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09 de junho de 2017

Saem os millennials, entram os fluid consumers

É possível que o termo millennial já não dê mais conta de identificar a geração nascida entre 1982 e 2004, pelo menos no que diz respeito aos hábitos de consumo.

Para Teo Correia, diretor executivo sênior da área de Bens de Consumo e Serviços da Accenture, haveria um modo mais assertivo de se referir a essa parcela de clientes – fluid consumer (“consumidor fluido”, em tradução livre).

“O termo millennial está muito restrito a uma faixa etária. Já fluid consumer se associa a um conjunto de novos comportamentos e expectativas. Faz mais sentido”, afirma o especialista.

Nesse caldo cabe uma imensa preocupação com a interação social mediada pelo digital, com a inovação em serviços e o mobile. O desejo implícito é “quero que você me conheça”. Isso vale não só para nossa rede de contatos, mas para as marcas, que precisam conhecer profundamente seus clientes se quiserem se manter relevantes.

Essa realidade é global quando se consideram as populações dos grandes centros urbanos. Um fluid consumer europeu é muito semelhante a um fluid consumer brasileiro. As barreiras culturais estão borradas pelo menos nesse contexto, defende o executivo.

Autor de “Fluid Consumer: Crescimento e Branding de Nova Geração”, livro publicado em novembro na Amazon do Reino Unido e Estados Unidos e apresentado em maio no Brasil [versão em inglês aqui], Teo aposta nas tecnologias digitais como terreno que possibilitou o nascimento desse novo contexto. Mas não só: são as rupturas que nascem com essa evolução que pautam, muito rapidamente, o que desejamos das empresas.

“Cada novo serviço lançado afeta minhas expectativas quanto aos demais que existem e estão por vir. Por exemplo, o Uber passou a ser uma referência. Quero experiências semelhantes com o meu banco, em um restaurante. Imagine poder pagar a conta do mesmo modo que pago uma corrida?”, provoca.

Outro fator é a interação entre as experiências. Se antigamente cada um ficava no seu computador, hoje temos wearables, casas conectadas e uma infinidade de dispositivos que capturam dados sobre nós e são uma espécie de mapa do tesouro para as marcas que entendem esse momento.

Por favor, surpreenda-me

Além das novidades disruptivas, como Airbnb, Netflix etc., o que o fluid consumer quer é se relacionar, no mundo digital, com aquela marca com a qual convive desde a infância. O problema é que essa marca e suas contemporâneas seguem o mesmo modelo de inovação há 100 anos.

“Elas apostam num modelo linear, com o setor de Pesquisa e Desenvolvimento tomando decisões e colocando a gôndola como campo de batalha.”

Enquanto isso, as marcas que nasceram no mundo digital ganham fôlego. “As pessoas gastam 46 minutos por dia com o Facebook. Nenhuma marca tradicional alcança esse grau de fidelidade.”

A publicação tem a missão de acordar as companhias que precisam, e logo, entender esse novo movimento e pensar em como se diferenciar.

“Existe muita literatura sobre o digital na indústria de varejo, mas há pouca coisa sobre produtos de consumo, aqueles com quem temos um relacionamento diário”, explica. “[o livro] não traz soluções, ele inicia um diálogo.”

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