Em julho, a lei 8213/91, mais conhecida como lei de cotas para pessoas com deficiência (PCD), completou 27 anos no Brasil. A determinação prevê que empresas com mais de 100 funcionários contratem profissionais com deficiência, obedecendo ao percentual que varia de 2% a 5%, de acordo com o número de colaboradores.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), há mais de 45 milhões de pessoas com deficiência no País. Desse total, aproximadamente um quarto está apto para ingressar no mundo corporativo. Empresas que adotam programas de estágio devem reservar pelo menos 10% dessas vagas para pessoas com deficiência.

Desde 1999, o CIEE já viabilizou a contratação de 9 mil estagiários e aprendizes com deficiência física ou intelectual. Vários deles estão em capacitação, integrando programas inclusivos em organizações parceiras, como a Câmara Municipal de São Paulo, a Embraer e o McDonald’s.

Para Cid Torquato, secretário municipal da Pessoa com Deficiência, o desafio na esfera privada é que, na maior parte das empresas, faltam oportunidades, sobretudo para os profissionais com deficiência intelectual, como é o caso da síndrome de Down. “Os empregadores ainda associam pessoas com deficiência a incapacidade e performance abaixo do ideal, o que é um equívoco. Ou consideram que terão mais gastos com equipamentos de trabalho adaptados. Mas precisam lembrar que esses trabalhadores também geram retorno”, diz.

Gabriel Ribeiro Araújo Facchin é estagiário de fotografia da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e tem síndrome de Down. “Para nós, não é fácil entrar no mercado de trabalho. Tenho meus problemas, como todos têm, mas sei que posso realizar as coisas dentro das minhas características”, conta o jovem de 20 anos.

Um estudo da consultoria McKinsey com 366 companhias nos Estados Unidos, na Inglaterra e em países da América Latina concluiu que as empresas que possuem mais diversidade no conjunto de colaboradores são capazes de entregar um desempenho até 35% maior que a média geral da indústria.

Com escritórios no Brasil, a multinacional IBM ganhou o primeiro lugar na edição 2018 do Prêmio Melhores Empresas para Trabalhadores com Deficiência, promovido pela Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência (SEDPcD), do Governo do Estado de São Paulo em parceria com o Centro de Tecnologia e Inovação (CTI). Maurilio Alves de Souza, 23 anos, estagiário de tecnologia na companhia, é exemplo de que boas práticas geram resultados. “Senti a diferença já no processo seletivo. Minha prova era totalmente adaptada, pois tenho deficiência visual total. Hoje eu uso um leitor de tela de primeira linha. Isso me permite ter a performance igual à dos colegas que não têm deficiência”, ressalta.