Já faz algum tempo que falar fluentemente um segundo idioma deixou de ser diferencial e se tornou pré-requisito básico de um mundo cada vez mais globalizado. Com a facilidade para viajar a outros países, acessar culturas de diversas nacionalidades e fazer intercâmbios, a habilidade já não é necessária apenas para o mercado de trabalho, mas para todos os campos da vida.

É nesse cenário que as escolas bilíngues estão ganhando destaque. Quando chegaram ao Brasil, elas eram principalmente voltadas a filhos de estrangeiros. Com uma busca maior de brasileiros por oferecer melhor educação a seus filhos, elas se tornaram uma opção viável de ensino, mesmo em famílias que não têm o inglês como idioma principal.

Em uma escola bilíngue de inglês o ensino acontece nessa língua. Ou seja, os alunos têm aulas de matemática, linguagens e história, dentre outras disciplinas, lecionadas em inglês, por professores fluentes e capacitados para esse tipo de ensino. Quando a escola não tem esse perfil e apenas uma parte das aulas é em outro idioma, ela não pode ser considerada bilíngue.

Por ainda não ser muito comum, esse modelo de ensino gera muitas dúvidas nas famílias. O ideal é que elas busquem informações para não se deixar levar pelo senso comum. A seguir, professor Gidel Laureano Messagi, diretor geral do colégio COC Araucária e da Escola Bilíngue COC Araucária, no Paraná, comenta os principais mitos e verdades das escolas bilíngues e mostra por que esse tipo de ensino está ganhando o País.

Escola bilíngue é apenas para crianças pequenas.

Segundo o educador, este é um mito comum. “A educação bilíngue não tem restrição de idade e pode funcionar até o ensino superior”.  De acordo com Messagi, o que acontece em relação aos pequenos que não acontece com estudantes mais velhos é desenvolver o sotaque de um nativo. “Depois de uma determinada idade, nossa formação nasal está definida. Isso faz com que um adulto não pronuncie algumas palavras com a eficiência de um nativo e sem sotaques. A criança em formação consegue apresentar fluência absoluta com a prática.” Ele ressalta que falar com sotaque não significa que a pessoa não saiba o idioma e que o mais importante é se comunicar com clareza e corretamente.

A vivência em uma escola bilíngue ajuda a conhecer a cultura de outros países.

Verdade. Esse é o principal diferencial da escola bilíngue: ela não ensina o idioma, ela permite ao estudante vivenciá-lo em todas as atividades, mostrando a cultura de países de língua inglesa e levando a criança ou adolescente a provar novas experiências e perspectivas. “É muito comum que façamos atividades, aulas, eventos e tudo o mais relacionado à cultura americana e também britânica, para o aluno ter uma imersão constante”, explica.

Quem não tem pais fluentes em outro idioma, terá dificuldade para se adaptar à escola bilíngue.

Esse é outro mito a ser derrubado. De acordo com Messagi, nesse tipo de colégio o ambiente é bilíngue. “O que buscamos quando fazemos um intercâmbio fora do País? A imersão na língua. A escola bilíngue faz isso. O aluno está imerso em um mundo em que o uso do inglês é normal, portanto, não é imprescindível que em casa isso também aconteça”. Ele destaca ainda que métodos de ensino bilíngue focados apenas em plataformas digitais não são adequados, pois esse é apenas um recurso dentre outros que precisam ser explorados pelo colégio. “O melhor instrumento de ensino bilíngue é a comunicação total em inglês, de modo que ele seja falado naturalmente. Assim o aluno vai aprender mais e de forma mais eficiente.”

Estudar dois idiomas ao mesmo tempo pode prejudicar o aprendizado.

Para Messagi, esse é um dos maiores mitos que rondam o ensino bilíngue. “Nosso cérebro tem capacidade de aprender dois, três, até cinco idiomas simultaneamente. Nós apenas não usamos nossa plena capacidade. É fácil aprender dois idiomas e é fácil aprender outros conteúdos nos dois idiomas”. De fato, pesquisas mostram que estudantes que aprendem nesse contexto têm desempenho escolar superior àqueles que estudam apenas na língua materna.

A escola bilíngue pode ajudar no ensino superior.

Ainda que no Brasil as universidades não tenham como pré-requisito a fluência no inglês, no exterior essa habilidade é essencial no processo de admissão de universidades estrangeiras. “Isso demonstra que o jovem tem uma bagagem diferente”, explica Messagi. O educador também destaca o peso do bilinguismo no mercado de trabalho. “Se no ensino superior esse diferencial pode ser bom, no mercado de trabalho isso é uma certeza. Estudos sobre variação salarial mostram ganhos de mais de 20% para uma pessoa só por ter o inglês fluente”, destaca.