Mercado de leilões

31 de agosto de 2018

Cresce a presença feminina no mercado de leilões

As mulheres estão conquistando cada vez mais espaço no segmento de leilões. Há vinte anos, praticamente só havia homens nesse setor, seja na condução dos pregões, seja entre os compradores. Mas isso está mudando. Dados disponíveis no site do Sindicato dos Leiloeiros do Estado de São Paulo mostram que elas representam 23% dos profissionais da categoria.

As leiloeiras Mariana Sodré Santoro Batochio e Carolina Lauro Sodré Santoro são dois exemplos. Como revelam os sobrenomes, elas pertencem à família de fundadores de uma das maiores organizações de leilões do País.

Mariana (de saia vermelha) e Carolina no páteo da Sodré Santoro, em Guarulhos (SP)

As duas contam que, ao ingressar na profissão, não sentiram discriminação pelo fato de serem mulheres. O que pesou mais, no início, foi o nervosismo, comum a quem começa a exercer uma atividade que exige falar em público. Mariana lembra do primeiro pregão que realizou, há 19 anos, no interior de São Paulo, para vender imóveis. “Há sempre a ansiedade da estreia, mas o leilão foi excelente e eu me senti especialmente realizada ao ver as pessoas comemorando a compra da casa própria.”

Leiloeira há 12 anos, Carolina também estreou em um leilão de imóveis. “O leilão foi muito produtivo e houve ótima disputa pelos lotes”, ela diz.

As duas acreditam que homens e mulheres são igualmente competentes para atuar na profissão – cada um ao seu estilo. E que a presença de ambos dá maior diversidade ao segmento.

Rainha da Sucata

Entre os compradores, mulheres também vêm se destacando. É o caso de Andreia Silva Mota. Depois de trabalhar durante vários anos no setor metalúrgico de Brasília, ela enxergou a enorme necessidade que seus clientes tinham por peças usadas. Há onze anos, mudou-se para São Paulo e passou a frequentar os leilões de sucata da Sodré Santoro.

Andreia Mota: “Eu era a única mulher. Tinha muito machismo, senti preconceito, mas não me deixei levar por isso”

“Eu era a única mulher. Tinha muito machismo, senti preconceito, mas não me deixei levar por isso. O que é importante para mim, eu acredito e faço. Então, impus respeito e trabalhei firmemente. O meu trabalho me levou a ser protagonista de mim mesma”, conta Andreia. Para enfrentar o preconceito, ela adotou uma estratégia: “Não me entrosava muito, ficava focada no leilão”. Deu certo. Hoje, Andreia é reconhecida pelo profissionalismo e ganhou até um apelido carinhoso dos funcionários da Sodré Santoro: Rainha da Sucata.

O crescimento da participação feminina reflete principalmente a força que as mulheres vêm conquistando em todos os segmentos. Outro fator que contribuiu para esse fenômeno foi o advento do pregão online, que favorece as compradoras que preferem evitar um ambiente ainda predominantemente masculino.

Mas a presença delas está cada vez mais comum também nos auditórios onde os leilões são realizados – especialmente em alguns tipos específicos. “Se há oportunidade e o produto agrada o público feminino, elas vêm”, diz Carolina. Um exemplo são móveis e artigos de decoração especiais. Regularmente, a Sodré Santoro é contratada para vender produtos que mobiliavam residências de representantes diplomáticos ou executivos de outros países que foram embora após um período de trabalho no Brasil. Nesses leilões, elas são maioria.

Apesar do crescimento verificado nos últimos anos, a compradora Andreia Mota espera que a presença feminina no segmento de leilões cresça mais no futuro. “A mulher precisa entender que ela pode estar onde quiser. Ela tem o poder de sua vida nas mãos. Por muito tempo, fomos desacreditadas na sociedade, mas essa época já passou. Superamos nossos limites e somos nossas próprias heroínas”, afirma.

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