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29 de agosto de 2017

Investir em armazenamento de dados na nuvem é receita anticrise

Diante de um cenário crítico, que exige enxugar custos, qual companhia não quer reduzir despesas de maneira significativa numa de suas áreas mais importantes? Isso já está acontecendo em setores de tecnologia da informação de algumas corporações a partir da migração de dados para a nuvem. Quem aponta essa mudança é Moysés Rodrigues, responsável por operações em cloud da Accenture, líder em processos de transformação tecnológica.

A tecnologia rompe com a ideia de armazenar tudo num único servidor – e o cliente paga só pelo que realmente utiliza. O espaço que sobra, quando em desuso, pode ser ocupado por outras empresas. Eis o que permite a grande diferença no preço. Sendo ainda mais didático, pode-se dizer que quando uma companhia compra um servidor, ela precisa mensurar sua utilização a partir dos momentos de pico. Por exemplo, o fechamento do mês ou as datas comemorativas, no caso do varejo.

“Na infraestrutura em cloud, o uso é mais eficiente graças a um ambiente elástico”, explica o executivo. A nuvem se expande quando necessário e depois se recolhe, com máquinas trabalhando em conjunto, o que significa que o servidor nunca estará fora do ar. “Nesse modelo, existe, portanto, aumento de disponibilidade e custos compartilhados, com redução de investimento como resultado.”

Por que a nuvem ainda não é a primeira escolha?

Um dos obstáculos é a falta de compatibilidade entre as aplicações em uso e a tecnologia em cloud. Hoje, boa parte das empresas investe em modernizar seus sistemas ­– o que custa caro, pois o preço é em dólar – para que, no futuro, possam rodar na nuvem. “Todos os clientes estão com esse assunto na agenda e desejam aproveitar ao máximo esses ambientes. Em 2020, imagino que 60% a 70% deles já tenham migrado para uma nuvem pública”, prevê.

Entre as empresas que toparam a mudança, está a francesa Lactalis, detentora de marcas como Parmalat, Elegê e Batavo. Todo o sistema SAP foi movido para a nuvem recentemente. Com o aumento da demanda, a empresa precisava dispor de máquinas rapidamente, processo que levaria até 60 dias no modelo pré-cloud. Com a migração, isso foi resolvido em poucas horas, com 160 servidores trabalhando juntos e redução de custo acima dos 30%.

A Lactalis é uma das 20 clientes da Accenture que adotaram a novidade nos últimos meses. Entre essas, seis companhias gigantes buscaram projetos para dar conta da retração no lucro e da necessidade de cortar custos. “Os gastos iniciais são compensados em menos de um ano”, afirma Moysés.

É seguro?

Segundo o especialista da Accenture, ainda existe uma atmosfera de medo em torno do assunto. “Alguns clientes se preocupam mais com a segurança, porque os dados ficam num lugar que eles não sabem qual é”, afirma. “Mas, aos poucos, eles estão compreendendo que pouco importa onde a máquina está, e que faz mais sentido distribuir os dados em várias delas. Se uma tem um problema, as informações podem ser acessadas em outra.”

Em termos de prevenção contra invasões, também existem vantagens. O nível de segurança é igual à de um servidor padrão, com o benefício de que são vários os endereços das máquinas. “É como se fosse um condomínio gigantesco e o ladrão precisasse passar pela portaria e procurar entre as casas até achar a sua para invadir.”

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