Desafios

31 de julho de 2017

Inovar é (também) pensar junto com outras empresas

As soluções digitais impulsionam a evolução de inúmeros mercados ávidos por novidades. Mas elas precisam ir além se quiserem ser realmente relevantes e perenes. Hoje, é fundamental entender necessidades específicas – como a de oferta de crédito em locais remotos, no caso da indústria financeira ­– e formar alianças para supri-las. Nenhuma empresa pode se contentar em trabalhar sozinha.

“Isso significa adotar o conceito de open innovation verdadeiramente”, explica Guilherme Horn, Accenture Innovation Partner. A inovação aberta, tradução usual do termo, aposta no desenvolvimento a partir de experiências feitas pelos pares. É como se a receita ficasse à disposição e pudesse ganhar novos ingredientes cada vez que trocasse de mãos.

Mas não só. Esse salto depende de reconhecer deficiências e apostar que parceiros jovens ou até de outro país têm a solução perfeita, na velocidade que a demanda exige. “Para que isso aconteça, as empresas precisam fazer parte de um ambiente de parcerias e trocas, em vez de cada uma focar no seu negócio. É uma mudança cultural.”

Nesse contexto, surgem as fintechs, startups voltadas a serviços financeiros emergentes. Em junho último, 14 delas, originárias de Israel, vieram ao Brasil para participar do Ciab (Congresso e Exposição de Tecnologia da Informação das Instituições Financeiras), para apresentar soluções disruptivas que, muito em breve, poderão ser adotadas por aqui.

“Israel tem um mercado muito tecnológico, e sempre buscamos plataformas para mostrar o que podemos oferecer ao mundo, especialmente em termos de segurança de informação e de fintechs”, diz Boaz Albaranes, cônsul israelense para assuntos econômicos. Segundo ele, hoje existem centenas de fintechs em atividade em Israel. Há dez anos, não existia nenhuma.

A escolha do Brasil para cultivar um novo e empolgante ecossistema está ligado ao tamanho do setor financeiro do País e, sobretudo, aos seus contrastes. “Poucas empresas israelenses sabem, mas o mercado brasileiro é maior do que o americano, em alguns aspectos”, afirma o cônsul. “Por aqui, os mundos desenvolvido e em desenvolvimento convivem. Algumas localidades do norte e nordeste têm necessidades completamente diferentes de São Paulo. Essa combinação é rara e muito oportuna para parcerias”, explica.

Albaranes cita como exemplo o caso da brasileira Avante Microcrédito, que, recentemente, comprou uma pequena startup israelense, de apenas sete funcionários. A organização, que oferece crédito a microempreendedores nordestinos, tinha muita dificuldade para avaliar o histórico dos clientes em busca do empréstimo e também com meios de pagamento.

“A avaliação de risco é complicada em alguns lugares, pois às vezes as pessoas não têm nem conta em banco. Por outro lado, a conexão à internet é insuficiente, o que dificulta os pagamentos. Essa startup tinha plataformas que sanavam exatamente esses problemas”, conta.

Entenda no vídeo a seguir:

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