Os empreendimentos de uso misto têm se tornado cada vez mais populares nos grandes centros, especialmente em São Paulo. Mas, ao contrário do que muitos pensam, eles não são uma completa novidade. Tratam-se de uma releitura de edifícios que eram bem comuns até a década de 1970, caso de ícones da arquitetura como o Conjunto Nacional, a Galeria Metrópole, o Edifício Eiffel e o próprio Copan.

 

Com a aprovação do novo Plano Diretor Estratégico de São Paulo, a cidade tem presenciado uma retomada desses tipos de edifícios, que buscam amenizar um problema recorrente dos grandes centros urbanos: a falta de mobilidade. “Já na década de 1950, o Conjunto Nacional, na Avenida Paulista, demonstrava este desejo de integrar o edifício à cidade por meio de um complexo comercial, residencial de serviços e lazer”, explica o arquiteto Fellipe de Carvalho Silva. “Hoje, com os instrumentos de incentivo do Plano Diretor, há uma busca em construir uma cidade mais próxima das pessoas e mais distante do carro”.

 

Segundo ele, o centro de São Paulo e outros bairros já consolidados é repleto de empreendimentos antigos de diversos usos. “É onde encontramos tradicionais armazéns, restaurantes, lavanderias e outros tipos de serviços”, diz Silva. No Rio de Janeiro, por exemplo, em bairros como Ipanema, Leblon, Leme, Copacabana, também é possível observar edifícios de uso múltiplo que se integram-se à cidade. “Nestes bairros estabelecidos há décadas, muitas pessoas transitam a pé pelas ruas e fazem todas as atividades típicas do dia a dia em poucas quadras”.

 

E como tudo o que é bom sempre volta à moda, hoje os grandes centros urbanos estão testemunhando a volta de edifícios pensados para facilitar as tarefas dia a dia e trazer mais qualidade de vida para os moradores. Segundo, Douglas Tolaine, Senior Project Design do escritório de arquitetura Perkins+Will, a arquitetura e o urbanismo contemporâneo têm como premissa integrar os cidadãos e minimizar deslocamentos. “Hoje, as pessoas querem facilidade nos acessos e otimização do seu tempo. Por isso, um empreendimento tem a responsabilidade de oferecer soluções que absorvam as atividades de morar, trabalhar, entreter e conviver de forma equilibrada, dando mais vida a cada espaço, explica. Para André Abreu, diretor da incorporadora SDI, essa retomada permite que as pessoas sejam protagonistas desse novo momento de uso da cidade. “É que estamos buscando com novidades como River One, que integra todas essas necessidades em um único espaço”, explica.

 

Com essa mudança no jeito de ver e viver a cidade, que tal conhecer um pouco da história de dois desses empreendimentos icônicos e à frente do seu tempo?

 

Conjunto Nacional

Um dos edifícios mais famosos da Avenida Paulista, o Conjunto Nacional foi tão importante em sua época que contou com a presença do então presidente Juscelino Kubitschek na sua inauguração, em 1956. Com 111.083.24 m2 de área total construída, o conjunto possui dois blocos comerciais, um residencial e um centro comercial inaugurado em 1958, por onde circulam hoje cerca de 30 mil pessoas por dia. Idealizado pelo empresário José Tjurs, o projeto arquitetônico foi desenvolvido por David Libeskind, que na época era um arquiteto de apenas 26 anos, recém-formado e quase desconhecido. Consciente de sua importância histórica, o Conjunto Nacional possui visitas monitoradas e que podem ser agendadas em seu site oficial: http://ccn.com.br/

 

Copan

Projetado na década de 1950 por Oscar Niemeyer, o Copan se tornou um dos cartões postais de São Paulo. A forma sinuosa do edifício – uma característica da obra de Niemeyer – foi uma quebra de paradigma para os padrões retos que marcavam a cidade na época. Hoje, o Copan continua atual. Possui 1160 apartamentos distribuídos em seis blocos residenciais e uma área comercial com 72 lojas. O prédio tem a maior estrutura de concreto armado do país, com 115 metros de altura, 32 andares e 120 mil metros quadrados de área construída. Para saber mais sobre a história do Copan, acesse www.copansp.com.br