Transformação digital

10 de outubro de 2017

Empresas e consumidores conectados

Tendência em tecnologia para os próximos anos, a internet das coisas pode revolucionar a maneira como vivemos, trabalhamos e tomamos decisões

Um dos pilares da transformação digital*, a Internet das Coisas** — conhecida pela sigla IoT (Internet of Things, em inglês) — é capaz de otimizar processos dentro das organizações e trazer praticidade e segurança à vida das pessoas. Na prática, é a conexão de objetos e equipamentos à internet, tendência que já começa a criar um mercado com oportunidades para todos os segmentos. Em 2016, ela movimentou cerca de US$ 6 bilhões apenas no Brasil.

Mas que impactos essa tecnologia tem nas organizações e como desenvolver modelos de negócios sustentáveis nesse novo cenário? O questionamento foi apresentado na Futurecom 2017, maior feira de tecnologia da América Latina, realizada entre os dias 2 e 5 de outubro, em São Paulo. Um dos caminhos apontados pelos principais dirigentes e CEOs de diferentes empresas são as parcerias entre grandes companhias e startups com gene inovador. “As ideias surgem em empresas menores, que não têm tanta capacidade de investimento. Podemos contribuir ajudando com a nossa estrutura. Os dois lados saem ganhando”, analisa Ney Acyr Rodrigues, Diretor de Negócios de IoT da Embratel, empresa que tem soluções nesta área para os mais variados segmentos.

Além da infraestrutura de nuvem, data center e rede, as grandes empresas também podem oferecer ferramentas para a evolução da inteligência, captura e gestão da base de dados das pequenas empresas. “Você precisa gerenciar os dados todos, não basta conectá-los. As parcerias podem ajudar esse mercado que já está começando a transformar a vida das pessoas”, acrescenta Rodrigues.

Os números mostram que essa mudança já está acontecendo. A Embratel, por exemplo, tem mais de 5 milhões de dispositivos conectados no Brasil. Desses, 500 mil são carros. A empresa desenvolveu, entre outras soluções, um sistema inteligente para gerenciar os automóveis, com transmissão de dados feita por meio de um SIM Card. Uma das parcerias é com a Volvo. A tecnologia permite que o carro tenha diversas funcionalidades via internet que trazem mais praticidade e segurança ao motorista e aos passageiros (veja mais no infográfico).

Mercado em transformação

A aplicação de soluções em IoT tem mudado a rotina das empresas. Na área industrial, por exemplo, companhias cujas operações são distribuídas em diversas cidades conseguem fazer o acompanhamento online de seus processos de planejamento e produção. Um operador no Japão pode supervisionar uma máquina no Brasil. Elevadores podem ser monitorados em tempo real à distância. Isso ajuda a identificar o desgaste das peças e programar as manutenções.

No segmento de saúde, o uso da IoT permite a conexão de aparelhos à rede para facilitar a gestão de informações sobre os pacientes e controlar histórico médico, diagnósticos e tratamentos. E os benefícios se estendem para os mais diversos setores, como agronegócio e serviços, que são a base do desenvolvimento de soluções nas cidades inteligentes. É mais do que uma tendência para o futuro. É uma necessidade do presente.

* Transformação digital

Movimento por meio do qual uma empresa passa a digitalizar e virtualizar todos os seus processos: produção, planejamento, fabricação, entrega ao consumidor, entre outros. A tecnologia não é mais pensada como um braço da área de TI apenas, mas como uma estratégia que atravessa e se relaciona com todas as divisões dentro de uma empresa.

• Componentes da transformação digital: serviços de data center, cloud computing, big data e analytics, segurança, mobilidade, Internet das Coisas, cidades inteligentes, negócios sociais.

** Internet das coisas

Permite que vários objetos da vida cotidiana e em diversos setores das empresas estejam conectados à internet. A Internet das Coisas pode ser aplicada em diferentes setores. Basicamente, se divide em três categorias:

• IoT Industrial: conexão de máquinas, equipamentos e sistemas dentro das redes das empresas. Otimiza processos de planejamento, produção e gestão.

• IoT Social: geralmente são sistemas abertos e que tratam de diversas aplicações sob uma mesma central de controle e comando, como as aplicações em cidades inteligentes.

• IoT Pessoal: equipamentos conectados à rede, como geladeiras, relógios e outros dispositivos.

Liderança digital

Estabelecer uma estratégia eficiente em IoT é parte de um caminho que as empresas mais antenadas no mercado já começaram a percorrer. Para o diretor executivo de negócios e marketing da Embratel, Marcello Miguel, a tecnologia é um meio de melhorar a cultura de toda a organização. “É toda uma mudança organizacional, não só uma simples digitalização do processo”, explica, acrescentando que o papel do CEO é fundamental para definir uma visão digital de longo prazo, mas deve estar apoiado em um direcionamento de todos os outros setores na empresa: engenharia, TI, marketing, recursos humanos.

Marcello cita a própria Embratel para exemplificar a transformação digital. A virtualização da rede física da companhia permite que processos antes feitos de forma presencial possam ser realizados com mais eficácia. Um técnico que se deslocava só para ver se um roteador funcionava, passa a verificar isso remotamente. “Tentamos utilizar internamente as soluções que vendemos. Temos que nos reinventar para dizer aos clientes o que estamos fazendo”, afirma.

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