O setor de saúde vem passando por profundos processos de fusões e aquisições. Um dos resultados mais visíveis dessas incorporações tem sido a adoção maciça de soluções e ferramentas de Tecnologia da Informação (TI). “Há um movimento muito grande de integração e, com ele, vem uma grande utilização de conceitos como computação em nuvem, mobilidade, internet das coisas e big data”, avalia Anderson Figueiredo, analista independente do mercado de TI e Telecom.
Figueiredo ressalta que, por conta dessa movimentação, o setor representa uma grande oportunidade para os fornecedores de soluções, especialmente para aqueles que trabalham com big data. “Até hoje o mundo é muito BI (Business Intelligence), mas as empresas precisam se preparar para o que virá. BI é uma foto do negócio, já o analytics, com big data, nos leva a entender o que vai acontecer”, diz.
Ele cita os laboratórios como exemplo, onde a grande maioria dos pacientes faz exames às 7h por causa do jejum. “Por que eu não posso tomar meu café às 6h e fazer o exame às 14h? ”, comenta. Ele acredita que o uso de analytics pode ajudar os laboratórios a entenderem a motivação das pessoas que vão fazer exames às 14h e estimular os outros a fazer o mesmo. “O setor de saúde tem muito a ganhar, porque tem muitos dados. Hospitais e laboratórios conhecem a vida de seus clientes”, afirma.
Soluções
Algumas empresas já descobriram o potencial desse mercado. A Siemens Healthineers, por exemplo, desde o início do ano vem oferecendo ao setor de saúde algumas soluções baseadas em big data. Uma delas é o LifeNet, portal web que permite aos clientes da companhia gerenciar o desempenho e a manutenção de seus equipamentos médicos. “Com apenas um clique é possível abrir e acompanhar chamados, consultar atividades programadas, verificar treinamentos agendados e acessar contratos”, explica Juliana Odoni, gerente de marketing de Serviços da Siemens Healthineers.
De acordo com a executiva, o portal está disponível gratuitamente para todos os clientes que tenham contrato de manutenção com a companhia. Juliana explica que o serviço já existia na Alemanha e passou por uma série de customizações antes de entrar em operação no Brasil. “O LifeNet é uma ferramenta importante, porque permite aos nossos clientes checar não só a manutenção, mas produtividade de seu equipamento. Com isso ele consegue evitar paradas não programadas e planejar melhor a utilização do equipamento”, conta.
De acordo com Juliana, o portal de serviços deve evoluir nos próximos anos para um portal de relacionamento com os clientes. “Nossa meta é, nos próximos cinco anos, ter a maior parte de nossos clientes se relacionando conosco no modo online”, revela.
Outra aposta da Siemens Healthineers é o teamplay, solução de Business Intelligence e Internet das Coisas, oferecida ao mercado em parceria com a Microsoft desde maio. De acordo com Cristiano Lentini, gerente da unidade de negócios de syngo da Siemens Healthineers, o software vai agregar informações de produtividade e doses de radiação do parque de equipamentos dos clientes da empresa, armazenando estes dados na Azure, nuvem da Microsoft.
“Da nuvem extraímos informações de desempenho dos equipamentos, ajudando os clientes a fazer uma análise não apenas do equipamento, mas também das equipes que trabalham com ele”, explica, lembrando que estas análises permitirão também a padronização dos protocolos de atendimento.
A solução está sendo oferecida ao mercado em duas modalidades: como serviço, com pagamento de fee anual; e como parte dos contratos de manutenção da Siemens. Nos dois casos, os valores variam de acordo com o volume de procedimentos a serem monitorados, inclusive de equipamentos que não sejam da Siemens.