Veículos

17 de outubro de 2018

Os carros sem motorista estão chegando?

Você vai chamar um carro por aplicativo. Ele chegará na sua casa, o levará até o destino e a cobrança será automática, sem você interagir com ninguém. Até porque isso não será mais possível: o veículo não terá motorista. Será guiado automaticamente por um sistema que combina informações de diferentes tipos de radares e câmeras para ver tudo o que está acontecendo ao redor e tomar as decisões sozinho.

A cena acima lhe parece coisa de ficção científica? Pois saiba que, em alguns lugares do mundo, algo bem parecido já é realidade. Na cidade de Phoenix, no estado norte-americano do Arizona, centenas de voluntários de uma das experiências mais avançadas com veículos autônomos estão indo e voltando do trabalho, da escola e de outros compromissos em carros que se guiam sozinhos.  A única diferença é que, por exigência legal, eles mantêm um motorista de prontidão para o caso de haver alguma necessidade de interferência humana. Mas, segundo a empresa responsável pelo projeto, a Waymo, do grupo Google, isso atualmente acontece uma vez a cada 4 mil quilômetros percorridos.

Será que essa tecnologia vai chegar mesmo às ruas de todo o mundo? Veremos em breve veículos trafegando sozinhos pelas ruas de São Paulo, do Rio de Janeiro e de outras cidades brasileiras? Os motoristas de carne e osso serão aposentados?

Os especialistas ainda não têm respostas definitivas para essas perguntas. Mas sabe-se que muitas das tecnologias que estão sendo desenvolvidas para os veículos autônomos já equipam alguns modelos mais sofisticados vendidos inclusive no Brasil – e tudo leva a crer que chegarão também aos carros populares. A seguir, confira o que há de mais importante sobre o futuro dessa tecnologia.

O que exatamente é um carro autônomo e quando estará nas ruas?

Embora, quando se fala em veículos autônomos, as pessoas geralmente pensem em um carro sem motorista, a indústria automobilística divide essa tecnologia em cinco níveis, conforme o grau de assistência que ela oferece ao motorista até o ponto de substituí-lo completamente:

Nível 1: Já está nas ruas há muitos anos. São os sistemas que ajudam a manter a velocidade constante em uma rodovia, por exemplo. Em modelos mais sofisticados, podem também manter distância segura do carro da frente e frear até parar, se necessário.

Nível 2: Incorpora a capacidade de mover o volante para manter o carro na pista. Muitos veículos vendidos no Brasil, como o Volvo XC 90 e o Audi Q7, já possuem essa funcionalidade.

Nível 3:  Veículos com esse grau de automação conseguem fazer tudo sozinhos: acelerar, frear, fazer curvas. Mas exigem a presença do motorista, que é obrigado a assumir o volante em determinadas situações, como quando as faixas das avenidas ou rodovias não estão bem sinalizadas.

Nível 4:  Previstos para lançamento comercial por volta de 2021, serão capazes de fazer tudo sem motorista – no entanto, ainda terão a função de pilotagem humana.

Nível 5:  Neste ponto, toda a arquitetura dos carros será modificada, com a eliminação de volante e pedais. Não haverá mais espaço para motorista – todos serão passageiros. A previsão é que o primeiro modelo esteja disponível comercialmente em torno de 2025.

Quais são as vantagens de um veículo autônomo?

Uma delas será libertar o motorista de uma tarefa cada vez mais estressante nas grandes cidades congestionadas do mundo. A pessoa poderá se ocupar de tarefas mais agradáveis no caminho de casa ao trabalho, como navegar na internet ou mesmo dormir. Mas a mais importante deverá ser a redução do número de acidentes. Hoje, segundo a ONU, 1,25 milhão de pessoas perdem a vida no mundo em acidentes de trânsito – no Brasil, de acordo com dados do DPVAT, são 40 mil. A maioria tem como causa negligência ou falha involuntária humana. Um estudo da consultoria McKinsey estima que os veículos autônomos podem reduzir os acidentes em até 90%.

Tem muitas empresas apostando nessa tecnologia?

Um dos motivos do otimismo em relação aos veículos autônomos é o número de companhias e o tamanho dos investimentos que estão sendo feitos no desenvolvimento da tecnologia. Hoje, há pelo menos 24 grandes empresas de tecnologia, como Google, Amazon, Uber e Apple, ou indústrias automobilísticas, como GM, Ford, Volkswagen, Volvo, Audi, Mercedes, BMW e Toyota, aplicando somas bilionárias nessa inovação.

Veículos autônomos custarão muito caro? Só estarão presentes no segmento de luxo?

Como toda nova tecnologia, será introduzida a partir dos segmentos mais sofisticados. Mas a expectativa é que o setor de transporte por aplicativo, de empresas como Uber e Cabify, também esteja entre os primeiros a adotar o carro autônomo – e levando os seus benefícios a todas as pessoas. Nesse caso, o valor mais alto do veículo seria compensado pela redução da despesa com o motorista. Uma pesquisa da empresa Bosch estima que o custo de operação, no Estados Unidos, de um táxi, hoje de US$ 2,89 por quilômetro rodado, caia para US$ 0,43.

E no Brasil, eles vão chegar?

Hoje, quatro empresas alemãs já vendem veículos com algum grau de automação no Brasil – Audi, BMW, Mercedes Benz e Volvo. A BMW inclusive começou a produzir um modelo semiautônomo por aqui, o X3 M40i, em junho. Mas a estreia dos carros sem motorista nas nossas ruas deve demorar muito mais do que nos países desenvolvidos, principalmente por limitações na infraestrutura e falta de leis regulamentando sua circulação. Por aqui, o prazer e o desconforto de dirigir devem continuar por muitas décadas.

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