Isolamento social, uso de máscara, lavagem constante das mãos e aplicação de álcool em gel. Em tempos de pandemia todos já sabemos de cor e salteado essas recomendações. Mas, quem sofre com mieloma múltiplo, um câncer do sangue que atinge, a princípio, a medula óssea precisa ter um cuidado redobrado.

 

“Essas pessoas não são mais propícias à infecção, mas, como a maior parte delas está acima dos 60 anos e costumam estar imunossuprimidas – o que significa que seu sistema imunológico não está trabalhando tão efetivamente – têm mais chance de apresentar as complicações do coronavírus”, afirma o hematologista Abrahão Hallack Neto, da Universidade Federal de Juiz de Fora, em Minas Gerais.

 

Mas isso não deve ser razão para esses indivíduos abandonarem ou negligenciarem o tratamento, o que eleva as chances de enfrentarem complicações graves. No entanto, como neste momento, quanto menos pessoas saírem de casa, melhor, os especialistas têm diminuído a ida dos pacientes a hospitais, consultórios e clínicas e lançado mão de opções terapêuticas que proporcionem maior comodidade ao paciente, associadas a consultas por telemedicina.

 

Tratamento multidisciplinar

 

No caso do mieloma múltiplo, que segundo a Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (ABRALE) atinge cerca de 7 mil pessoas por ano no Brasil e é o segundo câncer hematológico mais frequente no mundo, o tratamento é multidisciplinar.

 

Muitas vezes, a pessoa apresenta lesões ósseas que necessitam da intervenção de um ortopedista e um fisioterapeuta. O paciente também pode ficar abalado emocionalmente, o que o leva a precisar da ajuda de um psicólogo. Além disso, em grande parte dos casos, um nutricionista também precisa garantir uma dieta adequada. O geriatra também faz parte do quadro de especialistas que trata a doença, pois a maioria dos casos acontece em idosos, além do hematologista.

 

A ação em conjunto de todos esses profissionais garante mais qualidade de vida aos pacientes, e, assim como acontece com todos os outros tipos de câncer, o diagnóstico precoce pode evitar as complicações que comprometem a rotina de quem precisa conviver com a doença.

 

Atenção aos sintomas

 

Por isso, é muito importante ficar atento aos seus sintomas. Segundo Hallack Neto, a doença pode desencadear anemia, o que costuma provocar muito cansaço, além de problemas nos rins, que em casos extremos pode chegar à falência renal. “Também pode prejudicar a coluna, fazendo com que haja dificuldade para se movimentar, e comprometer os ossos, o que pode levar a uma lesão espontânea, que acontece sem causa aparente”, completa.

 

Diante desses fatores, o especialista pede um exame chamado mielograma que, por meio de uma punção na medula óssea, permite a retirada de uma amostra do material para ser avaliada e confirmar o diagnóstico. Para chegar a esse ponto, é muito importante que o caso seja avaliado com muita atenção, pois, como esses sintomas são comuns com o avançar da idade, podem facilmente ser confundidos com outras patologias. “O mieloma múltiplo não tem cura, mas, se for bem cuidado, torna-se uma doença crônica, como o diabetes e a hipertensão arterial”, afirma o médico.

 

Material destinado para o público geral e imprensa. Em caso de dúvidas ligue gratuitamente SAC: 0800 771 0345. BR/IXA/2007/0056 – Junho de 2020.