O desafio do painel da tarde desta segunda-feira (9), dia de abertura do Congresso de Inovação e Megatendências 2017, realizado na FEI, foi debater soluções para a mobilidade e conectividade em 2050, seguindo o tema do evento. Quem ficou encarregado de abrir a discussão foi Besaliel Botelho, Presidente da Robert Bosch América Latina, que deu alguns exemplos de tópicos relevantes ligados à infraestrutura, necessários para que tenhamos um futuro mais conectado de forma sustentável, produtiva e inteligente. “Conectividade é mais do que tecnologia e comunicação. Tudo tem que ser smart, que é a palavra da moda, e ter inteligência para interação com os aparelhos”, disse.

Botelho deu como exemplo o rápido avanço da tecnologia envolvida no desenvolvimento dos carros autônomos e elétricos. “Essa já é uma realidade certa e ajudará na mobilidade mais eficiente e segura. Já investimos cerca de 7 bilhões de euros anualmente para as pesquisas do veículo do futuro”, afirmou. Sob a moderação do jornalista José Emílio Ambrósio, os palestrantes foram convidados a entrar na discussão. “Queria colocar o assunto em cima da questão científica. Para qual direção aponta?”, questionou.

João Fernando G. de Oliveira, Professor Titular de Engenharia de Produção da Universidade de São Carlos elogiou a iniciativa e o espaço gerado no Congresso para o debate. “A minha visão é de que as grandes oportunidades estão no entendimento claro dos valores e necessidades humanas e modelos de negócio”, afirmou, dando o exemplo de como a mobilidade é uma necessidade de ser debatida. Citando o exemplo do funcionamento do Uber, apontou como o conhecimento científico ajuda a criar soluções para demandas da sociedade. “Não é só um app que você aperta e para um carro. Tem algoritmos de mapeamento de trânsito, de demanda. Por trás da máquina, tem alguém pensando nessa necessidade do serviço”, completou.

Aproveitando o gancho do mercado automobilístico, Rogelio Golfarb, Vice-Presidente de Estratégia, Comunicação e Relações Governamentais da Ford para América do Sul, falou sobre a perspectiva da empresa para o futuro. “Estamos trabalhando em inteligência artificial. Antes, o que era ‘core business‘ para indústria automobilística era fazer motor, carroceria. Hoje é bateria, software, inteligência artificial. Estamos investindo e trabalhando culturalmente para fazer essa transição”, explicou. Golfarb ainda lembrou que, além da motivação pela inovação, as marcas precisam transformar soluções também em modelos de negócio.

“O que incomoda você? Minha função é resolver. Se eu consigo resolver, é apenas metade do caminho. Eu ainda preciso criar um modelo de negócio. Sem isso, a empresa não anda”, concluiu. Falando também sobre inteligência artificial, Antonini Puppin-Macedo, Diretor Geral do Centro de Pesquisa e Tecnologia da Boeing no Brasil, comentou sobre as inovações da empresa no setor, enaltecendo o foco coletivo que a indústria de aviação possui. “É absolutamente fascinante como a segurança aeronáutica evoluiu ao longo dos anos”, disse, enumerando certificações e protocolos criados em conjunto com fabricantes, operadoras e agências reguladoras. “Este arcabouço feito de forma coletiva vai nos permitir usar todas as tecnologias com segurança. Talvez demore, mas a experiência da tecnologia da aviação nos mostra que podemos fazer isso de forma segura”, completou.

Segurança

A questão da privacidade foi levantada muitas vezes no debate, questionando principalmente a segurança dos dados dos usuários dentro do conceito de Big Data. Breno Barros, Diretor Global de Digital Business & Innovation na Stefanini, disse que o tópico é visto com “bastante atenção e seriedade” na empresa. “O avanço tecnológico também é usado por hackers. A cada 10 tentativas de criação de contas em alguns aplicativos, 6 são fraudes. Por isso trabalhamos para aprimorar reconhecimento facial, documentos para confrontar o invasor, etc.”, afirmou.

Conectado, mas afastado

Outro tópico levantado se deu em torno de um questionamento: a tecnologia une ou afasta as pessoas? Embora estejamos mais conectados por meio de aparelhos, é possível que estejamos nos distanciando como humanos. A provocação partiu do mediador José Emílio. Embora o assunto tenha ficado sem consenso entre os convidados, Breno Barros exemplificou uma situação para o bem estar em todos os patamares. “A tecnologia vai diminuir a ineficiência e melhorar a qualidade de vida. Isso vai fazer com que as pessoas tenham mais tempo para empreender, ganhar mais dinheiro, ter lazer e serem mais felizes”, concluiu.

Despedida em grande estilo

Demonstrando como o futuro já está próximo, o encerramento do painel foi feito por um humanóide. A tarefa ficou por conta da robô Judith, desenvolvida pela FEI e já conhecida nos corredores do centro universitário. Ela se despediu dos convidados arrancando aplausos.