Desafios

18 de maio de 2017

Saúde digital: por que a transformação deve ser na essência?

Interessada em descobrir como a saúde se comporta diante das transformações trazidas pelo digital, a Accenture estudou o setor em cinco países, de três continentes, sob a perspectiva dos CIOs – Chief Information Officers – ou seja, os chefes da área de tecnologia. No Brasil, foram ouvidos oito desses profissionais. Os achados estão publicados no relatório CIO Perspectives on Digital Healthcare (“Perspectivas dos CIOs na Saúde Digital”, em tradução livre), divulgado em março. “É uma área complexa, que requer muita tecnologia, cada vez mais”, diz Lincoln Moura, diretor da Accenture na área de Saúde.

O estudo traz três hipóteses:

– Os CIOs precisam transformar suas organizações para atender às demandas crescentes dos clientes e alavancar a tecnologia digital com o objetivo de reduzir os custos operacionais;

– Eles devem também conquistar os médicos, para que eles entendam e aceitem a entrada dos meios digitais em seu dia a dia;

– Eles têm a missão de desempenhar novos papéis, adotar novas habilidades e obter recursos para sustentar as mudanças que estão no horizonte.

Um dos maiores desafios é entender que o uso da tecnologia pode ir além da simples melhoria dos processos internos, como eliminar o uso de papel e adotar os prontuários digitais, por exemplo. O que se propõe é muito mais amplo do que aumentar o acesso às informações e agilizar o atendimento ao paciente. A tecnologia deve fazer parte da estratégia de negócio e suportar a tomada de decisões nos âmbitos público e privado.

Uma verdadeira agenda de inovação vai além de oferecer novidades. Precisa incluir os públicos estratégicos para pensar em soluções que mudam a essência do serviço. “Do contrário, é dinheiro mal gasto”, aponta um dos CIOs ouvidos pela Accenture na pesquisa.

No setor público, a relação médico-tecnologia está mais madura. O corpo clínico está envolvido com os sistemas de informação que podem melhorar o atendimento aos pacientes. Existe um senso de parceria maior. No privado, ainda existe uma barreira entre as necessidades médicas e a tecnologia.

É comum que os entrevistados afirmem que existe orçamento e liberdade para pensar em projetos mais robustos, que, aos poucos, eliminem essa separação, mas falta definir prioridades e aderir a elas. Este é o principal gargalo.

No Brasil, os CIOs têm dois perfis: os especialistas totalmente voltados para o digital, sem formação na área de saúde, e os experts em saúde com foco no operacional. O primeiro grupo se encontra mais no segmento privado e o segundo, no público. Por conta de uma cultura que integra três esferas de governo – municipal, estadual e federal – existe um pensamento generalizante e gasta-se mais tempo imaginando como a tecnologia pode levar à inovação.

“São 200 milhões de habitantes e uma iniciativa que reúne todos eles, o Cartão Nacional de Saúde, do SUS (Sistema Único de Saúde), além do prontuário eletrônico em todas as Unidades Básicas de Saúde do País. Existe uma boa infraestrutura. Conceitualmente, é algo muito positivo, pois tudo está unificado”, afirma o executivo.

No entanto, no lado privado, existe fragmentação. “São mais de 100 mil beneficiários considerados pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) num mercado de 40 milhões. Como se atende a esse público?”, questiona. Nos dois lados, é preciso encontrar estratégias que aumentem a resolutividade.

E os especialistas dos dois setores ainda precisam compreender que a verdadeira mudança exige aceitar novas responsabilidades. Esses profissionais são aqueles que, sim, fazem a gestão dos processos, mas também os que inovam, tomam decisões e os que são líderes em suas posições.

A Accenture vem conduzindo uma transformação profunda juntos às operadoras de planos de saúde. O trabalho passa por usar analytics para conhecer melhor a população, principalmente as doenças que mais aparecem, e evitar que elas se tornem crônicas com a ajuda do próprio paciente. “Queremos que essas pessoas se mantenham bem e possam se cuidar, a partir de uma mudança de atitude”, afirma Lincoln.

Outro nível de atuação passa pela melhoria no atendimento. “Geralmente, o paciente é o primeiro a tomar a injeção e o último a falar. Nossas soluções entendem que o paciente precisa se sentir acolhido e único. Ele deve ser bem tratado em todos os momentos, deve ser uma experiência positiva de ponta a ponta.”

Além dos diagnósticos

Que a tecnologia tem garantido diagnósticos mais precisos, não há dúvidas. Mas ela ainda pode ajudar muito mais. Essa é a aposta da Accenture. Veja como:

1 – O problema: a operação em saúde ainda deixa a desejar.

2 – A certeza: a transformação digital virá.

3 – A incerteza: os CIOs estarão preparados?

3 – Novo time: quais novos tipos de profissionais devem ser envolvidos no setor de tecnologia?

4 – Desafio: como incluir os meios digitais na essência do serviço para tratar o paciente com qualidade?

Ver comentários