“Esta é a Rio Oil & Gas da retomada.” Foi essa a frase que mais ecoou pelos pavilhões do Riocentro, sede da 19ª edição do mais importante evento do setor na América Latina. O otimismo com a recuperação da indústria permeou os quatro dias (entre 24 e 27 de setembro) de debates e exposições.

Não faltaram referências a um passado recente em que havia apenas alguma perspectiva de retomada, sem convicção plena de que isso ocorreria após a tormenta da crise. Nos últimos dois anos, com as mudanças na legislação que tornaram o mercado brasileiro mais aberto e atraíram investidores, a volta à pujança da indústria de óleo e gás tornou-se uma realidade palpável.

“Quero fazer uma viagem no tempo para esta mesma sala, há dois anos (na edição anterior da Rio Oil & Gas). Naquela ocasião, tudo era esperança. A partir dali, construímos uma indústria mais unida e alcançamos resultados, com arrecadação de recursos nos leilões do pré-sal”, comemorou Márcio Félix, ministro interino de Minas e Energia, na abertura do evento.

A maior da história

“Era um ambiente diferente. Melhoramos significativamente. Hoje, caminhamos para ter diversidade de empresas atuando, diversidade de oportunidades para jovens que querem trabalhar no setor”, complementou Décio Oddone, diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

O momento positivo do segmento se refletiu no evento. A programação foi a maior de sua história, com mais de mil apresentações de conteúdo.

Décio Oddone: oportunidades para jovens

Tecnologia para impulsionar a indústria

Bastava colocar os óculos de realidade virtual, disponíveis no estande da Repsol Sinopec, para que o visitante deixasse temporariamente os pavilhões e “viajasse” para dentro de um poro de uma rocha reservatório de petróleo. A atração, que servia para demonstrar como funciona o Twin, desenvolvido em parceria com a Unicamp e a USP, uma das novas ferramentas da empresa, dava o tom de um dos temas mais importantes da Rio Oil & Gas: tecnologia.

No ambiente virtual, é possível visualizar o comportamento de moléculas, indicando quanto de água e com que grau de salinidade deve ser injetada no processo de recuperação do petróleo. Além do Twin, outras ferramentas permitem atuação em diferentes áreas da indústria, como arquitetura de campos de petróleo e gestão de plataformas.

“As novas tecnologias têm proporcionado superar diversos desafios, como a redução de custos e o aumento da segurança operacional”, afirma Fernando Perin, pesquisador da Repsol Sinopec.

“Poderíamos imaginar, por exemplo, que no futuro não teremos mais necessidade de plataformas offshore (no mar). Todos os equipamentos e processos estariam no leito marinho, com monitoramento e controle seria realizado em salas de operação em terra”, projeta Marcelo Andreotti, outro pesquisador da empresa.

Corporate venture

Para impulsionar soluções inovadoras, o grupo Repsol, do qual a Repsol Sinopec Brasil faz parte, tem projetos de corporate venture, em que investe em startups ao redor do mundo. A companhia tem um fundo fechado de 85 milhões de euros para serem investidos durante cinco anos.

“A Repsol procura, por meio de startups, incorporar de maneira mais rápida que a habitual tecnologias que possam ser um game changer nas operações atuais e futuras da companhia”, avalia Antonio Pérez-Lepe, senior investment associate da Repsol Energy Ventures.

Realidade virtual para conhecer a interação entre água e petróleo a um nível atômico