“Trabalho é algo que se faz, não um lugar para onde se vai”. A frase do arquiteto André Brik, autor do livro Trabalho Portátil, torna-se cada vez mais verdadeira à medida que as formas de comunicação entre os profissionais se diversificam. Um estudo realizado pelas consultorias Pierre Audoin Consultants e Computacenter mostrou que 30% do trabalho já está sendo feito fora do ambiente corporativo, seja em casa, durante viagens de negócio ou em espaços colaborativos. Smartphones, laptops e tablets acabaram com os limites para a comunicação.
No Brasil, 56% dos profissionais já trabalham de casa pelo menos em algum momento e a maioria checa e-mail e atende ligações corporativas fora do horário comercial. É o que mostra outro estudo, intitulado Global Evolving Workforce, realizado pelas empresas de tecnologia Dell e Intel, do qual participaram cerca de 5 mil profissionais de pequenas, médias e grandes empresas em 12 países.
A era do relacionamento
Nesse novo contexto, a “inteligência social” torna-se fundamental. Essa capacidade de se relacionar com pessoas de diferentes áreas, hierarquias e culturas está entre as habilidades listadas como indispensáveis aos profissionais da era da digitalização no relatório Future Work Skills in 2020 (habilidades para o trabalho em 2020, em tradução livre), elaborado pelo Instituto do Futuro, organização não governamental americana que estuda tendências em inovação.
A capacidade de integração é especialmente importante quando profissionais trabalham em equipe, a distância. “O contato on-line impossibilita a comunicação informal que acontece em trabalhos feitos no mesmo ambiente. Conversas no café e outras interações que não têm relação direta com o trabalho aumentam o vínculo entre as pessoas”, diz Josephine Hofmann, autora de um estudo sobre gerenciamento do trabalho nas empresas, financiado pela organização não governamental alemã Bertelsmann Foundation. Profissionais que possuem inteligência social têm mais facilidade para captar as emoções e necessidades dos que estão ao seu redor (mesmo que virtualmente) e adaptar-se ao grupo. “Isso fortalece o espírito de equipe, fundamental ao sucesso de qualquer projeto”, diz Hofmann.
A mesma revolução tecnológica que facilita a troca de ideias e interação a distância também favorece a dispersão. Os líderes de times virtuais precisam ser capazes de desenvolver estratégias para engajar e motivar o grupo – o que também demanda inteligência social. Assim como a capacidade de priorizar tarefas e decidir o que tem de ser resolvido imediatamente e o que pode ser deixado para depois, já que o trabalho estará disponível em qualquer lugar e a qualquer hora.
Sem fronteiras
Outra característica imprescindível ao profissional da era digital é a chamada “competência cross-cultural”. Essa capacidade de se adaptar a diferentes contextos é vista pelas empresas como um potencial para trazer inovação. Especialistas no assunto defendem que uma equipe inteligente e inovadora deve combinar pessoas de diferentes idades, áreas de atuação, habilidades e estilos de trabalho de pensamento.
Um estudo da Universidade de Michigan demonstrou que grupos cujos integrantes possuem perspectivas e habilidades diferentes funcionam como experts na resolução de problemas e geração de ideias inovadoras. O profissional do futuro deve ter a capacidade de identificar-se e comunicar-se com pessoas com especializações, valores e prioridades diferentes das suas. E trabalhar em conjunto de maneira eficiente.