Uma das maiores dúvidas dos jovens em início de carreira é como preparar um currículo que valorize as experiências – muitas vezes quase nenhuma em empresas – que ajudaram a formar aquele profissional que está em busca de boas oportunidades. Existem vários modelos prontos na internet e quase todos já são conhecidos dos recrutadores e pouco convincentes. Então, como transformar essas poucas páginas em algo que interesse aos executivos de recursos humanos? “Para se destacar, além de ter o conhecimento, é preciso sinalizar as coisas positivas e a sua vontade de continuar aprendendo. É necessário mostrar que, dentro das suas possibilidades de acesso, você fez o melhor: foi atrás de grupos de estudo e de discussão, entrou em fóruns, fez cursos. Não seguiu somente o currículo da universidade e procurou colocar em prática o que aprendeu antes mesmo de começar a trabalhar”, afirma Wikings Machado, CEO da divisão Energy Management Customer Services da Siemens.
Lena Medeiros, gerente de treinamento, desenvolvimento e liderança da Siemens, aponta como funciona a mente de um bom recrutador: “Para um estudante, a experiência não será diferencial. O que exploramos na entrevista é se ele fez escolhas coerentes. Se fez apenas um curso por fazer, a gente percebe quando há falta de foco e cuidado no momento das escolhas”. Daniela Diniz, gestora de eventos e comunicação da consultoria Great Place to Work, concorda com Lena. “Não adianta fazer cursos apenas para dizer ao mercado que está se esforçando e incluir linhas no seu currículo. Se esse for seu objetivo, já começou errado. É preciso buscar conhecimento sim (e sempre), mas para realmente se aperfeiçoar e se tornar um profissional melhor e mais gabaritado”, diz Daniela.
Para não cometer deslizes, Alexandre Pellaes, fundador das empresas Ex-Boss e 99Jobs, dá dicas importantes. “Uma característica essencial (e muito desprezada pelos candidatos) é a construção da narrativa. É ela que vai fazer a diferença no impacto que sua história terá sobre o recrutador. Imagine que a narrativa é a linha e a costura que ligam diversos retalhos (suas experiências, cursos, escolhas), formando uma colcha”, afirma Pellaes. Para ele, duas pessoas diferentes, com os mesmos retalhos, poderão construir colchas únicas. E uma pode ser linda, enquanto a outra pode ser horrível. “Por isso, compreenda a motivação por trás de suas escolhas e tenha sua linha bem preparada, com pontos bem escolhidos e uma costura bastante atrativa. Isso deve ficar evidente no seu currículo, no LinkedIn e em qualquer outro material seu. Assim, o recrutador vai querer se enrolar na sua colcha e não na de outro candidato”, acrescenta Pellaes.