Tudo de Bom São Paulo

A capital paulista comemora aniversário de 462 anos

Vida noturna, bares e restaurantes caracterizam a zona oeste

A zona oeste, apesar do aumento do número de prédios, ainda se caracteriza pela tranquilidade. (Foto:  Nilani  Goettems/Estadão Conteúdo)

A zona oeste, apesar do aumento do número de prédios, ainda se destaca pela tranquilidade (Foto: Nilani Goettems/Estadão Conteúdo)

Caracterizada por seus bares e restaurantes, que vão desde estabelecimentos mais despojados, no coração da Vila Madalena, reduto boêmio da cidade, até opções requintadas para apreciadores da cozinha italiana e de bons vinhos, a zona oeste se destaca entre seus moradores exatamente pela facilidade de se encontrar ambientes agradáveis para boas refeições com a família ou encontros com amigos. Tanto é assim que os restaurantes e bares foram considerados pontos fortes da região para 57% dos paulistanos da zona oeste ouvidos para a pesquisa Tudo de Bom São Paulo – a média do paulistano que destaca esse item como ponto forte de sua região é de 48%.

Outra evidência do importante papel que esses estabelecimentos têm entre a população está no fato de que 69% dos entrevistados – 7% mais do que a média – têm nos passeios noturnos para festas, shows e bares sua atividade predileta quando o assunto é zona oeste. “Sair à noite com amigos está entre aquilo que o paulistano desta região mais gosta de fazer”, diz Lucas Pestalozzi, especialista responsável pela pesquisa Tudo de Bom São Paulo na Blend New Research. “Os moradores aqui se consideram modernos, inteligentes e sofisticados, e curtem mais vinhos e jantares em restaurantes do que um bom churrasco”, analisa Pestalozzi.

Mais uma característica forte identificada pela pesquisa é que os bairros residenciais, embora continuem tranquilos, sofreram uma mudança imensa nos tipos de moradias, com as casas dando lugar a imensos prédios de apartamentos. De fato, é uma das principais mudanças observadas por Elza Falusi, moradora do Alto da Lapa há 40 anos. “Quando nos mudamos para cá, o nosso era o único prédio do bairro. Depois muitas casas e sobrados foram vendidos para grandes construtoras, que levantaram prédios e mais prédios”, recorda-se.

No entanto, conforme conta a moradora, ainda é um bairro muito tranquilo, de muitas residências e pouco comércio. “Fiz muitos amigos e conheço muita gente que ainda vive em casas por aqui, e que já disse que não vende seus imóveis por nada”, revela, referindo-se ao assédio das construtoras interessadas em colocar mais prédios nos locais atualmente ocupados por casas. Elza criou o filho no bairro. “Como é um pedaço predominantemente de residências, era comum deixar as crianças brincarem na rua”, conta, lembrando que o filho, com a esposa e a neta, também já mora ali na vizinhança.

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Aos 69 anos, João Correia é outro morador apaixonado pela zona oeste de São Paulo. “Ah, se sair daqui, só depois de morto”, brinca. Nascido e criado na Vila Anglo Brasileira, bairro vizinho à Pompeia, João lembra o quanto o lugar se transformou. “A região mudou inteira. Lembro-me de quando o Sumarezinho, no fim da Pompeia, era só mato. Aí vieram muitas casas e hoje elas deram lugar a prédios”, lembra.

João é barbeiro no pedaço há mais de 50 anos. “Comecei como empregado em uma barbearia na Vila Anglo. Em 1970, comprei a minha própria barbearia e estou na avenida Pompeia, número 1.094 desde então”, orgulha-se o hoje morador da Vila Leopoldina, também na zona oeste da cidade. E o orgulho tem razão de ser: João corta o cabelo da terceira geração de seus fiéis clientes e amigos, como gosta de frisar. “Todos os clientes são meus amigos, graças a Deus. Eu brinco que, com o tempo, acabei virando psicólogo e amigo dos meus fregueses, que muitas vezes vêm cortar o cabelo para ouvir uma palavra de conforto”, diz.

Proprietário da “Barbearia do João”, como ele diz que é conhecido o seu espaço, João diz não imaginar como é viver em outra região de São Paulo. “A zona oeste é um lugar que tem de tudo. A questão da mobilidade, inclusive para as outras regiões da cidade, é muito desenvolvida”, diz.

Além dos bares, restaurantes, shoppings – o Eldorado e o Bourbon são os preferidos dos moradores da região – e da Barbearia do João, a zona oeste ainda atrai moradores de outras partes da capital por suas festas juninas. Cerca de 35% dos entrevistados pela Tudo de Bom São Paulo disseram que junho é o mês mais gostoso para se visitar a região. “É quando acontecem as festas juninas de rua”, diz Pestalozzi.

Bourbon Shopping (Foto: José Luiz da Conceição/ Estadão Conteúdo)

Bourbon Shopping (Foto: José Luiz da Conceição/ Estadão Conteúdo)

A relação entre Mercadão da Lapa e Getúlio Vargas
Você possivelmente nunca ouviu falar no Mercado Municipal Rinaldo Rivetti, certo? Mas provavelmente, ainda mais se é morador da zona oeste da cidade, já até esteve lá. Esse é o nome oficial do Mercadão da Lapa, importante ícone e ponto turístico da zona oeste de São Paulo, citado como local referência da região pelos seus moradores.

Idealizado pelo vereador Ermano Marchetti e projetado e construído pela Prefeitura do Município de São Paulo há 65 anos, o prédio de forma triangular chamou a atenção, na época, por sua modernidade.

Uma curiosidade do Mercadão é que ele foi inaugurado em 24 de agosto de 1954, justamente no dia do falecimento do então presidente Getúlio Vargas. Por isso teve de baixar as portas já às 10h, por conta do luto oficial decretado no País. A queima de fogos de artifício planejada para a inauguração também foi cancelada. A maior parte dos 60 boxes existentes na ocasião da abertura do Mercadão era ocupada por comerciantes de um extinto mercadinho da Rua Clélia, quase todos imigrantes recém-chegados da Europa, principalmente da Itália. E os primeiros clientes a aparecer foram também imigrantes europeus, que encontravam grande parte dos produtos vindos de seus países de origem – vinhos, uísques, bacalhau, peixes, azeites e funghis italianos.

Hoje o espaço de mais de 4.800 m² reúne cerca de 90 boxes, onde são encontrados produtos que vão desde peixes, carnes, frios e laticínios até doces, temperos, ervas e condimentos, artigos de tabacaria e utilidades domésticas. Também conta com espaços de hortifrúti, floricultura e restaurantes.
O Mercadão fica na rua Herbart, 47, no bairro da Lapa. Funciona de segunda à sexta, das 8h às 19h, e aos sábados, das 6h às 18h.