Ao completar 50 anos, a TV Cultura é considerada a televisão de maior credibilidade do País, por seu elevado padrão ético e o menor índice de rejeição, segundo pesquisa do Datafolha. Estudo de âmbito internacional feito pelo instituto de pesquisa britânico Populus, uma entidade especializada, divulgado em 30 de janeiro de 2015, concluiu
que “a TV Cultura é a segunda emissora de televisão de maior qualidade do mundo”, atrás apenas da BBC One.

 

Tenho acompanhado de perto a trajetória de cinco décadas dessa emissora pública, literalmente desde sua inauguração, em 15 de junho de 1969. Como título de minha reportagem neste Estadão, dias antes da inauguração da nova TV, usei o slogan inicial da emissora: “Um jeito diferente de fazer televisão”. É claro que, como quase todas as
instituições públicas do Brasil, a TV Cultura também atravessou momentos de crise e de grandes dificuldades ao longo de 50 anos de vida. O saldo de suas atividades, entretanto, tem sido extraordinário.

 

A palavra de Marcos Mendonça

 

Em entrevista exclusiva a esta coluna, após cumprir três mandatos como presidente da Fundação Padre Anchiet,
Marcos Mendonça ressalta que a TV Cultura vive um momento de renovação em sua programação, com conteúdo mais rico e de elevado nível cultural. E acrescenta: “Nos últimos seis anos, além do saneamento financeiro, concluímos o projeto de modernização tecnológica e de digitalização da emissora. Assim, a TV Cultura alcança hoje um novo patamar de eficiência”. Mendonça relembra ainda que, quando reassumiu a presidência da Fundação, em 2013, a TV Cultura enfrentava uma situação muito difícil, com uma dívida da ordem de R$ 40 milhões. Em 2016, esse déficit foi reduzido para a metade e, ao encerrar seu mandato, ele deixa um saldo credor de R$ 20 milhões.

 

A TV Cultura tem hoje a mais variada programação cultural do País, além de cobrir com independência os principais
temas políticos e econômicos – sem qualquer viés governista, tão comum em outras emissoras estatais. Seu telejornalismo conta sempre com a participação de debatedores, o que assegura maior amplitude de opinião e de visões. Roda Viva talvez seja o melhor exemplo de longevidade de um programa de entrevistas de prestígio na história da televisão do País, do qual participaram as mais diversas personalidades brasileiras há mais de 30 anos. Nenhuma outra emissora dedica tanto tempo à programação infantil com a qualidade e o cuidado que a TV Cultura dedica a essa área. Um dos exemplos históricos que a emissora ofereceu ao longo de sua existência foi a série infanto-juvenil Castelo Rá-Tim-Bum.

 

A mesma atenção especial tem sido dedicada à divulgação da música – tanto a erudita, com transmissão de concertos da Sala São Paulo e de grandes orquestras internacionais e concursos para revelação de talentos, quanto a música popular brasileira e a sertaneja, de que são exemplos as apresentações comandadas por Rolando Boldrin, e as da saudosa Inezita Barroso, durante mais de 20 anos. Por todas as razões aqui expostas, concluo que o legado dos 50 anos da TV Cultura é dos maiores e mais valiosos para o País.