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05 de setembro de 2017
No Estados Unidos, estima-se que soluções em cidades inteligentes aplicadas ao tráfego e à energia elétrica podem gerar economia da ordem de US$ 160 bilhões, segundo estudo da Accenture publicado neste ano. Para que isso aconteça, é necessário aumentar a velocidade e a capacidade da rede de internet sem fio, migrando do 4G para o 5G. Espera-se que as operadoras de telecomunicações invistam US$ 275 bilhões em infraestrutura ao longo de sete anos, gerando, assim, três milhões de empregos e aumentando o Produto Interno Bruto (PIB) em US$ 500 milhões.
Uma parte desses investimentos, US$ 93 bilhões, deve ser direcionada à construção da rede, com o restante alocado em equipamentos, engenharia e planejamento. Essa mudança exige de dez a 100 antenas implantadas a mais, quando comparamos às tecnologias 4G e 3G. Em troca, elas garantem muito mais rapidez, condição fundamental para que as novas cidades possam se tornar realidade.
Quando tudo isso estiver pronto, poderemos contar, por exemplo, com redes elétricas inteligentes, capazes de mensurar picos de utilização e distribuir a energia de acordo com eles, ajudando a reduzir o custo. Ou com carros que se comunicam entre si, avisando sobre perigos à frente e aumentando o tempo de reação a acidentes. Usando a mesma ideia, carros também poderão andar em comboio, o que ajuda a economizar combustível e reduzir o congestionamento.
Será possível ainda otimizar o estacionamento em vias públicas, com informações em tempo real sobre as vagas disponíveis. Tudo isso graças a sensores 5G instalados em lâmpadas nas ruas. A cidade americana de São Francisco já tem condições de saber onde uma arma de fogo foi disparada, por causa de sensores conectados à internet. O mecanismo informa as autoridades sobre ocorrências em tempo real e tem ajudado a reduzir crimes praticados com armas de fogo em 50%.
E no Brasil?
Infelizmente, ainda estamos longe de ver isso acontecendo por aqui. “Mas não devemos parar de pensar em execuções interessantes esperando o 5G. Dá para fazer muita coisa desde já”, afirma Mário Lemos, líder de IoT (Internet of Things ou Internet das Coisas) da Accenture Digital para a América Latina. Já usamos o conceito de internet das coisas para monitorar redes de saneamento básico e gás, encontrando falhas no sistema sem precisar perfurar o solo.
Mas a área onde os resultados são mais consistentes é a de iluminação pública. As PPPs (Parcerias Público-Privadas) têm permitido que prefeituras diminuam custos, ao mesmo tempo em que oferecem iluminação às regiões que mais precisam. “Isso atrai mercado, porque a conta fecha e pode ser um catalisador para cidades inteligentes no Brasil”, afirma Lemos.
A Accenture responde pela modelagem do estudo que transformou a iluminação pública em Belo Horizonte. Trata-se da maior PPP desse estilo em operação no País, com 185 mil postes funcionando no município. A economia chega a 45% com a implantação de lâmpadas de LED que se comunicam entre si (33 mil delas), permitindo alterar a intensidade da iluminação e integrar o serviço com outros equipamentos, como semáforos e câmeras, agilizar a manutenção e criar uma enorme rede Wi-Fi. A capital mineira inaugura essa tecnologia no Brasil.
O contrato, no valor de R$ 496 milhões, terá duração de 20 anos, com realização do serviço de substituição de lâmpadas nos três primeiros anos. O acordo foi assinado em maio. “As cidades demoram a soltar novas políticas públicas, porque governos são mais lentos que mercados. Mas é importante que comecem a trabalhar numa agenda conjunta com as operadoras e demais interessados da iniciativa privada para que possamos atingir todo o potencial das cidades inteligentes”, afirma o executivo da Accenture.
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