Vida ao máximo

Saúde para viver os momentos da vida

Hábitos saudáveis melhoram a qualidade de vida dos diabéticos

Tratamento da doença inclui conjunto de ações como perda de peso, prática de exercícios e controle do estresse

Os diabéticos são cada vez mais numerosos. De acordo com a Federação Internacional do Diabetes, de 2013 para 2015 o número de adultos diagnosticados com a doença no mundo cresceu de 382 para 415 milhões. Existem hoje 14,3 milhões de pessoas com o distúrbio só no Brasil. Se hoje a condição afeta um em cada onze habitantes, em 2040 atingirá um em dez. A boa notícia é que, com alguns cuidados, os diabéticos podem conviver bem com a enfermidade e ter ótima qualidade de vida.

Uma das medidas mais importantes no controle da doença é emagrecer. “O excesso de peso, principalmente na barriga, causa alterações inflamatórias nas estruturas do corpo responsáveis pela produção e ação da insulina”, afirma o endocrinologista Marcio Krakauer, coordenador do Departamento de Novas Terapias da Sociedade Brasileira de Diabetes. Despachar quilos extras é tão importante que, para alguns pacientes, dispensa o uso de medicamentos. A meta é alcançar um índice de massa corpórea (IMC) normal e circunferência abdominal de até 80 centímetros para mulheres e 90 para homens.

Exercícios e dieta

Para emagrecer e manter o peso adequado, a recomendação médica é que os diabéticos se alimentem bem e façam exercícios. No passado, dietas para pessoas com esse diagnóstico eram extremamente restritivas. Hoje, a medicina preconiza que sua alimentação seja igual a de qualquer outra pessoa: variada, moderada em calorias, rica em nutrientes e fibras e pobre em açúcar, gordura de origem animal e farinha branca. Comer de três em três horas, mandamento para quem toma insulina, favorece o aproveitamento de glicose pelo organismo e não sobrecarrega o pâncreas.

Já os exercícios são importantes porque os músculos consomem energia durante e após a atividade física, ajudando a manter a glicemia sob controle. O treino precisa ser leve a moderado, uma vez que as atividades intensas estressam o organismo.

Físico ou emocional, o estresse deve ser domado. Sob tensão, o corpo produz cortisol, hormônio que aumenta a circulação de açúcar no sangue. “Para os pacientes estressados, mudanças genuínas no estilo de vida ajudam a controlar a doença”, afirma o endocrinologista. A privação do sono é uma das consequências de viver à flor da pele. Uma pesquisa da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, revelou que o risco de diabetes cresce em quem dorme menos de 6 horas por noite.

A importância do conhecimento

Além de adotar um estilo de vida saudável, aderir ao tratamento prescrito pelo médico e monitorar a pressão arterial, o colesterol e a glicemia são diretrizes para conviver bem com a enfermidade. A frequência com que uma pessoa deve medir a taxa de açúcar no sangue é variável. Mas para todos os pacientes acompanhar o sobe e desce da glicose tem caráter educativo: o diabético aprende a conhecer o próprio corpo. “Nos últimos anos, os remédios e métodos de dosagem da glicemia avançaram, mas o controle do distúrbio ainda não”, diz Krakauer, lembrando que 50% dos diabéticos desconhecem sua condição. “Falta conhecimento e conscientização. As pessoas precisam acessar boas fontes para receber informações constantes sobre o diabetes. Todas as doenças crônicas são tratadas por um conjunto de ações.”

Entenda as diferenças da doença

Como o organismo desenvolve os tipos 1, 2 e o gestacional

tipos

Para diferenciar os tipos de diabetes é preciso compreender a doença como um todo. Funciona assim: quando uma pessoa come um pedaço de pão, o carboidrato do alimento é transformado em glicose no estômago. Esse açúcar será distribuído pela corrente sanguínea como fonte de energia aos órgãos. Para entrar nas células, a glicose precisa de um hormônio produzido pelo pâncreas: a insulina. O problema é que, às vezes, o açúcar não consegue penetrar nas células e se acumula no sangue. Esse quadro recebe o nome de diabetes.

No caso do tipo um, mais raro, as células produtoras de insulina são destruídas pelo próprio organismo, por isso é uma doença autoimune. Como o organismo não fabrica insulina, a pessoa precisa tomar doses do hormônio. Esse diabetes aparece na infância e na adolescência.

A versão mais comum, que acomete 90% dos pacientes, é o tipo dois, antigamente conhecido como senil. Neste caso, o pâncreas produz insulina, mas o corpo resiste aos seus efeitos. Para corrigir o problema, o órgão trabalha dobrado e, com o tempo, suas células podem ficar extenuadas. Seus fatores de risco mais frequentes são obesidade, acúmulo de gordura na região abdominal, hipertensão, colesterol alto e histórico familiar.

Já no diabetes gestacional, que acomete 7% das grávidas, os hormônios da gestação dificultam a produção de insulina. As causas são as mesmas do diabetes tipo dois. Segundo Krakauer, calcula-se que mais da metade das mulheres acometidas pelo distúrbio desenvolverá o tipo dois no prazo de cinco a dez anos depois do parto.

Em todos os casos a moléstia precisa ser controlada, porque o excesso de glicose no sangue tem efeitos tóxicos e lesivos para os vasos sanguíneos dos olhos, rins, pés, cérebro e coração. A hiperglicemia é o terceiro maior fator de risco para morte prematura no mundo, atrás apenas de tabagismo e pressão arterial alta.

Pré-diabetes: um aviso para recuperar a saúde

Com mudanças no estilo de vida, é possível evitar que a enfermidade se estabeleça

ilustraAntes de desenvolverem o tipo dois, as pessoas quase sempre apresentam pré-diabetes. Mudanças nos hábitos diários, no entanto, podem reverter o cenário em 60% dos casos, afirma Krakauer. As principais medidas são manter o peso corporal saudável, exercitar-se, evitar o tabagismo e seguir uma alimentação equilibrada.