Cultura para Todos – Mozarteum Brasileiro

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Qual é o futuro da música na era da inteligência artificial?

Tecnologia aplicada a métodos de composição e criação de arranjos desperta atenção do mercado e se populariza entre artistas e produtores

A inteligência artificial está cada vez mais presente em nosso dia a dia. A tecnologia já pauta decisões em importantes setores da economia, gestão de pessoas e até mesmo na medicina.

A indústria da música não foge à regra. Algoritmos criam, “tocam“ e até monetizam composições. Alguns projetos trazem inclusive assinaturas de gigantes do mercado.

A IBM, por exemplo, tem apostado no Watson Beat, um programa que faz música a partir de uma autointitulada “nuvem cognitiva”. Desenvolvido a partir de inteligência artificial e machine learning (quando a máquina aprende a tomar decisões com base em dados e ações anteriores), a ferramenta pode ser utilizada na elaboração de composições originais. Para isso utiliza samples, ou seja, amostras de sons pré-gravados.

O sistema, montado a partir de arquivos de áudio e sons de instrumentos digitalizados, descontrói partes da música e as transforma em elementos rítmicos. Isso permite a identificação não só de melodias e compassos, como também de gêneros, escalas e até timbres que sugerem determinadas emoções.  
 
Já o AIVA (Artificial Intelligence Virtual Artist) nasceu em uma startup de Luxemburgo. Trata-se de um aplicativo desenvolvido por especialistas em música clássica, que ensinaram o programa a compor melodias para esse gênero. Ícones como Beethoven e Mozart são citados como referências, assim como seus respectivos modelos de teoria musical.

A funcionalidade principal do app é gerar partituras para que orquestras profissionais gravem em estúdio. Com um diferencial de desempenho: o AIVA melhora sua performance sem instruções específicas ou prévias, assimilando as variações rítmicas e arranjos com os quais interage para aplicação em projetos posteriores.

Rompendo barreiras

A indústria do entretenimento também se rendeu à tecnologia. O Amper, idealizado por um grupo de compositores de Hollywood, nos Estados Unidos, já encontra respaldo em diretores e roteiristas. Da mesma forma, é opção consolidada para desenvolvedores de jogos e youtubers que buscam música original para adicionar aos seus trabalhos.  

A cantora norte-americana Taryn Southern também tomou gosto pela ferramenta. Com ela, compôs o arranjo da canção “Break Free”, lançada em 2017.

Ainda assim, os criadores do Amper garantem que ele não depende de alguém com noções básicas de composição para ser controlado. Opções como “clima”, “gênero” e “tempo” servem para iniciar o processo; e algoritmos vinculados à teoria musical encarregam-se do resto, considerando também que tipo de emoções a música desencadeia no ouvinte.

Pioneirismo

O compositor, cientista e professor norte-americano David Cope é considerado o precursor dos experimentos musicais aliados à inteligência artificial. Em 1983, após anos de pesquisa, ele idealizou um mecanismo analítico chamado Experiments in Musical Intelligence –carinhosamente apelidado de Emmy.

Ao programar e reprogramar Emmy dezenas de vezes, Cope percebeu que, se abastecido com grande variedade de trechos da obra de um determinado compositor – no caso, Johann Sebastian Bach –  ele seria capaz de identificar elementos característicos e recombiná-los de novas maneiras.

“Um dia apertei um botão, saí para pegar um sanduíche e, quando voltei, Emmy havia produzido mais de 5 mil corais a partir dos originais de Bach”, contou um bem-humorado Cope em entrevista publicada pelo jornal britânico The Guardian, em 2010.

Seu trabalho se estendeu a outros compositores e pode ser encontrado em álbuns com títulos sugestivos, entre eles Bach By Design, Virtual Mozart e Vivaldi-Zodiac.