A luta contra o câncer de mama está ganhando mais um forte aliado. Um estudo realizado pelo médico Lourenço Sehbe De Carli mostra que o uso do conceito ABVS (Automated Breast Volume Scanner) pode aumentar as chances de detecção do câncer de mama. O conceito trata do uso combinado da tradicional mamografia com a ecografia, chamado de aquisição volumétrica de imagens via ultrassom com ABVS acoplado.
Nos testes realizados pelo dr. De Carli, foi utilizado um ultrassom Siemens ACUSON HELX S2000. Ele explica que a regra para exames preventivos é que, a partir dos 40 anos, as mulheres realizem uma mamografia por ano. Este exame, de acordo com o médico, tem uma eficiência que varia entre 80% e 85%. “Se a mamografia for realizada combinada com a ecografia, esse percentual de eficiência passa de 90%, daí a importância de que ele seja incluído na prevenção”, defende.
Ainda sobre a eficiência, De Carli lembra que, a cada mil mamografias realizadas aleatoriamente, são encontrados entre quatro e cinco casos de câncer. Com o uso do ABVS, esse número passa para algo entre sete e oito casos.
Há vantagens econômicas também. Em um capítulo do livro Compêndio de Mastologia, escrito por ele, De Carli descreve a possibilidade de se colocar um técnico, tecnólogo ou biomédico para fazer a aquisição automática de imagens, em vez de um médico. “O médico será responsável apenas pelo laudo, o que reduz o tempo dele na clínica e o custo de aquisição da imagem, sem perda de qualidade”, afirma.
Para o médico, o uso do ABVS tende a revolucionar o exame de mamas, hoje um dos mais complexos realizados na área de ultrassom. Entre os obstáculos estão a alta incidência de falso positivo e falso negativo e o curto tempo de agendamento que muitas clínicas adotam na rotina, geralmente menos de 10 minutos. “Com o ABVS é possível padronizar os exames e reduzir custos com alta qualidade de imagem, pois a tecnologia reconstrói tridimensionalmente a mama e reduz o tempo do exame, de 20 minutos para algo entre dez e 15 minutos, dependendo da densidade da mama”, explica.
De Carli lembra que, na prática, os dois exames já são utilizados no tratamento. “O objetivo é fazer o exame quando a paciente ainda não sente nada. Falamos da fase pré-clínica, em que é possível surpreender a doença”, defende.