Depois de vários debates sobre inovações, soluções e megatendências para 2050, discutidos no Congresso de Inovação 2017, o evento abriu os painéis do seu último dia discutindo maneiras de integrar sistemas entre campo e cidades inteligentes e o papel transicional das gerações envolvidas nesse processo.

No painel “Diálogo de gerações”, Flávio Tonidandel, Professor Coordenador do Curso de Ciência da Computação do Centro Universitário FEI, abriu o debate, mediado pelo jornalista José Luiz Tejon, falando sobre os profissionais que entrarão no mercado. “O combustível dessa geração é o desafio. Quando esses jovens são desafiados, vão além do que era proposto”, afirmou.

Este combustível, segundo ele, vai além dos ganhos financeiros, já que o foco dos novos profissionais se dará por meio dos ganhos pessoais. “As empresas e instituições de ensino precisam mudar. Esse pessoal que está chegando vai moldar nosso futuro”, explicou.

Motivação e mudanças

Um ponto debatido pelos palestrantes foi a mudança do formato “estudo, trabalho e aposentadoria”, que afetará radicalmente as relações entre o estudantes, profissionais e educadores. Patricia Ellen, Sócia da McKinsey & Company, ressalta que a motivação terá um “impacto incrível” para que as próximas gerações fiquem focadas em seus projetos, pontuando o crescimento dos “períodos sabáticos”, onde jovens se afastam da sua rotina e trabalhos convencionais em busca de novos horizontes. “Isso tudo tem a ver com você desaprender alguma coisa para aprender algo novo”, disse.

Representando os alunos da FEI na palestra, Thaís Vital de Zwart, Diretora de Projetos da JRFEI, cobrou também dos colegas essa postura de projetar o futuro, mais especificamente em 2050, como proposto pelo Congresso. “A gente nasce com tecnologia na nossa mão, mas não tem estímulo para procurar mais”, afirmou.

No painel seguinte, “A gestão inteligente da integração Campo-Cidade”, o assunto continuou vivo, principalmente com questões ligadas ao mercado de trabalho. Luís Artur Nogueira, Jornalista da IstoÉ Dinheiro e mediador do debate, disse que este setor normalmente tem uma demora maior para se recuperar em momentos de crise. “Aos poucos estamos melhorando o cenário econômico. Estamos em um País onde não se fala de longo prazo”, concluiu.

Orgânicos e a união do campo e da cidade

Tema principal do Congresso, a integração entre cidade e campo despertou vários tópicos entre os palestrantes do segundo painel do dia. Mônika Bergamaschi, Presidente Executiva do Instituto Brasileiro para Inovação e Sustentabilidade no Agronegócio, afirmou que essa proximidade será cada vez maior, principalmente em relação à demanda pelos produtos.

Para ela, existirá um movimento natural das pessoas se envolverem mais com o produto que consomem cobrando valor agregado por ele. Como exemplo, citou o crescimento do interesse por alimentos orgânicos. “Estaremos no campo e quem dará o voto monetário será o consumidor”, afirmou.

“É claro que existe um preço por isso na transição, mas ao longo do tempo isso vai se equilibrar. É isso que queremos? É importante para nós?”, questionou. Bergamaschi afirmou que estas e outras questões devem ser pensadas pelo País como unidade, e não por setores.

Josué Christiano Gomes da Silva, Presidente da Coteminas, endossou a opinião sobre os orgânicos lembrando da recente compra da gigante Amazon, que adquiriu a marca Whole Foods, especializada em orgânicos. “Existe uma demanda crescente pela sustentabilidade. A maior demanda vai levar a um aumento de escala e os preços vão equalizar no futuro. A tecnologia vai dar conta de tudo isso”, disse.

Haverá uma pressão também de demonstrar clareza dentro de todo o processo de produção. Renato Buselli, Vice-presidente Sênior da Siemens, retoma episódios da indústria leiteira, que sofreu com escândalos de adulteração do produto. “A tendência é o consumidor pressionar para ver o valor agregado. Ele quer enxergar transparência em todo o processo e a tecnologia vai garantir que ele tenha visão da origem do produto”, afirmou. Há casos de empresas de leite que já colocam códigos QR na embalagem, que ao serem decodificados por smartphones mostram registros e certificações.