Douglas reúne-se periodicamente com deficientes visuais para entender suas dificuldades de transporte (Foto: arquivo pessoal)

No início de 2013, o então estudante de engenharia elétrica Douglas Toledo precisava de um tema para seu trabalho de conclusão de curso e começou a procurar, no cotidiano, situações que poderiam ser transformadas em assunto acadêmico. Percebeu uma idosa, deficiente visual, que todos os dias pegava o mesmo ônibus, no mesmo horário. “Fiquei me perguntando: como ela sabe qual é a linha? Tentando responder essa pergunta foi que surgiu o projeto. Queria criar um produto que pudesse ser instalado nos pontos de ônibus”, explica Toledo, 24 anos. Foi então que nasceu o Viibus, um sistema para auxiliar deficientes visuais a pegarem os ônibus certos.

O projeto consiste em um painel com informações em braile e cores específicas para ajudar pessoas com baixa visão. O usuário pode selecionar o destino desejado, e o painel mostrará, em braile, quais são os ônibus que passam naquele ponto e o deixam no lugar indicado. Então, o usuário seleciona a linha e o painel emite um aviso sonoro de qual linha foi escolhida. O sistema avisa quando o ônibus chegar.

“O motorista, da mesma forma, será alertado de que precisa parar naquele ponto. Ao lado da porta dos ônibus, também haverá um indicador sonoro para que o deficiente visual saiba que está entrando na linha certa, caso haja mais de um ônibus no ponto, por exemplo. Ainda estamos aprimorando, mas será algo como um bipe alto”, adianta o engenheiro.

Saindo do papel
Em outubro do ano passado, a Viibus foi um dos cinco projetos selecionados pelo Desafio Cisco de Inovação Urbana, competição entre startups promovida pela Cisco para gerar inovação nas cidades. O prêmio para os selecionados é a participação em um programa de aceleração de empresas, com mentorias e consultorias técnicas.

“A aceleração está sendo superimportante para o Viibus. Eu sou engenheiro, então não tinha experiência na parte de startup. Estamos fazendo mentorias com experts em muitos assuntos diferentes. É um processo essencial para que o Viibus saia do papel”, afirma o jovem empreendedor. Depois de pronto, o Viibus será instalado no Porto Maravilha, região portuária do Rio de Janeiro.

A ferramenta ainda não foi testada em pontos de ônibus na rua. Na segunda quinzena de março, será feito um teste em ambiente fechado, e a previsão é de que a instalação ocorra entre março e abril. Depois de instalado, serão avaliadas as peculiaridades da ferramenta, porque uma prova é diferente da vida real. “Se o motorista acaba passando reto, como o sistema vai se adaptar na vida real? Temos que pegar essas peculiaridades que aparecem e ajustá-las”, exemplifica.

Para que o projeto seja o mais adaptado possível à realidade, Toledo realiza reuniões periódicas com um grupo de deficientes visuais. Através desse contato, o engenheiro consegue entender as dificuldades que o Viibus não previu, e adaptá-las ao que eles precisam.

A ferramenta será gratuita.

Douglas Toledo, da Viibus, apresenta seu projeto (Foto: Divulgação Cisco)