Todo pai faz planos para os filhos. Até mesmo antes de o bebê chegar, muitas vezes. “Ele vai ser batalhador como eu” ou “vai estar comigo todas horas”, “ela vai ser uma médica tão competente quanto a mãe”. O tempo vai passando, as crianças desenvolvem os próprios gostos, se tornam adolescentes cheios de personalidade, e uma série de expectativas criadas lá atrás provavelmente se resume a “só quero que meu filho seja feliz”. Como, então, criar indivíduos realizadores e plenos?

O primeiro passo é compreender que, por mais que existam planos, ter um filho é uma aventura. Abraçar a ideia de que aquela pessoinha pode ser completamente diferente de você (e incrível à sua própria maneira) ajuda a estabelecer compreensão e apoio, pilares importantes para sustentar a autoconfiança.

É preciso também saber colocar limites na hora de amparar. Quando somos bebês, precisamos dos adultos, principalmente dos pais, para tudo. “São eles que, geralmente, sustentam, protegem e traduzem o mundo para os recém-nascidos”, explica Lorraine Baker, educadora e psicanalista.

Rumo à independência

No entanto, existe o momento de abrir mão dessa ajuda constante para que a criança possa dar os primeiros passos em sua trajetória. “Ser onipotente frente aos filhos é bastante sedutor para os pais, mesmo quando a criança já não precisa de tantos cuidados, muito menos que se faça tudo por elas”.

Para a psicanalista, não existe fórmula pronta capaz de determinar até onde vai o excesso de zelo e o que poderia ser classificado como desamparo. “Cabe ao adulto olhar para si mesmo e perguntar se está fazendo aquilo pelo filho ou para si mesmo. Nesse sentido, é importante criar espaços para que a criança experimente e aproveite os momentos sozinha, perguntando se ela precisa de ajuda e estando preparado para ouvi-la verbal e não verbalmente”.

No caso dos adolescentes, que são mais independentes, ajudar a realizar também é possível. Ao contrário dos pequenos, que veem os pais como super heróis, eles já descobriram que os adultos não sabem de tudo e não acertam todas. E, por isso, rivalizam. “Eles precisam de interlocutores atentos e cativantes – adultos que se interessem genuinamente pela vida deles e possam assumir que também falham, sim. Isso abre caminho para parcerias, em vez de disputas”.

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