados que podem ser obtidos.
Além dos centros de inovação estimulados e criados pelas companhias, Jefferson de Oliveira Gomes, professor do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) e diretor regional do Senai-SC, diz que a digitalização encontra campo fértil também nos chamados habitats de inovação, como o Porto Digital de Recife (PE).
Gomes afirma que esses ambientes permitem a criação de ecossistemas fortes em torno de si. “Em Florianópolis, hoje o faturamento das startups é maior que o do turismo. A diferença é que nesses locais há uma intensidade grande de capital de risco e muitas empresas grandes aportando em startups”, afirma.
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