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Farmacêutica

Sem dores de

cabeça

Diferentemente da maioria dos segmentos econômicos, o setor farmacêutico apresenta evolução superior a 6%

O Produto Interno Bruto (PIB) apresentou variação negativa de 0,3% na comparação entre o primeiro trimestre de 2016 e o quarto trimestre de 2015. É o quinto resultado negativo consecutivo. Na comparação com igual período de 2015, houve contração do PIB de 5,4% no primeiro trimestre do ano, oitava queda seguida, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mas, enquanto a economia brasileira encolhe, o setor farmacêutico passa ileso pela recessão.

O mercado total, que inclui as vendas de todas as categorias de medicamentos, apresentou evolução, de 6,14%. Foram comercializados 1,766 bilhão de medicamentos entre janeiro a junho deste ano, contra 1,664 bilhão no mesmo período de 2015. Ainda no primeiro semestre, os medicamentos genéricos cresceram 14,3% em volume: foram vendidos 534,6 milhões contra 467,7 milhões no ano passado. Em valores, registrou a movimentação de R$ 24,1 bilhões contra R$ 21,5 bilhões em 2015. Os dados, compilados pela Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos, a PróGenéricos, são do IMS Heatlh.

E as indústrias farmacêuticas nacionais com investimentos em inovação radical e medicamentos biológicos tiveram um desempenho ainda melhor, registrando um crescimento de 14,27% nas vendas no primeiro semestre de 2016 em relação a igual período do ano anterior. Foram
R$ 6 bilhões em vendas contra R$ 5,3 bilhões nos primeiros seis meses em 2015. De acordo com Reginaldo Arcuri, presidente do Grupo FarmaBrasil, entidade que representa os laboratórios farmacêuticos, as empresas nacionais voltadas para inovação seguiram investindo fortemente no primeiro semestre deste ano. O conjunto das empresas que integram a entidade destinou cerca de R$ 365 milhões para projetos de pesquisa e desenvolvimento. O percentual corresponde a 6% do faturamento total do segmento no período.         

“O programa de medicamentos biológicos, por meio das Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDPs), segue avançando com construção de fábricas e transferência de tecnologia para produção de biossimilares no País, o que é fundamental para conter o déficit da balança comercial de medicamentos que temos experimentado nos últimos anos”, diz Arcuri.

Estudo conduzido pelo Grupo FarmaBrasil aponta que houve crescimento de 458,5% na importação de medicamentos biotecnológicos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) entre 2005 e 2015. Até 2005, o peso dos medicamentos biológicos de alta complexidade no déficit comercial global do setor farmacêutico brasileiro era de apenas 11,5%. No final de 2015 o índice bateu a marca de 28,6%, totalizando algo em torno de US$ 1,9 bilhão ao ano.

“O dinamismo do setor não vem de subsídios fiscais, do câmbio, nem de incentivos. Não há privilégios e a competividade é feroz. O segredo é que é um setor com foco na qualidade, na inovação e na resposta ao que o mercado precisa de forma objetiva”, afirma Acuri, que explica que o mercado brasileiro se divide em 50% compra pública e 50% compra nas farmácias, o que gera necessidade de inovação permanente.

As empresas brasileiras estão com seus projetos de desenvolvimento dos medicamentos biológicos de alta complexidade, que são a nova fronteira tecnológica, em andamento. “Os programas que envolvem esse tipo de medicamento precisam ter caráter formal para dar segurança jurídica às empresas e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) precisa acelerar a análise dos projetos e estimular a inovação incremental”, alerta Acuri, que acredita que a regulamentação da Lei de Acesso à Biodiversidade foi fundamental, pois permitirá grandes avanços.

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ACHÉ

Crescimento dita movimento do setor

Alheias à crise, companhias investem, lançam novos produtos e buscam mercados fora do Brasil

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Inovação como estratégia: Em 2016, a empresa irá destinar mais de R$ 160 milhões em excelência operacional e novos produtos

O Aché, laboratório brasileiro que tem no portfólio 316 marcas, aposta no seu planejamento estratégico com visão até 2030 como grande impulsionador dos bons resultados que vem colecionando. A companhia, grande destaque do setor farmacêutico, completa 50 anos de atuação no mercado em 2016 e, no ano passado, lançou 25 novos produtos – cinco medicamentos de prescrição, quatro genéricos, 11 dermocosméticos e cinco medicamentos isentos de prescrição.

“Um dos motivos do nosso crescimento é a capilaridade, a segmentação da força de vendas e geração de demanda. Isso é feito por meio de uma equipe de mais de dois mil profissionais que trabalham no campo, entre propagandistas, vendedores e consultores, com a missão de fomentar o crescimento e levar educação de qualidade a todos os profissionais de saúde no território nacional”, explica Paulo Nigro, presidente do Aché Laboratórios.

Nigro ainda destaca que, diferentemente de outras empresas, o Aché não diminuiu o foco em inovação. “Pelo contrário, a companhia continua investindo em inovação como estratégia em um mercado altamente competitivo. Em 2016, os aportes para inovação, excelência operacional e desenvolvimento de novos produtos passam de R$ 160 milhões”, diz.

Para a Eurofarma, segunda colocada no ranking Empresas Mais, tem sido um ano bastante intenso. Mesmo sendo um período difícil, a empresa teve grandes conquistas como o registro do primeiro biossimilar da América Latina, o Fiprima (filgrastim). No mundo há apenas 20 biossimilares. “Criamos um Núcleo de Inovação Radical e dedicamos 5,3% de nossa receita para pesquisa e desenvolvimento”, diz Maria del Pilar Muñoz, diretora de Sustentabilidade e Novos Negócios.

Internacionalização

Com 146 projetos no pipeline e 70 em andamento entre genéricos, inovação incremental e radical, os novos produtos são a principal alavanca de crescimento da Eurofarma. Ainda falando de inovação, a compra de uma participação na norte-americana Melinta também contribuiu para os avanços, já que a presença no conselho científico da startup acelera a curva de aprendizado da empresa, na opinião de Muñoz. Quatro metas norteiam a companhia: a sua consolidação na América Latina; a orientação para novos mercados globais; o retorno do capital investido para financiar o crescimento; e os investimentos em inovação incremental e radical para aumentar a parcela de produtos com algum grau de diferenciação. “O projeto de internacionalização, prioritário na nossa estratégia, também avançou. Hoje, já estamos presentes em 20 países da América Latina e África. Esses negócios cresceram 41% e representaram 13% das vendas em 2015”, explica a executiva.

No ano passado, mesmo em meio às turbulências econômicas e políticas, a Roche Farma Brasil, terceira colocada no ranking, anunciou um investimento de
R$ 300 milhões, em cinco anos, para a modernização da sua fábrica no Rio de Janeiro, que se tornará um hub de exportação de produtos para a América Latina e potencialmente para outras regiões.

“Outro fator que fez a diferença em nossos resultados é que temos uma estratégia clara de médio e longo prazo no Brasil. Ressalto a continuidade de nossa estratégia de acesso à saúde, que tem como objetivo buscar em todos os níveis do sistema de saúde oportunidades para melhorar o acesso aos nossos medicamentos”, detalha Rolf Hoenger, presidente da Roche Farma Brasil, que cresceu 10% no último ano, com faturamento de R$ 2,6 bilhões. “Temos o objetivo de continuar trazendo inovação e lançamentos ao Brasil e ampliar o acesso da população às nossas inovações no Sistema Único de Saúde (SUS). Existe um entorno favorável de diálogo com o Ministério da Saúde para a inclusão de novos medicamentos para os pacientes brasileiros. Por isso, esperamos que 2017 seja um ano ainda melhor para o País e para a Roche”, diz.

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O maior e mais completo ranking empresarial do País chega a sua terceira edição ainda melhor.

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