Logo depois que a esposa sai para trabalhar, o editor de arte Leandro D’Faustino desperta e, em seguida, acorda os dois filhos, Lorenzo, de três anos, e Lara, de 12. “Organizo a mochila, as trocas de roupas, lancheiras e, quando dá tempo, tomamos café. Por volta das 9h30, eu os levo para a casa dos meus pais, que fazem parte da nossa rede de suporte”.

Durante o dia, ele e a mulher mantêm contato para decidir quem poderá buscar as crianças. Por volta das 20h30, quando a família está reunida, é hora de passar tempo junto e ir para a cozinha preparar alguma receita. “Depois, eu brinco com eles”, conta. “Corremos pela casa, pulamos na cama, fazemos lutinhas. Valorizo muito esse tempo de qualidade”.

Leandro faz parte de uma nova geração de pais, mais livre e mais interessada em partilhar do cuidado com os filhos. Homens participativos e parceiros não são mais motivo de surpresa. Alguns, inclusive, abrem mão da carreira para cuidar do lar, o que seria impensável décadas atrás. Com a ajuda da experiência acadêmica e pessoal, o antropólogo Ritxar Bacete, do País Basco, criou o conceito de “paternidade positiva” para explicar esse novo momento.

Saiba qual presente mais combina com seu pai

A principal mudança defendida na tese é a de que homens também possam se ver como cuidadores comprometidos e presentes, que aprendem constantemente, acertam e erram e entendem que a obra de ser um bom pai nunca está acabada. “Não devemos esquecer que o cuidado é tecnologia humana. E que se aprende a cuidar. Do mesmo modo que as mulheres aprenderam, também podemos aprender”, disse em entrevista ao “Diário Catarinense”.

“A gente faz questão de compartilhar as funções e, se não der para um fazer, o outro faz. São nossos filhos, não os filhos dela ou os meus”, diz Leandro. Ele enxerga a tarefa com naturalidade, pois estar presente é um prazer, não uma obrigação, assim como ver a personalidade de cada um despertar.

E tem mais. Não se recorda de nenhum amigo que pense diferente. “Todos os que fazem parte do meu círculo têm participação ativa. Muita gente acredita que ajudar financeiramente é participar, mas não vejo dessa forma. É algo afetivo. Não existe receita para ser bom pai, mas acho que estar ao lado é o primeiro passo para que todo o resto aconteça, do suporte às broncas”.