Mercado de leilões

27 de junho de 2018

Bom para o vendedor e para o comprador

Leilões são uma das melhores formas de vender um produto pelo seu preço justo, ou seja, aquele que satisfaz os interesses do comprador e do vendedor. Esse fato fica ainda mais evidente em negociações envolvendo produtos com pouca referência de valor de mercado, como ilustram três histórias de leilões realizados pela Sodré Santoro.

200 miniveículos de origem chinesa

A crise econômica dos últimos anos deixou muitos empresários com estoque parado. Em 2017, um importador de miniveículos fabricados na China (minimotos, minibugues e miniquadriciclos) decidiu utilizar o sistema de leilões como um canal de vendas rápidas. Em pouco tempo, comercializou 200 unidades por preços em torno de 30% abaixo do valor de mercado – uma verdadeira pechincha para os compradores e um bom negócio também para ele, que recebeu o dinheiro rapidamente sem gastar com força de venda ou atendimento ao cliente.

O tigre de 49.700 cristais Swarovski

Quanto vale uma escultura de um tigre de cerca de 50 centímetros recoberta por 49.700 pedras de cristal Swarovski? Em 2015, uma peça assim, novinha em folha, era vendida por aproximadamente R$ 65 mil. Mas quanto valeria a mesma peça, também nova, se um pequeno acidente houvesse rompido a cauda do tigre – e ela tivesse sido cuidadosamente restaurada por um profissional?

A resposta veio em um leilão realizado naquele ano pela Sodré Santoro, cujo edital informava todos os detalhes da peça, do acidente e do restauro. “O vendedor esperava conseguir R$ 10 mil, no máximo, R$ 15 mil”, afirma De Santi. “Mas ela foi arrematada por R$ 22.400.” E o comprador pode levar para casa uma obra de arte com um defeito imperceptível por um terço do valor de uma nova.

O computador que só saía pelo telhado

No final da década de 80, a Sodré Santoro foi chamada por uma empresa de tecnologia que queria se desfazer de um computador de grande porte, ou mainframe, desativado havia anos. Era uma máquina gigantesca, de cerca de 3 metros de largura por 8 metros de comprimento. Não havia como tirá-la por portas e janelas – a única alternativa seria removê-la pelo telhado, com guindaste.

Moacir De Santi, leiloeiro oficial da Sodré Santoro, lembra que o mainframe era tão obsoleto que seu poder de processamento já havia sido superado pelo de um simples computador de mesa. E não era antigo o bastante para interessar a algum museu. “A empresa pretendia vender a preço de sucata – o que daria uns R$ 15 mil em valores de hoje”, recorda De Santi. “Mas tinha uma exigência: o comprador deveria arcar com todos os custos de retirada, incluindo a remontagem do telhado e do forro.”

O computador acabou sendo vendido por R$ 85 mil, quase seis vezes o valor esperado. Surpreso com o resultado, o leiloeiro foi confirmar com o comprador se ele estava ciente dos custos de remoção. Foi então que ficou sabendo que a intenção não era retirar, mas sim desmontar os computadores ali mesmo – e extrair cuidadosamente os cerca de 5 quilos de metais nobres que recobriam diversas partes do equipamento, incluindo ouro, prata e platina. Esse trabalho era a especialidade do comprador – e em poucos dias a sala estava vazia, sem nenhuma quebradeira.

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