Você está preparado para adotar um cachorro?

Muita gente tem vontade de ter um bichinho de estimação, e a adoção é uma das formas mais legais de realizar esse sonho. Mas adotar requer muitas responsabilidades e você precisa estar preparado para todas elas. Em primeiro lugar, é importante ter noção de que um cão pode viver até 15 ou 20 anos e que serão necessários cuidados com ele independentemente das mudanças na sua rotina. “A garantia do bem-estar do animal é de total dever do seu tutor. Ou seja, ao adotar um animal, a pessoa deve estar comprometida com ele por muitos anos”, diz a médica veterinária Joice Peruzzi, que atua com comportamento animal e é responsável pelo programa de adoção e ressocialização de cães com perfil agressor em Porto Alegre (RS).

Você também deve imaginar como um animal entraria no seu dia a dia e se ele se adaptaria ao seu estilo de vida. “Caso você seja mais quieto e caseiro, um gato calmo ou um cão mais maduro podem ser interessantes. Por outro lado, se tiver mais tempo disponível e gostar de atividades ao ar livre, um cão ativo pode ser um excelente companheiro”, indica Joice. Na ONG de adoção Clube dos Vira-Latas, por exemplo, quem procura um cãozinho para adotar passa por uma entrevista para que a ONG entenda qual o tipo de comportamento a pessoa procura no animal e o ambiente que o cão vai encontrar no novo lar.

É preciso lembrar que diferentemente de outras espécies mais independentes, os cachorros são animais que requerem atenção frequente. “Eles apresentam particularidades de comportamento de acordo com a raça. Entretanto, qualquer cão tenderá a sofrer mais do que outros pets com ‘ansiedade por separação’”, explica Hilka Neves, médica veterinária do hospital veterinário Pet Care.

Especialista em comportamento animal, a médica veterinária Carolina Rocha, fundadora da Pet Anjo, concorda. “Em geral, nenhum animal gosta de passar o dia todo sozinho. Se acontece às vezes, tudo bem. Mas quando isso vira regra acaba se tornando um problema”, diz. Ela lembra que é preciso ter tempo e disponibilidade para algumas tarefas básicas como alimentar, limpar o cantinho das necessidades fisiológicas e arrumar o lugar em que ele dorme. Os cães também gostam de brincar, passear e interagir com os donos. “Você precisa estar disposto e ter algum tempo disponível para suprir todas estas necessidades”, afirma.

Quem tem menos tempo, mas pode pagar para que alguém ajude a cuidar do pet, leva vantagem. Existem profissionais que são contratados para passear com os cães, por exemplo. Mas ficar alguns momentos com seu bichinho de estimação é algo fundamental, e você precisa pensar bem se terá esta disponibilidade antes de adotar um.

De acordo com Carolina, antes de adotar um cão também é interessante estudar as características do animal. “Muitas vezes as pessoas adotam ou compram por impulso. Acham ‘bonitinho’ ou ‘fofo’ e não percebem que esta é uma decisão que vai impactar a vida por muitos anos”, afirma. Por isso, a especialista aconselha que o aspirante a tutor leia sites especializados, consulte médicos-veterinários e até procure cursos que possam ajudá-lo a entender mais sobre a espécie e a raça. “É sempre interessante ir mais a fundo e consultar profissionais”, aconselha.

Todos concordam?
Outro ponto importantíssimo é saber com antecedência se todos da sua casa estão de acordo com isso. Por mais que você seja o tutor e o responsável direto por ele, a chegada de um animal vai impactar na vida de todos que moram com você. “Ao ser adotado, o cão passa a fazer parte da família, então é preciso que todos tenham essa consciência. Isso vale também para empregados e diaristas”, afirma Vicente Define, vice-presidente da ONG Cão Sem Dono, que promove a adoção de animais.

Além disso, você precisa avaliar qual é a sua tolerância à bagunça. Se você ou seus familiares não aguentam nada fora do lugar em casa, é melhor repensar a ideia de adotar um cãozinho. “Um animal vai fazer uma pequena bagunça, vai mudar o ambiente da casa. Tem o risco de ele morder móveis, por exemplo. Se a pessoa não consegue conviver com isso, não vai dar certo”, acredita Carolina.

Precisa ter muito dinheiro?
Ninguém necessita ser rico para adotar um cachorrinho, mas você deve ter consciência de que esses animais requerem alguns gastos, principalmente em relação à alimentação adequada e à saúde. “É preciso ter condições financeiras para arcar com isso. Os gastos quando um animal fica doente podem ser elevados”, afirma a veterinária. Para quem tem uma renda mais baixa, ela aconselha que seja feito um seguro de saúde para o cão ou que a pessoa guarde um pouco de dinheiro todo mês, criando uma espécie de “fundo”. “Os custos com a saúde do animal podem ser muito altos, é preciso se programar”, avisa.

Perguntas para se fazer antes de adotar
Se as respostas para todas elas forem “sim”, você pode se considerar preparado. As questões foram listadas por Helena Truksa, bióloga especialista em comportamento de animais da Ethos Animal.
– Tenho condições financeiras para as despesas veterinárias, alimentação e higiene adequadas ao pet?
– Estudei a fundo as características e necessidades da espécie animal que estou adotanto?
– Serei capaz de suprir as necessidades físicas e psicológicas do bichinho?
– A decisão de levar um cão para casa foi planejada com antecedência e discutida com os outros membros da casa?