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03 de agosto de 2017
Em junho deste ano, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro registrou a primeira expansão em oito trimestres, de 1%. As perspectivas tampouco são animadoras. A previsão de crescimento foi reduzida, também no mês passado, de 0,5% para 0,41%, segundo o Banco Central. A estimativa é a segunda mais baixa já registrada em 2017 (o cenário mais negativo foi projetado em abril, com expansão prevista em 0,4%). Em 2018, o avanço deve ser de 2,3%.
Como reverter esse quadro? Uma das apostas é investir em inteligência artificial (veja aqui o que é e como funciona), conforme afirma Armen Ovanessoff, principal director da Accenture Research. Para ele, as tecnologias que trazem na essência a inteligência artificial são um novo fator de produção e não uma moda passageira. “Podem realmente transformar a base do crescimento econômico com resultados duradouros. É um caminho sem volta.”
Saído de Londres, atualmente Ovanessoff mora em São Paulo, onde lidera um time de pesquisadores que tentam descobrir qual é o próximo grande passo da indústria – e ajudar empresas e organizações a fazerem isso antes de todo mundo. Esse mesmo processo já foi conduzido em Nova Délhi, na Índia, e em outras economias emergentes ou consolidadas.
Agora o trabalho se concentra na América Latina. Recentemente o departamento do executivo estudou cinco economias sul-americanas e constatou que a inteligência artificial tem potencial para aumentar as taxas de crescimento anuais em até um ponto percentual em 2035.
A análise foi feita a partir de um modelo criado pela própria Accenture, em parceria com consultoria britânica Frontier Economics. Segundo esse parâmetro, a capacidade de mão-de-obra e de capital, fatores de produção tradicionais, será maximizada pela inteligência artificial, entendida como um novo fator de produção, que tem impacto direto sobre os outros dois e sobre a produtividade. Isso acontece quando as tarefas são realizadas de modo mais rápido, com inteligência avançada por exemplo, por robôs.
Em 2035, a inteligência artificial pode aumentar o Valor Agregado Bruto (VAB) da economia em até US$ 432 bilhões, 0,9% em relação ao cenário na linha de base;
Em 2035, a inteligência artificial pode aumentar o Valor Agregado Bruto (VAB) da economia em até US$ 78 bilhões, 0,8% em relação ao cenário na linha de base;
Em 2035, a inteligência artificial pode aumentar o Valor Agregado Bruto (VAB) da economia em até US$ 63 bilhões, 1% em relação ao cenário na linha de base;
Em 2035, a inteligência artificial pode aumentar o Valor Agregado Bruto (VAB) da economia em até US$ 59 bilhões, 0,6% em relação ao cenário na linha de base;
Em 2035, a inteligência artificial pode aumentar o Valor Agregado Bruto (VAB) da economia em até US$ 43 bilhões, 1% em relação ao cenário na linha de base;
A equação do crescimento é simples: capital + mão-de-obra (fatores de produção tradicionais) + produtividade;
O problema: na América do Sul, a eficácia no uso do capital está em queda há uma década e o crescimento da população economicamente ativa está diminuindo rapidamente;
O que fizemos: quando as taxas de crescimento eram maiores (0,7%), de 2001 a 2005 (enquanto em países asiáticos a produtividade chegava, no mesmo período, a 2%), as empresas latino-americanas ignoraram suas deficiências, como taxas de produtividade modestas. As receitas aumentavam, sobretudo por conta da exportação de commodities e do consumo interno, mascarando o problema;
Retomada: os motores que geravam números positivos perderam impacto. A produtividade precisa crescer por outros meios, urgentemente. A inteligência artificial é uma das principais estratégias.
A inteligência artificial vai além de um “jeitinho” para sanar um problema específico ou de algo passageiro. É algo que cola na estrutura das empresas, governos e outras organizações para mudar seu jeito de pensar. Do mesmo modo que as redes sociais redefiniram nosso modo de comunicar (e de sermos ouvidos), por exemplo. Veja como isso acontece na prática:
A inteligência artificial cria uma nova força de trabalho virtual (automação inteligente). Por meio dela, é possível realizar atividades em escala e em alta velocidade, em alguns casos bem além da capacidade humana. Porém, em outros aspectos, como criatividade, os humanos permanecerão insuperáveis por muito tempo;
Pode ter capacidade de aprendizado mais rápida do que a dos humanos, embora ainda não tão complexa;
Pode melhorar com o tempo, pois tem capacidade de autoaprendizagem.
Pode estimular inovações na economia. Quem usa não apenas faz as coisas de forma diferente, como também faz coisas diferentes.
Diversas empresas estão se preparando para incorporar sistemas de inteligência híbrida a seus serviços de suporte pós-venda. Esse recurso envolve o uso de um robô para coletar informações do cliente a partir de interações anteriores com a empresa, como a compra de produtos, comunicação direta ou referências postadas nas mídias sociais. O robô, então, passa ao atendente humano informações sobre o humor do cliente e reclamações que ele tenha postado em seus perfis, e pode até sugerir promoções potencialmente relevantes para cada um em particular.
Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) estão desenvolvendo uma tecnologia de aprendizagem automática que revelará quais pacientes admitidos em um centro médico durante um surto de dengue, zika ou chikungunya têm maior probabilidade de ter uma das três doenças. Isto será essencial para a triagem dos casos mais graves em crises futuras.
Os pesquisadores da Universidade de Engenharia Nacional do Peru (UNI) desenvolveram um robô com quatro rodas que explora minas de forma autônoma para detectar metano, dióxido de carbono e amônia. O robô utiliza sensores para detectar sua localização e gera rotas a serem utilizadas dentro da mina conforme coleta informações sobre os níveis desses gases, protegendo os trabalhadores.
A Chazki, a “Uber da Logística” peruana, está utilizando inteligência artificial para desenvolver mapas postais de locais de difícil acesso, abrindo novas oportunidades de distribuição para varejistas de comércio eletrônico.
Vários governos locais estão utilizando a ferramenta baseada na web Citymis Community, desenvolvida pela empresa Mismática. Trata-se de uma ferramenta interativa em tempo real que permite aos cidadãos reportar e acompanhar a resposta das autoridades a problemas que vão de infraestrutura viária de má qualidade a saneamento urbano deficiente. A revista de tecnologia Wired recentemente identificou Buenos Aires — juntamente com Copenhagen, Cingapura e Dubai — como parte de um grupo de cidades inteligentes líderes que põem “as pessoas em primeiro lugar”.
A startup chilena The Not Company (ou NotCo) desenvolveu um algoritmo, apelidado de Giuseppe, que analisa produtos alimentícios proteicos de origem animal e elabora receitas para alternativas veganas, que além de ter o mesmo sabor e textura, também oferecem índices maiores de nutrição. Para fazer isso, Giuseppe analisa a estrutura molecular dos alimentos e descobre estruturas similares baseadas na combinação de ingredientes veganos – “maionese” com amido de batata, proteína de ervilhas e folhas de alecrim. Quanto maior o seu banco de dados, mais o algoritmo “chef” aprende e, consequentemente, mais combinações é capaz de produzir.
A empresa AIRA (“Artificial Intelligence Recruitment Assistant”) desenvolveu um sistema que publica anúncios de vagas abertas nos sites de recrutamento mais utilizados, lê e classifica todos os currículos, aplica testes psicométricos e entrevista os candidatos por vídeo. O desempenho dos candidatos é avaliado por meio de “emotion analytics”, que traduzem os níveis de atenção e expressões faciais dos candidatos em números. Ao final deste breve processo, recrutadores humanos usam seu escasso tempo para conduzir apenas entrevistas detalhadas junto aos melhores candidatos.
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