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O que fazer se seu animalzinho tem medo dos fogos no Réveillon

Quando se aproximam as festas de fim de ano, muitos donos de cachorro começam a se preocupar com o medo que alguns animais têm dos fogos de artifício. Para os cães, barulhos muito altos podem ser sinal de perigo e causar a reação de fugir. Se este é o caso do seu bichinho, o ideal é fazer um trabalho de prevenção durante todo o ano, recomenda Oliver So, adestrador da Cão Cidadão. “Dessa maneira, o animal já estará mais acostumado com aqueles barulhos.”

Na noite de Réveillon
Mas, se você não tem muito tempo até a virada, uma possibilidade na noite de ano-novo é escolher um cômodo mais fechado e reservado da casa. Oliver recomenda ligar música ou TV, para tentar abafar o som dos fogos. “Crie um ambiente bastante agradável ao cão, com água, comida, brinquedos e ventilação”, orienta. Tenha muito cuidado com lugares abertos ou mesmo espaços cercados ao ar livre. Já o especialista em comportamento animal, Ricardo Tamborini, acredita que ligar aparelhos eletrônicos ou deixar a luz acesa não ajuda. “Os cães sentem-se mais seguros em locais pouco iluminados e o mais silencioso possível”, afirma.

É importante não forçar o animal a ver os fogos nem deixá-lo sozinho, pois ele pode acabar se machucando ao tentar fugir – por exemplo, quebrando uma porta de vidro para escapar. “A imersão, técnica que expõe o cão ao estímulo em quantidade muito grande de uma vez, pode fazer muito mal ao animal”, afirma Oliver. “Um cão que se assusta pode querer fugir de qualquer forma”, alerta. Por isso, supervisione sempre os bichinhos e, se precisar, use guias e coleiras em bom estado, além de colocar uma plaquinha de identificação com seus contatos.

Por outro lado, mimar o cãozinho também não é uma boa opção. Pegar no colo, acariciar ou permitir que ele o siga pela casa podem ser atitudes prejudiciais. “A maioria dos donos, por dó, pensa que está acalmando e trazendo tranquilidade ao pet, mas, ao contrário, essa atitude é um reforçador, pois o pet está sendo recompensado por apresentar medo”, explica Ricardo Tamborini.

Seja qual for o animal, (os gatinhos também podem ficar assustados), o importante é fazer um treinamento gradual o ano todo

Seja qual for o animal, (os gatinhos também podem ficar assustados), o importante é fazer um treinamento o ano todo

Em casa de amigos ou viagens
Se você for festejar em locais estranhos para o cão, leve a cama e os brinquedos dele e fique perto de seu bichinho. “Só de ir para um lugar novo, o animal já fica mais estressado, e esse estresse pode aumentar com os fogos”, diz o adestrador da Cão Cidadão.

Ricardo Tamborini recomenda deixar o animal em um local silencioso na hora dos fogos, longe de pessoas e outros cães. “Você pode abrigá-lo em uma caixa de transporte de tamanho adequado, cobrindo com algum tecido escuro, ou colocá-lo em um quarto escuro. É algo difícil e que faz os donos sentirem pena, mas é dessa forma que naturalmente age um animal na natureza quando está com medo”, afirma o especialista em comportamento animal. Ele explica que em situações de medo ou depois de levar uma boa bronca, o cão pode procurar abrigo em algum local escuro e tranquilo, como por exemplo embaixo da mesa ou atrás do sofá. “Isso acontece porque, diferentemente dos humanos, os cães naturalmente sentem-se seguros em locais escuros, pequenos e tranquilos.”

Truque do pano funciona ou é mito?
Uma técnica que viralizou recentemente na internet é enrolar uma faixa ou tecido no corpo do animal em pontos estratégicos. “O grande problema é que essa técnica tem sido difundida como a solução, mas na realidade ela só funciona em alguns casos”, diz Ricardo. “Isso é para que a circulação sanguínea das regiões extremas do corpo seja estimulada, amenizando as tensões localizadas no dorso do animal e diminuindo a sua irritabilidade”.

No geral, cães já em nível de pânico não terão qualquer tipo de reação ao passarem por essa técnica, segundo o especialista. Oliver ainda recomenda testar a eficácia previamente em situações estressantes para o cão. “O mais importante é atar da maneira correta e não machucar o cão, prendendo muito forte ou na posição errada”, avisa. O que pode ocorrer nesses casos, se não houver supervisão, é o cão rasgar as faixas a fim de retirá-las ou até mesmo ficar mais irritado. Ricardo também alerta para o mito do algodão no ouvido do cachorro, caso ele esteja sozinho: “É um objeto estranho, que causa ainda mais desconforto no animal”.

Durante o ano todo
Se você ainda tem tempo antes do Réveillon, associe, gradualmente, os barulhos dos fogos a petiscos e outras coisas agradáveis ao seu animal, como brinquedos e atividades legais. Essa é a técnica de dessensibilização, que “funciona muito bem porque respeita os limites do cão, fazendo a apresentação dos barulhos de forma controlada e aumentando pouco a pouco”, segundo o adestrador Oliver. “Ao menor sinal de desconforto do bichinho, devemos regredir para ele voltar a tolerar”, ensina.

No entanto, não se pode recompensar um animal no momento em que ele apresenta medo, de acordo com Ricardo Tamborini. Ele dá a dica de ignorar e fingir que está tudo bem se o pet apresentar algum sinal de medo, pois o cão se espelha em seu dono.

Se fizer essa apresentação logo que o cão é filhote, até em torno dos quatro meses de idade, é muito mais fácil. Com cães adultos, cada um vai responder em um tempo, de acordo com a sua sensibilidade e experiências anteriores. O tutor pode começar a treinar logo no começo do ano e, se perceber que o cão está evoluindo rápido, fazer com menos frequência ao longo dos meses. Por outro lado, se o animal estiver demorando para demonstrar uma evolução, os treinos devem ser intensificados.

O ideal é trabalhar a técnica gradualmente no decorrer do ano e nunca deixar para ajudar o pet a superar esse problema muito próximo às festas. O treinamento leva tempo e varia de acordo com o nível da fobia de cada animal. E vale lembrar: há fogos em outras situações além do Réveillon, como em campeonatos de futebol e festa junina.

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Jornalista

Fábio Brito

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