Em casa, músicas e filmes via streaming. Na rua, transporte chamado por aplicativo de celular. Na sala de aula, giz, lousa e livro didático. Criar conexões entre os conteúdos ensinados e o cotidiano dos estudantes tem sido um desafio a mais para as escolas que ainda “permanecem” no século 20. Muitas instituições até desejam se modernizar, mas esbarram em dificuldades quando tentam fazer a transição para a era digital.

 

O primeiro passo é definir com clareza uma proposta pedagógica orientada, segundo Luciana Allan, diretora do Instituto Crescer, entidade que desenvolve iniciativas voltadas à formação de docentes, projetos de inclusão digital e qualificação profissional de jovens. “A instituição precisa estudar sua missão, conhecer o perfil dos estudantes, definir metodologias de ensino e estratégias visando a formação dos professores para, só depois, pensar no papel que as inovações podem desempenhar nesse projeto”, argumenta a especialista. Ela acrescenta que não adianta adotar uma série de recursos, como ferramentas para analisar o desempenho dos alunos ou realidade virtual, por exemplo, sem um plano ou sem preparar o docente para explorar essas possibilidades.

 

Com o projeto já bem delineado, a escola deve buscar um bom serviço de cloud computing ou computação em nuvem, modelo que possibilita, por meio da internet, guardar, processar e acessar dados em computadores remotos. A explicação é simples: muitas das ferramentas tecnológicas que serão adotadas durante o processo de transformação digital exigem um grande espaço de armazenamento. Além de atender a essa demanda, a nuvem é uma alternativa bem mais econômica se comparada aos servidores físicos, pois não demanda investimento inicial para a aquisição e instalação de computadores. E mais: é extremamente segura.

 

“Depois de identificadas as necessidades, determinamos qual a melhor estratégia para ir para nuvem, quantos servidores e bancos de dados terão de estar disponíveis e quais serviços deverão ser contratados”, explica Wellingthon Honorato, gerente de produto para cloud da Dedalus, empresa especializada em computação em nuvem.

 

Após ser adotado e entrar em operação, o modelo cloud permite que o colégio recorra a uma série de recursos na forma de serviços. Isso inclui, por exemplo, softwares para a criação de jogos, que podem ser usados por estudantes e professores na confecção de games envolvendo temáticas do currículo escolar. Outra possibilidade são as plataformas on-line de estudos, que reúnem todo o conteúdo a ser acessado pelos alunos durante o ano letivo.

 

“Os dados da navegação de cada estudante podem ser coletados e interpretados por uma consultoria especializada em Big Data e Machine Learning, gerando resultados que orientam as ações pedagógicas, como identificar padrões de alunos com dificuldade em determinada matéria”, destaca o gerente de produto.

 

A nuvem oferece ainda outra vantagem: pode se ajustar às demandas da instituição, evitando desperdício de dinheiro. “Se a escola paga para que mil alunos tenham acesso a um certo serviço e apenas 100 o usam, é possível readequar o valor no mês seguinte”, diz Honorato. “Além disso, se uma tecnologia não apresentar o resultado esperado, ela pode ser cancelada.”

 

De vilão a mocinho

Inserido na rotina de grande parte dos adolescentes, o celular ainda é encarado por muitos professores como vilão, por dispersar a atenção dos alunos. Mas essa concepção vem mudando. O smartphone também pode se tornar importante aliado no processo de transformação digital nas escolas. “Se usado com base em uma proposta pedagógica, é uma ferramenta que abre incríveis possibilidades, como complementar a explicação de um conceito complexo com um vídeo”, afirma Vinícius de Oliveira, editor do Porvir, iniciativa de comunicação e mobilização social que mapeia, produz, difunde e compartilha referências sobre inovações educacionais.

 

O celular ajuda, por exemplo, a levar para a sala de aula duas tecnologias consideradas caras para muitas instituições de ensino: realidade virtual e realidade aumentada. “Por meio de caixas de papelão, vendidas a preços acessíveis, pode-se fazer de alguns modelos de smartphone um óculos de realidade virtual”, complementa Oliveira. “Além disso, muitos aparelhos podem utilizar aplicativos de realidade aumentada.”

 

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