Boas práticas

10 de junho de 2016

Carros conectados

Não são apenas as empresas de tecnologia (ou as que já nasceram digitais) que investem em estratégias de plataforma para crescer e ganhar mais dinheiro. As oportunidades estão ao alcance de qualquer empreendimento, de qualquer setor. E os líderes sabem disso – 81% dos executivos ouvidos pela Accenture na pesquisa “Technology Vision 2016” afirmam que os negócios baseados em plataformas serão feitos a partir de sua estratégia de crescimento em três anos. No setor automotivo, essa já é uma forte tendência, com os carros conectados. “Estamos observando a busca de todas as montadoras por transformar o veículo numa plataforma, e deixando de ver o carro apenas como uma ferramenta de mobilidade urbana, mas também de mobilidade digital”, diz Eduardo Dias, diretor executivo da Accenture.

O executivo diz que, além das ferramentas de localização, comunicação e entretenimento, todos os grandes players do setor estão desenvolvendo – e fazendo evoluir – suas próprias plataformas de dados compartilhados. Assim, os usuários devem esperar que, nos próximos anos, os carros sejam capazes de fazer diagnósticos remotos da parte mecânica, tenham softwares imprescindíveis focados em segurança, abasteçam os sistemas de análise das seguradoras, contem com informações importantes para redes de compartilhamento de veículos, entre outras novidades. “Estamos passando por uma transformação de um modelo que coloca o motorista no centro de um ecossistema, ou seja, a pessoa compra um carro e só ela usa, para um ecossistema que vai abrir portas para muitas outras conexões”, afirma Dias.

No mercado de seguros, por exemplo, a transmissão de dados de direção permitiu o surgimento de novos serviços, como o “seguro pague-por-milha” (no Brasil, seria pague-por-quilômetro), com recém-chegados como o Metromile desafiando o status quo. A startup, nascida em São Francisco, nos Estados Unidos, permite uma economia de até 500 dólares com seguro ao cobrar somente pelos quilômetros realmente percorridos. Funciona a partir de um aplicativo e é uma ferramenta atraente para quem dirige pouco, perfil comum em grandes centros urbanos com boa oferta de transporte público e ciclovias.

A também americana Allstate é outra seguradora que já oferece preços variáveis baseados na performance. Ela utiliza dados coletados por um dispositivo conectado ao sistema do carro, como velocidade média e freadas bruscas, para medir o risco causado por determinado tipo de motorista e assim estabelecer valores mais realistas de cobertura. Para se ter uma ideia do tamanho dessa inovação, a seguradora britânica Direct Line Insurance Group reuniu dados de mais de 17 milhões de quilômetros percorridos por carros conectados.

Carros conectados e autônomos

A conexão entre automóveis e a “Internet das Coisas” (integração entre os objetos e a rede) já é perseguida, por exemplo, pela BMW. A empresa se uniu à Samsung para criar um sistema, ainda sem data de lançamento, que permite acender remotamente as luzes ou ligar o ar-condicionado de casa. “Fala-se muito em internet das coisas. O conceito que está por vir agora é a internet dos carros. O veículo conecta-se não apenas com o motorista, mas com outros carros e com serviços”, afirma Dias.

Tais avanços se aliam a outro: o dos carros que não precisam de motorista para sair do lugar. O Google está desenvolvendo desde 2009 um veículo sem condutor (o Self-Driving Car). De lá pra cá, mais de um milhão de quilômetros foram percorridos em testes e o protótipo ficou pronto em dezembro de 2014. Ele pode ser visto rodando em ruas da Califórnia, do Texas e de Washington.

Ainda não há data para chegar aos consumidores. Entretanto, uma pesquisa feita em 2015 pelo Fórum Econômico Mundial com 800 executivos e especialistas, chamada “Deep Shift: Technology Tipping Points and Societal Impact” (“Mudança Profunda: Inclinações Tecnológicas e Impacto Social”), prevê que, em 2026, os carros sem motorista corresponderão a 10% de todos os veículos nas vias americanas. Esta é a crença de 79% dos entrevistados.

Essas novas realidades, que parecem saídas de filmes de ficção científica, trazem algumas perguntas. Por exemplo, de quem será a culpa se dois carros sem condutor colidirem? Como isso será regulado, em que leis as seguradoras irão se basear? As respostas ainda não existem, porém algumas empresas já estão se preparando para esse cenário.

A Goodyear apresentou dois novos protótipos de pneus que podem revolucionar o futuro dos veículos autônomos durante o Salão Internacional do Automóvel de Genebra, que aconteceu em março deste ano. O Eagle-360, esférico, usa a biomimética (reprodução de formatos encontrados na natureza) para oferecer maior capacidade de manobra e conectividade. O desenho 3D da banda de rodagem imita o padrão da superfície cerebral e age como uma esponja natural. Assim, o pneu endurece em pisos secos e fica macio em pisos molhados, melhorando o desempenho e a resistência.

O IntelliGrip, que conta com sensores e tecnologia para medir o grau de desgaste, é o pneu da Goodyear para a primeira geração de veículos autônomos. Ele se comunica com o sistema de controle do automóvel, detectando as condições meteorológicas e da superfície das vias para melhorar a segurança e o desempenho na direção. Quando o pneu detecta uma superfície molhada ou escorregadia, o carro adapta sua velocidade. Além disso, o pneu pode diminuir a distância de frenagem, melhorar a resposta nas curvas, otimizar a estabilidade e ajudar os sistemas de prevenção de colisões.

Ambos os pneus foram desenvolvidos com foco em segurança. Como carros autônomos dependem de dados da via, de outros veículos, motoristas e pedestres, esses protótipos podem desempenhar um papel fundamental na troca de informações. “Os protótipos da Goodyear terão um duplo papel no futuro: primeiro, como plataformas criativas que quebram as barreiras do pensamento convencional, e também como pilotos de teste para a nova geração de tecnologias”, afirma Joseph Zekoski, vice-presidente sênior e diretor-técnico da Goodyear.

Saiba mais em Accenture.

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