Muito se fala sobre a relação da geração Millennial com o trabalho, mas poucos foram atrás de entender, de fato, como estes profissionais encaram o trabalho e, mais que isso, que sentido ele tem para suas vidas. Para compreender melhor a cabeça destes profissionais, a 99Jobs, plataforma online de relacionamento com o trabalho, realizou há dois anos uma pesquisa para saber qual o sentido do trabalho para este público.
Realizado em parceria com a Oficina da Estratégia, o estudo ouviu 1.625 pessoas, sendo 91% dos respondentes da geração Millennial, com maior concentração em jovens de 23 a 27 anos. De acordo com Eduardo Migliano, cofundador da 99Jobs, o objetivo do estudo foi conhecer qual a melhor forma de se comunicar com os jovens e o que empresas estão fazendo isso.
“A maior conclusão do estudo é que as organizações precisam rever seus propósitos diante daquilo que oferecem”, afirma. O que a pesquisa mostrou com clareza é que não é mais possível conquistar um bom profissional com base apenas no salário ou nos benefícios. É preciso demonstrar a possibilidade de tornar o mundo um lugar melhor. “É isso que dará ao jovem profissional o prazer de acordar na segunda-feira”.
Do total pesquisado, 81% trabalha há mais de dois anos e 53% já passaram por mais de quatro empresas. Um dos pontos que a pesquisa tentou identificar foi o perfil de empresa em que estes jovens gostariam de trabalhar nos próximos anos: 41% dos entrevistados disse procurar uma empresa ou instituição mais flexível, citando como exemplo empresas como incubadoras de negócios; 32% pretendem empreender; 17% buscam empresas tradicionais; e 8% procuram ONGs ou instituições ligadas a alguma causa.
Outro destaque da pesquisa foi como estes jovens definem o trabalho. Para 38,5% deles, o trabalho está ligado ao conceito de empregabilidade e carreira, e é definido pela frase: “por meio de projetos e performance, construo minha carreira. Sou o empreendedor individual da minha trajetória profissional”. Com quase o mesmo percentual, 37,6%, está a definição de que o trabalho é prazer: “é uma forma de expressão que contribui para construção da minha identidade. É um fim em si mesmo e, por isso, não há tanta necessidade de reconhecimento externo (salário, status etc.)
Bem abaixo, com 16,2%, vem a definição de que o trabalho está ligado ao emprego e, por isso, trata de uma relação de troca motivada pelo interesse econômico. Para 4,1% dos respondentes o trabalho é um meio para obtenção de satisfação via objetos de consumo. E, por fim, 3,5% acreditam que o trabalho é dever, um papel a ser cumprido.
Provocados a dizer o que seria mais importante que o trabalho, os respondentes da pesquisa apontaram a família, os amigos, lazer/diversão, religião e comunidade, nessa ordem. Para Migliano, parte dos profissionais não está encontrando o que deseja no mercado e por isso está criando seus próprios empregos, abrindo novas empresas ou apenas atuando como free lancers. “São profissionais que preferem trabalhar de casa, sem a pressão de um chefe, e se organizando de acordo com a demanda do mercado”, explica.
Por outro lado, o mercado conta hoje com uma tremenda gama de oportunidades, com diversas opções de tipos de trabalho, o que dá ao jovem a liberdade de seguir aquilo em que ele acha ser melhor. Resumindo a pesquisa, Migliano aponta os três principais atributos detectados nos jovens profissionais:
• Ele tenta sair da zona de conforto por isso a troca constante de trabalho;
• Ele precisa se conhecer e por isso, precisa de feedbacks constantes e se informar mais;
• Ele está tomando mais decisões baseadas no coração e menos na razão e, com isso, criando novos tipos de carreira.
Perfil de trabalho: atual x desejado
Empreendedor/dono do próprio negócio – atual: 8,9% / desejado: 32,2%
Trabalho em ONGs – atual: 3,3% / desejado: 8,1%
Trabalho em empresas tradicionais – atual: 49,7% / desejado: 17,4%
Trabalho em empresa flexível: – atual: 22,8% / desejado: 40,9%
Fonte: 99Jobs