Rankings
Papel e Celulose

Está bom, mas pode

melhorar

Setor ganha representatividade no PIB, aposta nas exportações e torce para que o governo tome medidas que atraiam investimentos externos

Como um dos principais segmentos do agronegócio (que, ao contrário do que acontece com a maioria das indústrias e do comércio, tem crescido nos últimos anos), o setor de papel e celulose não tem muito do que reclamar. Em 2014, por exemplo, o setor de árvores plantadas para fins industriais representava 1,1% do PIB nacional e 5,5% do PIB industrial. No balanço final de 2015, os números apresentavam um leve, mas importante, crescimento: 1,2% do PIB nacional e 6% do PIB industrial. Um dos motivos foi a retomada das exportações — 60% da produção brasileira de celulose são destinados ao mercado externo.

“Nos últimos anos temos registrado uma recuperação de receitas após a queda das exportações ocorrida devido às crises financeiras de 2008 e da zona do euro, além da excessiva valorização do real na ocorrida anteriormente”, informa Elizabeth de Carvalhaes, presidente executiva da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), entidade que representa 60 empresas e nove entidades estaduais de produtos originários do cultivo de árvores plantadas, como celulose, papel, painéis de madeira, pisos laminados, florestas energéticas e biomassa, entre outros. 

Os ventos começaram a soprar de forma positiva após as mudanças nos últimos anos, como a recente recuperação econômica dos Estados Unidos e da Europa, dois dos principais mercados de exportação da celulose brasileira, e o crescimento de pedidos vindos da China, atualmente o principal parceiro comercial do setor. Tudo isso aliado à valorização do dólar comparado ao real.

Com relação ao papel a situação é um pouco diferente. Como a maior parte da produção brasileira se destina ao mercado interno, as vendas vêm ficando um pouco aquém do desejado por conta da retração econômica. Para sanar esse problema e tentar equilibrar o caixa, alguns fabricantes têm procurado ampliar as exportações para países da América Latina.

Nessa conjuntura que leva em conta diversos movimentos da economia mundial pode-se dizer que, ao fim e ao cabo, os resultados têm sido animadores. Nos seis primeiros meses de 2016, em relação ao mesmo período de 2015, a produção brasileira de celulose atingiu 9 milhões de toneladas (9,1% a mais do que no ano passado). No segmento papel, o índice foi mais tímido: 0,5%. “O crescimento do setor brasileiro de árvores plantadas vem, aos poucos, recuperando o ritmo visto antes da crise de 2008, possibilitando às empresas que continuem a gerar empregos. Em 2015, o setor empregou diretamente 540 mil pessoas. Estima-se ainda que, no total, o número de postos de trabalhos da atividade florestal – diretos, indiretos e resultantes do efeito renda – alcance a ordem de 3,8 milhões pessoas”, comenta Elizabeth de Carvalhaes.

À espera dos investimentos

Embora os números não sejam tão ruins, o fato é que ainda há potencial de crescimento a ser explorado. E, para chegar lá, as indústrias do ramo aguardam definições políticas e econômicas que tirem o Brasil do atoleiro recessivo. “Ainda são necessárias medidas mais firmes para a estabilização da economia e para que o PIB brasileiro retome o crescimento”, analisa a presidente executiva da Ibá.

Uma das medidas mais esperadas que, inclusive, vem sendo discutida com o governo refere-se ao fim da atual restrição de aquisição de terras por empresas com maioria de capital estrangeiro. “Isso é essencial para atrair investimentos externos, iniciativa fundamental na geração de empregos e renda nesse momento de crise. Apenas no segmento de celulose há diversas multinacionais com investimentos da casa de bilhões de dólares congelados por conta dessa restrição”, revela Elizabeth.

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Assumindo o papel de líder

Empresa localizada em Três Lagoas (MS) supera o prejuízo do ano anterior e monta estratégia agressiva para liderar o segmento

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Preço mais competitivo: Produção de energia própria, entre outros fatores, faz com que o produto da empresa tenha um custo final 2% menor que os concorrentes

O fato de a Eldorado Brasil Celulose, que está apenas em seu quarto ano de atividade, despontar pela primeira vez entre as três melhores empresas na categoria Papel e Celulose, segundo o estudo Empresas Mais, demonstra uma estratégia acertada da companhia. “Em 2015, a empresa obteve lucro líquido de R$ 280,6 milhões. Foi um excelente resultado se a gente comparar ao prejuízo de R$ 419 milhões obtido no ano anterior”, diz José Carlos Grubisich, presidente da Eldorado. Ao longo de 2015 e, claro, durante os seis primeiros meses de 2016, a empresa vem colhendo bons resultados, frutos de grandes investimentos e de mudanças operacionais nos processos de produção e na logística. “Em 2015, demos início a vários projetos que fizeram com que atingíssemos uma performance excelente. Nossas florestas de eucalipto, por exemplo, de onde retiramos a madeira para a produção de celulose, são altamente mecanizadas. Também investimos bastante em biotecnologia e no monitoramento por drones”, comenta Grubisich. Além disso, a fábrica localizada em Três Lagoas (MS), que emprega cerca de 4.850 colaboradores diretos, opera em ritmo de produção de 1,7 milhão de toneladas de celulose branqueada de eucalipto por ano, desempenho acima do previsto no projeto inicial da planta, que era de 1,5 milhão de toneladas.

Para facilitar a exportação do produto, a empresa utiliza um terminal fluvial próprio na fábrica, localizada às margens do Rio Paraná, e ainda opera um terminal próprio no porto de Santos. E, para movimentar a unidade fabril, conta com um parque de geração de energia elétrica a partir do reaproveitamento de biomassa não utilizada na fábrica que pode chegar até 220 MW/hora. Com isso, 100% da energia da unidade fabril é gerada ali mesmo. O excedente é exportado para o sistema elétrico nacional. “Todos esses fatores fazem com que nosso custo final de produção seja 2% menor que o dos concorrentes”, revela o presidente.

Como existe uma previsão de que, nos próximos anos, haja um crescimento da demanda de consumo de celulose e papel, em especial nos países emergentes, a Eldorado tem um ambicioso plano de expansão. “Iremos investir cerca de R$ 10 milhões na construção de uma segunda fábrica, ao lado da primeira, para a produção de 2,5 milhões de toneladas de celulose por ano. Essa operação deve ser iniciada em 2019”, comenta o executivo.

Logo atrás da Eldorado, em segundo lugar no ranking, desponta a Klabin, que em seu relatório anual afirma que em 2015 aumentou 15% os volumes exportados, que responderam, no ano, por 34% das vendas totais – um crescimento de três pontos percentuais sobre 2014. Obteve uma geração operacional de caixa (Ebitda ajustado) de R$ 1,975 milhão em 2015 – o melhor resultado histórico da companhia, 15% superior ao do ano anterior.

Recorde de produção

O terceiro lugar do ranking Empresas Mais 2016 na categoria Papel e Celulose coube à Celulose Nipo-Brasileira (Cenibra) que, embora tenha passado por algumas dificuldades em 2015, conseguiu atingir um bom desempenho. Um dos principais problemas se deu em razão do rompimento da barragem de rejeitos da mineradora Samarco, próximo à cidade de Mariana (MG), que causou o maior desastre ambiental do Brasil, o que fez com que a empresa interrompesse a captação de água no Rio Doce e suspendesse sua produção. “Apesar desses entraves, encerramos 2015 com produção total de 1,09 milhão de toneladas de celulose. Do volume de vendas de 1,07 milhão de toneladas 96% foi direcionado ao mercado externo. O mercado doméstico ficou com 42 mil toneladas de celulose. Além disso, os investimentos de capital totalizaram R$ 314 milhões”, informa Naohiro Doi, que acumula os cargos de diretor-presidente interino, diretor vice-presidente e diretor Administrativo e Financeiro.

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