Vida ao máximo

Saúde para viver os momentos da vida

Alimentação, exercício e repouso são aliados da vida saudável na cidade

O Brasil está cada vez mais urbanizado. De acordo com o Censo 2010, do IBGE, 84% dos brasileiros moram em cidades, enquanto em 2000 o índice era de 81%. A urbanização traz desafios à saúde. Poluição do ar, violência, má alimentação, excesso de peso e sedentarismo são problemas apontados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O maior desafio, no entanto, é possivelmente a saúde mental. Uma pesquisa holandesa publicada em 2010 revelou que habitantes de áreas urbanas apresentam risco 39% maior de distúrbios de humor e 21% superior de desordens de ansiedade, em relação a quem mora em zonas rurais.

Na região metropolitana de São Paulo, quase 30% dos habitantes têm transtornos mentais, segundo o estudo São Paulo Megacity Mental Health Survey, feito pelo Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP). Publicado em 2012, o trabalho faz parte de um levantamento da OMS em 24 países. Os números da capital paulista são os mais altos, na comparação com os outros lugares avaliados. Entre as mulheres, os distúrbios com maior prevalência são ansiedade e transtornos de humor, como depressão. Já nos homens, transtorno de controle de impulso (como ataques de fúria no trânsito) e abuso de substâncias mostraram-se os mais comuns. “A vida na cidade tem situações de estresse, como violência, barulho, desigualdade social e desconforto ambiental”, afirma a psiquiatra Laura Helena Andrade, líder da pesquisa. Algumas estratégias, no entanto, ajudam o indivíduo a encontrar o equilíbrio.

ÁLCOOL NA MIRA
Evitar o consumo de álcool é uma das medidas para o bem-estar, segundo Andrade. Na sua pesquisa, 56% dos entrevistados declararam beber regularmente. Desses, 29% no padrão pesado, caracterizado pela ingestão de cinco ou mais doses, para homens, e de pelo menos quatro para mulheres, em uma única ocasião, no mínimo uma vez por semana. “As pessoas estão bebendo em excesso. Faz apenas 15 anos que a medicina analisa atentamente esse hábito”, afirma a psiquiatra. O Global Burden of Disease 2015, estudo da OMS, aponta o álcool como quinto fator de risco para doenças no Brasil.
Dormir bem é outra maneira de preservar a saúde. A médica explica que, durante o sono, o organismo produz hormônios essenciais ao equilíbrio metabólico, como a leptina, associada à saciedade. “Há evidências de que o ideal é deitar-se antes da meia-noite, pela influência da melatonina.”

EXERCÍCIO E CONTATO COM A NATUREZA
Praticar exercícios também traz benefícios. “Caminhadas prolongadas causam um efeito semelhante ao da meditação: melhoram o controle emocional, regulam o humor e diminuem o cansaço”, aponta a médica. De quebra, ajudam a manter a forma. “O sobrepeso e a obesidade causam inflamação no organismo e favorecem a depressão e a ansiedade, distúrbios igualmente inflamatórios”, afirma.
Por fim, a médica recomenda o contato com a natureza. “Um trabalho em andamento na USP mostra que as áreas verdes influenciam a percepção de bem-estar”.