Nesta era de constantes transformações, na qual a tecnologia facilita o acesso ao trabalho em qualquer lugar e a qualquer hora, desempenhar uma função que traga algum tipo de realização pessoal está se tornando cada vez mais importante para os profissionais. Salários e outros benefícios financeiros não são mais as principais motivações.
“Parafraseando a especialista americana em liderança Tammy Ericksson, ‘the meaning is the new money’. Ou seja, a motivação é mais importante do que o dinheiro”, afirma o consultor de carreira André Caldeira, CEO da empresa de gestão de talentos Propósito, de Curitiba (PR). Ele diz que a remuneração funciona como condição de entrada nas empresas. Mas o que irá determinar a permanência do profissional é poder usar sua competência para realizar algo construtivo, sentir-se desafiado e em constante crescimento.
É exatamente o que mostra o estudo Culture and engagement: The naked organization, divulgado em fevereiro pela University Deloitte, nos Estados Unidos. O relatório listou os fatores que mais contribuem para o engajamento dos funcionários em empresas e projetos. A experiência, o desafio e o significado das atividades desenvolvidas estão no topo desta lista. A maioria dos entrevistados disse que é mais motivado pela paixão do que por ambição de subir na carreira. “O profissional precisa sentir que seu trabalho faz a diferença para ele, para a companhia e para a sociedade”, diz Caldeira.
Empresas e colaboradores engajados
As companhias estão cada vez mais em sintonia com essa necessidade de seus colaboradores, segundo o estudo mundial Trends in Global Employee Engagment, patrocinado pela empresa inglesa de recursos humanos Aon Hewitt.
Foram ouvidos cerca de 8 milhões de profissionais de 68 empresas em 164 países, de 2010 a 2014. O engajamento dos funcionários foi considerado prioritário para 87% das empresas entrevistadas. Destas, 67% já estão revendo suas estratégias para fazer com que seus times, genuinamente, “vistam a camisa”, pois a cada 5% de aumento no engajamento dos profissionais, a empresa obtém 3% a mais de lucro. “Cultura e liderança são os fatores determinantes para criar engajamento. A cultura diz respeito a mudar e alinhar pessoas, programas e infraestrutura para promover um consistente conjunto de crenças, decisões e comportamentos nas organizações. A liderança demonstra o valor do capital humano, a conexão entre as pessoas e a missão das empresas”, escreveram os autores do relatório.
Para manter os colaboradores satisfeitos, sentindo-se parte importante do negócio, os gestores precisam, cada vez mais, atuar como agentes de engajamento, como explica Ana Claudia Reis, sócia da Caldwell Partners, empresa de recrutamento e seleção de executivos. “As melhores formas de fazer isso são dando oportunidades de aprendizado e crescimento, como participação em projetos interdisciplinares, acesso a novas tecnologias e experiências internacionais”, sugere Claudia. A especialista cita como exemplos as empresas de tecnologia, que, segundo ela, se tornaram sonho de consumo de muitos profissionais por levarem a sério o ‘espírito de pertencimento’. “As pessoas se engajam em ambientes nos quais encontram valores parecidos com os seus, que estão de acordo com aquilo em que acreditam”, afirma.